O que são os flavonoides?

Luke Sumpter

Jornalista especializado em canábis e investigador em ciências da saúde

Luke Sumpter

13 Junho 2019

Os flavonoides estão abundantemente presentes em frutas e legumes, além de se encontrarem em inúmeras outras espécies vegetais. Classificados como metabólitos secundários, desempenham um papel relevante no desenvolvimento e sobrevivência das plantas. Embora muitas vezes não se fale tanto deles, são compostos essenciais para a saúde dos vegetais. Em termos científicos, são conhecidos como fitoquímicos, ou seja, químicos de origem vegetal. Já foram identificados pelo menos 6.000 tipos diferentes de flavonoides e, atualmente, também existem flavonoides sintéticos desenvolvidos em laboratório.

A canábis é uma das plantas que contém flavonoides, principalmente nas flores, mas também nas folhas e nos caules. As sementes de canábis e as raízes não possuem estes compostos. Existem 23 flavonoides exclusivos da canábis, que recebem o nome de “cannaflavinas”.

Canabinoides como o THC e, mais recentemente, o CBD tornaram-se nomes familiares. Com o avanço das investigações, outros compostos presentes na canábis têm merecido destaque: terpenos, terpenoides e flavonoides têm sido alvo de maior atenção e análise científica.

A importância dos flavonoides

Os flavonoides têm diversas funções no desenvolvimento das plantas; são responsáveis, por exemplo, pela coloração das flores que atrai insetos para a polinização, filtram a radiação UV, contribuem para a fixação de azoto, ajudam na proteção contra pragas e fungos, entre outros papéis importantes. No caso específico da canábis, os flavonoides destacam-se sobretudo por influenciarem o aroma e o sabor de cada variedade.

Os flavonoides não têm efeito psicoativo. No entanto, acredita-se que, à semelhança do CBD, possam potenciar um efeito sinérgico quando combinados com o THC, contribuindo para o chamado “efeito entourage”. Além disso, como fazem parte da família dos fitonutrientes, não é de surpreender que possuam propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias, antibacterianas e antivirais relevantes.

Os cannaflavinas mais comuns

Actualmente, já foram identificados 23 flavonóides cannaflavinas. De seguida, explicamos porque é que os flavonóides e as cannaflavinas mais comuns são especialmente benéficos para os consumidores de canábis.

• APIGENINA

A apigenina é um flavonoide de cor presente em vários frutos e vegetais, como cebolas e laranjas. É amplamente utilizada em diferentes indústrias para o tingimento de têxteis. Este composto tem sido alvo de numerosos estudos em animais, mostrando potencial significativo para aplicações na medicina humana. Investigações realizadas em ratos e ratinhos demonstraram que a apigenina apresenta propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e anticancerígenas. Os resultados mais relevantes foram a capacidade deste flavonoide suprimir o crescimento de tumores observada nos estudos com roedores.

• QUERCETINA

  A quercetina é um flavonoide frequentemente referido como o "ingrediente secreto" de superalimentos como maçã, mirtilo, brócolo e tomate. Este composto, presente em frutas e legumes de cores vivas, destaca-se pelas suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. Dietas ricas em quercetina têm sido associadas a efeitos de longevidade e benefícios antienvelhecimento nas pessoas. Por esse motivo, a quercetina é comummente incluída em suplementos desportivos, já que se acredita ajudar a aumentar a resistência física.

  • Cannaflavina A, B e C

  Os cannaflavinas A e B foram isolados na década de 1980 pela Dr. Marilyn Barrett e a sua equipa, que publicaram os resultados das suas pesquisas em junho de 1985. Em estudos, a cannaflavina A revelou ser 30 vezes mais eficaz do que a aspirina. No entanto, a cannaflavina B e a cannaflavina C, esta última isolada em 2013, ainda necessitam de mais investigação para se perceber e avaliar plenamente o seu potencial terapêutico.

  • β-sitosterol

  

  A beta-sitosterol é um fitoesterol presente em frutas, legumes, frutos secos e sementes. Curiosamente, também serve de precursor para esteroides anabolizantes. Segundo a Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA), alimentos que contêm beta-sitosterol podem ajudar a reduzir o risco de doenças cardíacas, uma vez que diminuem os níveis de colesterol no sangue. Além disso, o beta-sitosterol tem várias aplicações na medicina – desde pomadas para cortes e queimaduras até à prevenção do cancro do cólon.