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Os líquenes alucinogénicos esquecidos
2 min

Os líquenes alucinogénicos esquecidos

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Quando se fala em alucinogénios naturais, normalmente pensamos em cogumelos mágicos, trufas ou ayahuasca. No entanto, estes não são os únicos alucinogénios provenientes da natureza. Na verdade, os líquenes também desempenham um papel relevante neste universo.

O líquene, aquela camada fina de aspecto musgoso que vês a crescer em rochas, árvores e passeios, pode ter propriedades alucinogénias. Curiosamente, costuma passar despercebido. Isto acontece porque se integra facilmente na paisagem. O líquene é extremamente comum, existindo em todos os continentes, mas raramente é notado. No entanto, nem todos os líquenes possuem efeitos alucinogénios. Apesar de serem praticamente omnipresentes, apenas algumas espécies têm a capacidade de provocar essas sensações – por isso, convém saber ao certo o que procurar.

O que é um líquene?

O líquen não é apenas um único organismo. Trata-se, na verdade, de uma relação simbiótica entre um fungo e uma alga. Isoladamente, dificilmente sobreviveriam em muitos ambientes, mas juntos conseguem resistir praticamente a qualquer condição. O fungo funciona como suporte, protegendo, fixando e hidratando a alga, enquanto esta, através da fotossíntese, produz alimento para os dois. Esta colaboração torna o líquen extremamente adaptável e capaz de se dispersar facilmente.

Quais são os líquenes alucinogénios?

Quais são os líquenes alucinogénios e onde podem ser encontrados?

A grande questão para muitos é: que líquenes são realmente alucinogénios, onde crescem e como são utilizados? Antes de mais, é importante referir que a maioria das informações disponíveis sobre estes líquenes provém quase exclusivamente de relatos pessoais, o que dificulta a identificação precisa de cada espécie.

Um exemplar cuja existência está confirmada é o Dictyonema huaorani. Este líquen foi descoberto recentemente na região equatoriana da Amazónia e acredita-se ser extremamente potente. É uma espécie rara ao ponto de não ser usada localmente há gerações. Para os cientistas que exploravam a zona, tornou-se mesmo uma espécie de "unicórnio" – um verdadeiro troféu que procuraram durante anos, sem grande esperança de encontrar. Através de análises laboratoriais, foi possível detectar no líquen compostos como triptamina, psilocibina, 5-MeO-DMT, 5-metoxitriptamina (5-MeOT), 5-MeO-NMT e 5-metoxitriptamina (5-MT) – um verdadeiro cocktail químico!

No entanto, para quem está na Europa, a Amazónia equatoriana parece um destino distante. Mas nem tudo está perdido. Na Islândia, bem mais perto, cresce outro líquen psicadélico – acessível para quem não quer, não pode ou simplesmente não tem paciência para viajar até uma floresta tropical.

Há vários testemunhos recolhidos na Islândia sobre o consumo de um líquen deste tipo, ainda que a identidade da espécie continue envolta em incerteza. Na internet multiplicam-se relatos que apontam diferentes nomes, tratando-os como se fossem todos a mesma coisa. Os mais comuns são Collema Fuscovirens, Parmotrema menyamyaense e Lichen P. Micheli. Saber qual deles está correcto permanece um mistério.

Uma das descrições mais conhecidas sobre o efeito destes líquenes é do escritor islandês Smari Einarsson, que relatou:

“Foi a experiência alucinogénica mais intensa que já tive, e já experimentei quase tudo. [...] DMT, peiote… o que houver. Temos cá cogumelos mágicos que crescem em estado selvagem. Já os comi vezes sem conta. Mas nada se compara ao efeito destas pedras.”

Na verdade, não são as pedras do cenário montanhoso e vulcânico islandês a causar este efeito, mas sim o líquen que nelas cresce! Conhecidas localmente como "pedras mágicas", estas rochas cobertas de líquen são fervidas em água para preparar um chá – cuja infusão terá um sabor terroso e suave. Tal como relatam os habitantes locais, o efeito é bastante intenso, ao ponto de muitos falarem de visões de trolls (não os da internet!).

Estes são apenas alguns dos líquenes de que temos conhecimento. Há todo um mundo psicadélico por explorar – só temos de o descobrir. Boas explorações!

Luke Sholl
Luke Sholl
Luke Sholl dedica-se há mais de dez anos a escrever sobre a cannabis, o potencial dos canabinóides para o bem-estar e os benefícios naturais. Colabora com várias publicações especializadas em canabinóides, produzindo conteúdos digitais diversificados, sempre sustentados por um profundo conhecimento técnico e uma pesquisa rigorosa.
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