O que é a cannabis indica?

Adam Parsons

Jornalista de canábis & redactor na Zamnesia

Adam Parsons

13 Junho 2019

A canábis continua a ser difícil de classificar do ponto de vista botânico. Diversos especialistas tentaram enquadrar e nomear as espécies e subespécies, mas a verdade é que as teorias acabam por ser revistas com frequência. Historiadores e antropólogos conseguiram, no entanto, traçar a origem da planta até à região do Himalaia, há mais de cinco mil anos.

Nesta zona e em vários países do Médio Oriente, existe uma tradição milenar de produção de haxixe. As variedades indígenas de indica, com genética ancestral, ainda são cultivadas atualmente nas montanhas Hindu Kush.

As plantas de tamanho mais compacto, com ramos densos e flores volumosas, que proporcionam um efeito profundamente relaxante, são conhecidas como Cannabis indica. Já as sativas destacam-se pela sua altura e flores mais arejadas, sendo associadas a sensações de energia e elevação mental.

Optámos por não nos prender a apenas um sistema de classificação. Em vez disso, baseámo-nos em décadas de investigação e tendências atuais para criar a nossa própria abordagem.

Considerando a evolução até 2017, resumimos a classificação da canábis em quatro tipos principais: Cannabis sativa, Cannabis indica, Cannabis ruderalis e Cannabis rica em CBD. Todas podem ser cruzadas entre si, pelo que esta divisão facilita a compreensão.

Faz sentido distinguir a Cannabis ruderalis (conhecida como canábis autoflorescente) e a canábis rica em CBD das tradicionais sativa e indica, pois apresentam caraterísticas que as tornam únicas.

Além disso, o trabalho de melhoramento genético e a crescente popularidade da canábis rica em CBD e das autoflorescentes sugerem que, com o passar do tempo, esta classificação será ainda mais confirmada.

Como reconhecer uma planta de Cannabis indica?

A Cannabis índica caracteriza-se por ser normalmente baixa, robusta e apresentar folhas largas de um verde mais escuro. As linhagens puras originárias do Afeganistão exerceram uma enorme influência na cultura contemporânea da cannabis, sendo as responsáveis pelos botões densos que hoje reconhecemos nas variedades de maior qualidade—a herança típica da índica.

Atualmente, cerca de 90% da canábis disponível no mercado apresenta algum grau de genética índica. As puras sativa são verdadeiras raridades, já que o mercado é hoje dominado por híbridos, incluindo cada vez mais combinações com Cannabis ruderalis.

As plantas índica distinguem-se ainda por serem bastante ramificadas e apresentarem entre-nós curtos, o que as torna ideais para o cultivo interior. Para além disso, a técnica SOG mostrou ser mais eficaz quando utilizada com variedades dominantes em índica.

Outra característica marcante das índica são as suas folhas: apresentam normalmente 3, 5 ou até 7 dedos largos, um sinal claro da presença destas plantas em qualquer cultivo. Por oposição, as sativa costumam apresentar tonalidades de verde mais claras e dedos visivelmente mais finos.

Durante a floração, as plantas índica tendem a sofrer muito menos alongamento do que as sativa. No exterior, raramente ultrapassam os 2 metros de altura; em interior, é habitual não irem além de 1 metro. O seu desenvolvimento é mais arredondado, formando arbustos densos e ramificados, ao contrário das sativa, que crescem normalmente de forma vertical, como se fossem trepadeiras.

Como cultivar uma índica

Para quem está a começar, é frequentemente recomendado optar por sementes de cannabis indica feminizadas. E com razão. Como referido acima, as variedades índica adaptam-se melhor ao cultivo em interior e a métodos como o SOG do que as sativas puras. As indicas florescem mais rápido, produzem mais, e exigem menos cuidados do que, por exemplo, uma variedade Haze, que tende a ser mais imprevisível e difícil de controlar.

Nutrir plantas indica é geralmente simples. Ao contrário das sativas, as indicas têm tendência para consumir mais nutrientes—embora haja exceções. Ter uma variedade resistente e robusta ajuda muito, especialmente para quem está a dar os primeiros passos.

O período de floração das indicas é normalmente inferior a 8 semanas, sob um ciclo de luz de 12 horas de luz e 12 de escuridão. Em comparação, algumas Haze podem demorar 14 semanas ou mais a estar prontas para a colheita.

O maior risco, tanto no interior como no exterior, ao cultivar variedades puras ou dominantes em indica é o apodrecimento dos topos florais. Bolores e fungos podem comprometer por completo as densas flores destas plantas.

O ciclo de floração curto das indicas geralmente protege contra este problema. No entanto, ao cultivar em estações frias ou fora da época habitual, elimine os riscos adicionais. No cultivo interior, baixe a humidade relativa na fase final da floração para evitar complicações.

Quais são os efeitos de uma indica?

O termo “couchlock” é frequentemente associado às flores de canábis indica. Esta variedade caracteriza-se por proporcionar um efeito físico intenso, ao contrário da energia cerebral típica da sativa. A maior concentração de CBD nas plantas indica, em comparação com os mínimos vestígios — ou mesmo ausência — nas sativas, desempenha um papel determinante nestes efeitos.

Devido a estas características, a indica destaca-se pelas suas valiosas propriedades medicinais. Foi precisamente esta particularidade que deu origem à nova geração de canábis com elevado teor de CBD, própria do século XXI. Para quem procura relaxar, consumir indica para fins recreativos é sinónimo de descontracção. À noite, a indica pode ser perfeita para garantir uma boa noite de sono.

As variedades indica mais potentes, com níveis de THC extraordinariamente elevados, podem ser bastante intensas e deixar o consumidor sedentário — literalmente “agarrado ao sofá”. Curiosamente, a vontade de petiscar (conhecida como munchies) é notória tanto nas indicas de alta qualidade como nas sativas.

Apesar do reconhecido valor medicinal das indicas, também proporcionam uma forte sensação de euforia típica do consumo recreativo. Para muitos utilizadores de canábis medicinal, as variedades ricas em CBD, com um equilíbrio ideal entre THC e CBD, são a opção mais recomendada.