Melhor forma de clonar plantas de canábis
Recriar flores exuberantes não é uma habilidade exclusiva dos floristas. É, na verdade, uma competência fundamental que todos os cultivadores de canábis devem dominar. Este artigo foi elaborado para o ajudar a iniciar-se na clonagem das suas variedades preferidas de canábis.
O que é a clonagem?
Clonar ou fazer estacas de plantas de canábis é, tecnicamente, um método de propagação assexuada. Simplificando, é como fazer uma cópia fiel da planta. Tal como acontece com muitas outras espécies – incluindo as rosas do jardim da avó – a canábis pode ser facilmente replicada. Este é um procedimento habitual e conhecido pela maioria dos jardineiros experientes.
Os clones são cópias exatas, mas têm a mesma idade da planta-mãe de onde foram retirados. Através do processo de clonagem, evitam-se as variações genéticas naturais da reprodução sexual, garantindo que a qualidade se mantém consistente ao longo dos anos. Existem casos documentados em que clones foram propagados consecutivamente até 50 vezes, mantendo sempre o mesmo nível de qualidade – desde que, claro, sejam obtidos de plantas saudáveis.
Porque clonar uma planta de canábis?
Clonar cannabis apresenta três grandes vantagens:
1) Preservação genética – Seleccionando uma planta-mãe com o fenótipo ideal, é possível replicá-la indefinidamente através de clones. Assim, qualquer variedade pode ser cultivada de forma consistente, eliminando surpresas desagradáveis em cada colheita. Basta escolher cuidadosamente a planta-mãe e mantê-la em fase vegetativa. Foi em parte graças à clonagem que o lendário Exodus Cheese perdurou através dos tempos.
2) Rotação de culturas – A técnica da clonagem também permite uma rotação eficiente: enquanto um lote de clones floresce, outro já está em crescimento vegetativo. Esta abordagem é ideal para manter colheitas contínuas sem necessidade de manter sempre uma planta-mãe; basta tirar estacas antes de iniciar o ciclo de floração para garantir que o próximo conjunto de clones já está a enraizar. Repita o processo e assegure uma produção ininterrupta.
3) Melhoramento genético – Dependendo dos teus objectivos, talvez penses em cruzamentos ou melhoramento de cannabis no futuro. Muitas das melhores plantas para reprodução provêm justamente de clones comprovados e fiáveis.
Naturalmente, a clonagem de cannabis exige dois espaços de cultivo. Atualmente, a maioria dos cultivadores opta por uma tenda grande para as plantas adultas e uma pequena estufa para as estacas. Mais adiante, iremos explorar as melhores condições para clonar e apresentar várias soluções possíveis.
Guia passo a passo para fazer clones
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Escolha uma planta-mãe ou qualquer outra que ainda esteja em fase de crescimento vegetativo – Esta seleção é fundamental. Observe cuidadosamente as plantas de canábis e opte apenas pelas que revelam as melhores características: crescimento vigoroso, floração rápida, potência e produtividade elevada são essenciais.
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Prepare o material necessário – Uma tesoura afiada e esterilizada (tesouras de poda), um frasco de gel de enraizamento, um substrato adequado e um propagador são suficientes. Esqueça o bisturi, a menos que seja mesmo cirurgião. Quanto mais simples, melhor e mais seguro.
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Corte um ramo – Com as tesouras, retire um ramo saudável da planta-mãe. Limpe o ramo por completo. Os ramos inferiores que normalmente são retirados para melhorar a circulação de ar podem ser aproveitados para clonagem. Esta parte da planta tende a enraizar com facilidade e, mesmo que não resulte, a planta-mãe continuará a fornecer outros ramos para tentar novamente. Sai sempre a ganhar.
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Prepare os clones – Remova o excesso de caule e folhas. Tente que o clone não ultrapasse os 10cm, para facilitar o manuseamento e encaixe no propagador. Faça o corte abaixo de um nó, num ângulo de 45 graus, para maximizar a área de enraizamento. Em seguida, mergulhe rapidamente a extremidade cortada no gel de enraizamento e mantenha durante cerca de 3 segundos.
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Faça o transplante – Com um lápis ou prego, abra um pequeno buraco num vaso já com solo húmido, de preferência dentro de um propagador. Plante cuidadosamente o clone nesse buraco, pressione ligeiramente a terra ao redor e regue se necessário.
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Retire parte das folhas restantes – Corte cerca de um terço das folhas maiores. Deixe de encarar o ramo como apenas um ramo: agora é uma microplanta, por isso faça este desbaste como parte da poda inicial. Em 1 a 3 semanas os clones devem criar raízes. É assim que se faz a clonagem tradicional de canábis.
Clonagem pouco convencional: Monster cropping
Fazer estacas de plantas de canábis já em floração não é aconselhável para principiantes. No entanto, para quem já tem alguma experiência em clonagem, vale bem a pena experimentar. Monster Cropping é o termo utilizado para descrever o processo de retirar clones de plantas cerca de 30 dias após o início da floração. O método base é semelhante ao tradicional explicado anteriormente.
Não é por acaso que lhe chamam Monster Cropping. Estes clones distinguem-se dos restantes — são verdadeiros “monstros”. Uma vez enraizados e revertidos para o estado vegetativo, desenvolvem um crescimento lateral intenso e ramificação densa, semelhantes a uma planta com topos múltiplos. As folhas podem apresentar mutações e a ramificação, apesar de abundante, raramente é simétrica. Pode não ser a planta mais elegante, mas na altura da colheita estará repleta de flores.
Como cuidar dos seus clones de canábis
Durante a primeira semana, é fundamental garantir que as clones se mantenham sempre húmidas. O ideal é aplicar regularmente um fertilizante foliar; pode fazê-lo pulverizando as folhas com um atomizador onde tenha dissolvido uma colher de chá de emulsão de peixe por cada litro de água. Após cada aplicação deste fertilizante, lembre-se de borrifar as folhas com água limpa para remover quaisquer resíduos e manter as plantas saudáveis.
Ao fim de 10 a 14 dias, deverá começar a notar as primeiras raízes a sair pela base dos vasos. Se estiver a usar vasos pequenos, este é o momento de retirar as clones do propagador e transferi-las para o solo definitivo. Já em vasos maiores, pode aguardar mais algum tempo até que as plantas ganhem mais dimensão. DICA: antes de transplantar, molhe bem os vasos para que as raízes ainda jovens cresçam facilmente através do substrato húmido.
Dê prioridade ao transplante apenas das clones mais vigorosas. Se estiver a cultivar várias genéticas, identifique cada planta desde o início para evitar confusões. Assim que as clones possuírem raízes bem desenvolvidas, podem ser transferidas para vasos maiores (com 10 a 20 centímetros de diâmetro).
Substrato de cultivo
Os cubos de enraizamento são a melhor escolha para começar, já que facilitam a transplantação para qualquer substrato final. Também pode plantar directamente em terra ou fibra de coco, mas opte por recipientes pequenos, entre 0,5 e 2 litros. Não se esqueça: o substrato deve estar húmido, mas nunca encharcado.
Se preferir, pode preparar vasos de turfa manualmente:
- 1/3 de composto (retém bem a humidade e fornece alguns nutrientes)
- 1/3 de terra especializada para sementes ou estacas
- 1/3 de perlita (ajuda na aeração da mistura)
Preencha os vasos com a mistura, assegure-se de que está bem húmida e coloque as plantas sob uma luz para atingirem a temperatura adequada. As estacas já enraizadas necessitam mais de calor do que de luz para desenvolver o sistema radicular. Mantenha a temperatura das raízes acima dos 20 °C, sendo ideal perto dos 25 °C. Pode utilizar um tapete térmico para solo ou aumentar um pouco a temperatura ambiente. Para monitorizar, use termómetros de aquário (custam cerca de 2-3 euros cada). Dica: ao comprar, compare vários termómetros lado a lado e escolha apenas aqueles que apresentam valores semelhantes.
Vasos de turfa vs. lã de rocha
Existem também pequenos blocos de lã de rocha que podem ser usados como meio para estacas. Estes não têm vantagens notórias face à turfa, são bem mais caros, têm um impacto ambiental negativo (demoram muito a decompor-se) e convém utilizá-los logo após a preparação. No entanto, tornam o transporte de clones mais fácil e seguro; mesmo que os deixes cair, dificilmente se danificam — algo impossível com plantas em turfa. Também são mais práticos e rápidos de usar. Basta colocá-los sobre uma cama de perlita, permitindo a circulação de ar por baixo, e molhá-los com água misturada com hormona de enraizamento. A lã de rocha é excelente para quem cultiva em hidroponia. Os blocos já vêm perfurados de origem — é só inserir as estacas. Pressiona ligeiramente para garantir que ficam direitas.
Insere as estacas nos vasos de turfa ou blocos de lã de rocha e pulveriza uma vez as clones com água enriquecida com hormona de enraizamento. Um litro chega para várias pulverizações nas primeiras 48 horas. A hormona penetra nas células do clone — e já está! Se preferes métodos totalmente naturais, podes usar ramos de salgueiro para extrair hormona de enraizamento, ou até molhar a base da estaca na tua própria saliva, que também ajuda.
Nutrientes
Se utilizares cubos para enraizamento, deves regar moderadamente. Estes normalmente já possuem nutrientes suficientes para que clones e plântulas desenvolvam raízes eficazmente nas primeiras 1 a 3 semanas de vida.
Luz
Para clones de canábis, o ideal são mais de 18 horas de iluminação fria, seja CFL ou MH. Não é necessário grande intensidade nem potência elevada. Muitos cultivadores verificam que as estacas à sombra parcial da planta-mãe também enraízam sem problemas.
Ambiente
Uma humidade elevada, em torno dos 70%, é o ideal para clones. Temperaturas mais frescas ajudam a reduzir o stress, preferencialmente entre 20 e 25°C. Um parapeito ensolarado pode ser uma boa solução, mas um propagador é um habitat ainda melhor — ocupa pouco espaço e é acessível. Existem modelos modernos com LEDs integrados de baixo consumo, perfeitos para propagar sementes e clones.