Quantas plantas de canábis devo cultivar por metro quadrado?
Ao cultivar canábis, o objetivo é claro: encher o frasco com o máximo de flores volumosas no momento da colheita. Se cultivar plantas a mais ou a menos, pode comprometer os resultados e tornar o processo mais demorado do que o necessário. Misturar várias espécies com padrões de crescimento diferentes pode prejudicar aquelas de porte mais pequeno. No entanto, com algum equilíbrio, é fácil encontrar a fórmula certa para obter grandes colheitas.
Quantas plantas consegue realmente cultivar por metro quadrado de área de cultivo? A resposta não é imediata, pois depende de vários factores importantes.
De um modo geral, o ideal situa-se entre 1 e 8 plantas por metro quadrado. Este intervalo garante o equilíbrio entre diferentes condições essenciais ao desenvolvimento saudável das plantas:
- Um tamanho de vaso adequado para permitir o crescimento das raízes e da planta no seu todo
- Distribuição uniforme da luz por toda a área do cultivo
- Boa circulação de ar em volta do substrato e das plantas
- Facilidade de acesso para a manutenção regular
Tamanho do espaço de cultivo
A dimensão do espaço de cultivo é essencial para definir quantos vasos conseguirás colocar. Consoante a técnica escolhida, poderás optar por muitos vasos pequenos — como acontece num sistema SOG —, ou então por menos vasos maiores, no caso de plantações maiores em setups como ScrOG ou DWC, que, por si só, já requerem mais espaço.
Estilo de cultivo
Dependendo da forma como as plantas são cultivadas, podem exigir diferentes condições de espaço:
- Plantas deixadas a crescer de forma natural ocupam altura e volume
- Plantas treinadas ocupam menos altura, mas requerem mais espaço lateral
- O método SOG utiliza menos área por planta e precisa de menos altura
- O sistema ScrOG requer mais área por planta, mas também menos altura
- Técnicas como topping, fimming e LST reduzem a altura mas aumentam o volume
Seleção de espécies
Ter à disposição várias variedades de canábis traz várias vantagens. Permite-lhe escolher a que melhor se adapta ao seu estado de espírito ou às suas actividades, e variar ajuda ainda a evitar criar tolerância. No entanto, no cultivo, misturar espécies diferentes pode levantar alguns desafios.
Se cultivar plantas altas ao lado de outras mais baixas, as mais pequenas podem acabar por receber pouca luz. Para acomodar as plantas mais altas, é necessário subir a fonte de luz, deixando as mais baixas privadas dos lúmens essenciais para o desenvolvimento dos seus botões. Nestes casos, as técnicas de treino tornam-se especialmente úteis.
Tipos de luzes e intensidade luminosa
A intensidade da luz é um dos principais fatores para definir quantas plantas pode colocar na sua área de cultivo. Quanto maior for a potência da iluminação, maior será a área coberta, permitindo o desenvolvimento de mais plantas. Avaliar a cobertura efetiva da luz irá ajudá-lo a perceber qual o espaço real onde as suas plantas podem crescer com saúde.
Lâmpadas HID — HPS & MH
A área efetiva de iluminação para diferentes potências de lâmpadas de descarga de alta intensidade é a seguinte:
- 150W: 60 × 60cm
- 250W: até 80 × 80cm
- 400W: até 1 × 1m
- 600W: até 1,2 × 1,2m
- 1000W: até 1,5 × 1,5m
Lâmpadas CFL e outras fluorescentes
Estes tipos de fontes de luz têm um alcance muito limitado e só iluminam efetivamente a área imediatamente abaixo das lâmpadas. A distância até à copa das plantas deve ser de apenas 5 a 10 cm, sendo fundamental que a planta inteira permaneça a menos de 30 cm da lâmpada; caso contrário, ficará fora do alcance eficaz da iluminação.
LEDs
A intensidade luminosa dos LEDs depende tanto do tipo de lâmpada (branca, azul, UV, infravermelhos) como da potência emitida. Para garantir a máxima eficiência, siga sempre as recomendações do fabricante.
Intensidade da luz por planta
As tuas plantas continuam a necessitar de uma quantidade mínima de watts ou lúmens por planta para conseguirem desenvolver-se de forma saudável. O recomendado é ter pelo menos 75 watts por planta quando se utilizam lâmpadas HID, e 150 watts por planta no caso de lâmpadas CFL e fluorescentes.
Uma iluminação inferior a estes valores vai resultar num crescimento mais lento e numa produção de flores pouco satisfatória. Garante que as tuas plantas recebem luz suficiente para se desenvolverem bem!
A forma mais simples de calcular a quantidade de plantas para iluminação HID é dividir a potência da lâmpada por 75 (arredonda sempre para cima). Eis alguns exemplos:
- 150W HID ÷ 75W = 2 plantas
- 250W HID ÷ 75W = 3,3 ou 4 plantas
- 400W HID ÷ 75W = 5,3 ou 6 plantas
- 600W HID ÷ 75W = 8 plantas
- 1000W HID ÷ 75W = 13,3 ou 14 plantas
Se optares por CFL, faz a divisão por 150W. Por exemplo, se tiveres 400W em CFL:
-
400W CFL ÷ 150W = 2,6 ou 3 plantas
Não te esqueças: estes são os requisitos mínimos para um bom desenvolvimento das tuas plantas. Mais luz é sempre melhor, mas é importante ponderar os custos, o espaço disponível e o consumo de energia. A segurança e a saúde das plantas também devem ser tidas em conta. Um candeeiro de 600W num armário pequeno causa problemas de sobreaquecimento, o que prejudica as plantas — e até pode provocar incêndios.
Tamanho e tipo do vaso
Depois de decidir a quantidade de luz disponível para um cultivo eficaz e produtivo, o próximo passo é escolher o tamanho do vaso. O tamanho do vaso dita o espaço disponível para as raízes, o que influencia directamente o porte das plantas. Cultivos com plantas pequenas, em método SOG, só requerem vasos pequenos. Se optar por menos plantas mas mais volumosas, precisará de vasos maiores.
Aqui fica um guia prático para o tamanho dos vasos em plantas regadas manualmente:
Altura (cm) |
Capacidade do vaso (litros) |
Diâmetro do vaso (cm) |
30 | 7–11 | 25–28 |
60 | 11–15 | 28–33 |
90 | 15–25 | 33–38,5 |
120 | 25–40 | 38,5–50 |
150 | 40+ | 50+ |
Vasos demasiado pequenos podem limitar o crescimento das plantas e dar origem a sintomas semelhantes a deficiências nutricionais.
É também essencial perceber que a copa da planta ultrapassará o tamanho do vaso. Garanta espaço livre à volta de cada vaso para permitir o desenvolvimento saudável das plantas. Uma disposição demasiado compacta pode prejudicar a circulação de ar, criando condições propícias a problemas fitossanitários.
Deve escolher-se o vaso certo para cada fase do ciclo de vida. Transplante as plântulas para um vaso intermédio assim que superarem o recipiente de germinação e, posteriormente, para o vaso definitivo. Esta abordagem evita o excesso de rega, prevenindo o apodrecimento das raízes e a falta de vigor no desenvolvimento.
Germinar diretamente em vasos grandes é possível, mas exige mais atenção à rega. Com vasos de maiores dimensões, é fácil exagerar na quantidade de água, o que prejudica plantas jovens, pois ainda não têm um sistema radicular suficiente para absorver grandes volumes.
Evite regar todo o substrato logo de início. O ideal é ir regando cuidadosamente numa pequena área à volta da planta a cada 3 a 4 dias. À medida que a planta cresce, amplie gradualmente o círculo de rega até à periferia da copa. Quando a copa atingir as extremidades do vaso, pode então iniciar um esquema de rega mais regular.
Colheita pretendida e estratégias para aumentar a produção
Regra geral, qualquer espaço de cultivo irá produzir rendimentos semelhantes, seja a optar por várias plantas em crescimento rápido ou por menos plantas a crescer durante mais tempo. Fatores como a variedade escolhida, a experiência do cultivador e a intensidade da luz são igualmente determinantes.
No fundo, oito plantas pequenas cultivadas rapidamente acabam por dar uma colheita semelhante à de uma planta grande cultivada ao longo de mais tempo. As plantas menores ou bem treinadas permitem que a luz atinja todas as suas partes, enquanto as plantas maiores, embora tenham mais ramos, tendem a desenvolver flores menos robustas nas zonas mais afastadas da luz.
Existem vários métodos para maximizar o espaço e garantir uma boa penetração da luz. Cada técnica exige tempos de crescimento e manutenção diferentes, mas todas têm potencial para otimizar o rendimento de formas distintas.
1. SOG (Sea of Green)
A técnica Sea of Green tem como principal objetivo reduzir ao máximo o tempo de crescimento vegetativo, enquanto maximiza o rendimento e a eficiência do espaço de cultivo. O princípio é cultivar muitos exemplares de menor dimensão, em vez de poucas plantas de grande porte.
Ao partir de clones, bastam cerca de dez dias de vegetação após a enraizamento. Se usar variedades fotoperiódicas e feminizadas, normalmente são suficientes 3–4 semanas de fase vegetativa. A meta é obter várias colas principais robustas, limitando ao máximo o crescimento lateral e a folhagem inferior.
Os vasos permanecem pequenos — com 11 litros como limite máximo — preferindo-se vasos quadrados altos, dado serem mais eficientes do que os modelos redondos e baixos. Desta forma, é possível cultivar tipicamente entre 8 a 16 plantas por metro quadrado.
As plantas devem ser podadas para evitar que façam sombra às que se encontram ao lado, e os ramos inferiores mais sombrios e pouco produtivos são removidos, direcionando toda a energia para as flores principais expostas à luz direta.
Como o ciclo é tão curto, o método SOG adapta-se perfeitamente a espaços reduzidos, como despensas. Se mantiver uma planta-mãe e uma zona separada para crescimento vegetativo, pode ter sucessivas colheitas, iniciando imediatamente a floração do próximo lote assim que o anterior for colhido.
2. SCROG (Screen of Green)
Adorada pelos cultivadores mas detestada pelo corretor ortográfico, a técnica ScrOG (Screen of Green) é mais uma estratégia de cultivo pensada para maximizar a colheita, sobretudo em espaços reduzidos. O ScrOG é ideal para quem não dispõe de muito espaço, já que limita a altura geral da planta treinando-a para crescer numa espécie de tela verde plana.
Para aproveitar ao máximo, é útil combinar ScrOG com técnicas como topping e LST na fase vegetativa, além de lollipopping ou mainlining durante a floração. Nesta abordagem, as plantas são podadas (topping) enquanto estão a crescer e os ramos são treinados a crescer lateralmente, ao invés de simplesmente deixá-las expandir em forma de arbusto. Este método necessita de menos plantas, mas exige um tempo vegetativo mais longo do que a técnica SOG.
Após a poda, e quando a planta já desenvolveu vários caules principais treinados horizontalmente, coloca-se uma rede ou malha cerca de 30 cm acima do vaso. Pode-se usar rede de plástico ou arame com aberturas largas, instalada num suporte que cobre completamente a área de cultivo.
À medida que crescem, os ramos que tentam atingir a luz são cuidadosamente entrelaçados por baixo da rede. Durante o restante período vegetativo, as plantas são encorajadas a crescer totalmente planas. Quando cerca de 70% da rede e do espaço estiverem preenchidos, inicia-se a floração.
Durante a fase de alongamento da floração, novos ramos e crescimento extra continuam a ser guiados sob a tela. Em vez de um único topo dominante, forma-se um campo uniforme de cabeças homogéneas. As folhas e flores pequenas que se desenvolvem debaixo da copa densa são removidas, direcionando toda a energia para os topos que recebem luz. Isto também favorece a circulação de ar por debaixo da cobertura.
Normalmente, opta-se por uma ou duas plantas altas, como as Haze, ou até quatro plantas mais compactas, como a OG Double Bubble, por metro quadrado.
3. LST (low stress training)
Outra técnica eficaz para maximizar a penetração da luz e garantir o melhor desenvolvimento e produção de flores por metro quadrado é o Low Stress Training (LST). Ao contrário de métodos mais agressivos como a poda ou topping, o LST manipula suavemente a planta para potenciar o seu crescimento.
Este método permite que a luz chegue melhor às ramificações laterais inferiores, evitando zonas de sombra. Essas ramificações, normalmente mais lentas a desenvolver, reagem crescendo mais rapidamente e formando novos pontos de floração. Ao baixar a copa principal, obtém-se uma planta mais uniforme.
O LST requer apenas materiais simples. Fios de jardinagem maleáveis, cordel ou até fitas próprias para plantas funcionam na perfeição. Fazer alguns furos à volta do vaso facilitará a fixação dos suportes.
Comece este processo logo quando as plantas são jovens, inclinando o topo da planta na horizontal. Conforme as ramificações competem pela luz, prenda-as também. Continue este processo até que o espaço de cultivo esteja preenchido a seu gosto.
Como a planta não passa por períodos de recuperação de stress, o tempo de crescimento é mais curto do que noutros métodos como topping. No entanto, é importante considerar que uma planta bem treinada ocupará mais espaço. O LST permite colocar menos plantas por metro quadrado do que o método SOG, mas mais do que na técnica ScrOG — é um compromisso entre paciência e otimização do espaço.
Num metro quadrado, pode optar por cultivar uma ou duas plantas grandes de tipo sativa, como a Super Silver Haze, ou quatro a seis plantas índica de porte mais compacto, como a Gorilla Glue. Garanta apenas uma boa distribuição de luz e ventilação a todas as plantas.
4. Poda
A poda é um termo abrangente que engloba vários métodos para controlar e optimizar o crescimento da canábis. Entre eles encontram-se técnicas como topping, fimming, mainlining, lollipopping, defoliação e schwazzing.
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Topping
O topping consiste em remover ou cortar o topo dos rebentos da planta, o que estimula o crescimento dos ramos laterais naquele ponto, transformando-os em dois caules principais. Ao fazer topping uma vez, obterá dois caules principais. Repetindo o processo uma segunda vez, terá quatro. Ao realizar o topping uma terceira vez, consegue-se oito caules principais, e assim sucessivamente. A maioria dos cultivadores de interior tende a não ultrapassar três rounds de topping, já que, nesse estágio, o tempo de crescimento começa a reduzir-se enquanto as plantas se recuperam. Oito ramos principais irão originar uma planta mais densa e volumosa. Este método é também conhecido como tipping.
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Fimming
Fimming foi uma técnica descoberta por acaso que se revelou extremamente útil para o desenvolvimento eficiente das plantas de canábis. Ao contrário do método tradicional, onde se remove completamente o topo emergente para originar dois caules novos, neste processo elimina-se ou belisca-se cerca de 75% das "orelhas de coelho" que surgem. Como resultado, formam-se quatro ou mais novas ramificações, permitindo que os ramos laterais tenham tempo de crescer e, por sua vez, originem flores principais maiores nas suas extremidades.
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Mainlining
Mainlining e lollipopping são duas técnicas semelhantes que visam estimular o desenvolvimento de grandes flores apenas nas pontas dos ramos. No mainlining, uma planta que foi podada várias vezes (ver acima) tem todo o crescimento novo e desnecessário removido, ficando apenas com a cola principal e os botões laterais mais próximos. Desta forma, toda a energia da planta é canalizada para as colas restantes.
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Lollipopping
Lollipopping é uma técnica semelhante ao mainlining, mas pode ser aplicada a qualquer método de cultivo. Consiste em remover todo o crescimento das ramificações principais, incluindo a cola principal em plantas não treinadas, deixando apenas o topo e as flores laterais mais próximas. Tal como no mainlining, isto obriga a planta a concentrar toda a energia nos botões principais.
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Desfolha
Schwazzing ou defoliação é uma técnica de poda pouco convencional que exige alguma prática, mas oferece bons resultados. Normalmente é realizada uma vez durante a fase vegetativa e novamente nas três primeiras semanas de floração, removendo até 50% das folhas de leque. Durante o crescimento vegetativo, isto favorece a penetração da luz e melhora a circulação de ar no interior do espaço de cultivo, permitindo que os ramos expostos se desenvolvam melhor. Já na floração, estimula-se o desenvolvimento de mais cálices, compensando assim o trabalho das folhas eliminadas.
No final de contas, todas estas técnicas demonstraram ser eficazes no aumento da produção. Se és um cultivador dedicado, experimenta cada uma delas, regista os resultados e aposta naquela que se adequa melhor ao teu cultivo.
Linha temporal
Para preencher um espaço de cultivo de forma eficiente, uma única planta cultivada naturalmente pode necessitar de cerca de 8 semanas de crescimento antes de iniciar o período de floração. Se optares por iniciar a floração antes desse tempo, o espaço não ficará totalmente preenchido e a colheita será inferior em relação ao potencial produtivo do local.
No caso de duas plantas, o tempo de crescimento reduz-se para metade, garantindo uma utilização eficiente do espaço e um rendimento semelhante. O mesmo acontece com 4 plantas, onde é necessário ainda menos tempo de crescimento, e com 8 plantas, menos ainda. Reduzir o tempo de crescimento traduz-se em menor consumo energético, mas implica mais trabalho de manutenção.
Assim, quanto maior o número de plantas, menor será o tempo total até a fase de colheita, pois a área de cultivo é ocupada mais rapidamente. Contudo, mais plantas significam mais atenção e cuidados diários.
Pelas flores, por todo o lado
Não é tão complicado quanto parece. No fundo, estas plantas com aromas intensos são apenas isso: plantas. Podem ser imprevisíveis e ter comportamentos únicos. Experimente e descubra aquilo que resulta melhor para si. O seu espaço de cultivo terá sempre um microclima próprio, diferente do que funciona noutro lado qualquer do mundo. A fase da lua, o alinhamento de Júpiter e a altura do ano continuam a influenciar qualquer cultivo, mesmo em ambiente controlado. Assim que conseguir aperfeiçoar tudo, terá sempre vantagem na competição de "os meus buds são maiores que os teus".