É possível tirar clones de uma variedade autoflorescente?

O que é uma variedade autoflorescente?

As variedades de cannabis autoflorescentes distinguem-se por iniciarem automaticamente a floração sem que seja necessário alterar as condições de luz ou ambiente. Assim que a planta atinge certa maturidade, começa a formar flores, independentemente da duração de luz diária a que está exposta.

Por comparação, as variedades tradicionais – conhecidas como fotoperiódicas – exigem mais de 12 horas de escuridão diária para desencadear a floração. Ao cultivar este tipo de plantas ao ar livre, normalmente são semeadas na primavera e colhidas antes da chegada do inverno, aproveitando o ciclo solar natural.

No caso das autoflorescentes, tudo o que é preciso são algumas semanas de clima ameno. Não é tão importante a estação do ano ou o fuso horário, principalmente em regiões com temperaturas moderadas durante todo o ano. Após o início da floração, basta garantir cerca de 12 horas de luz direta diária, e a colheita fica pronta normalmente ao fim de dez semanas.

Esta rapidez constitui uma grande vantagem para quem procura uma cultura mais célere, mas, devido ao seu ciclo próprio, as plantas autoflorescentes não são tão adequadas para clonagem como as variedades tradicionais. Abordaremos este tema com mais detalhe nos próximos parágrafos.

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Como funciona a clonagem?

Na prática, para obter uma planta clonada de canábis, basta cortar um pequeno ramo da planta-mãe durante o período vegetativo, colocar o pedaço num substrato apropriado e deixá-lo desenvolver-se. Embora não seja indispensável, muitos cultivadores optam por aplicar gel ou pó de enraizamento para favorecer o aparecimento das raízes. Decorridos cerca de dez dias, o corte deverá começar a criar o seu próprio sistema radicular e, pouco tempo depois, transformará-se numa nova planta. O clone terá características praticamente idênticas à planta de onde foi retirado.

Se o objectivo não for cultivar uma variedade diferente, iniciar o processo com um clone revela-se muito mais simples. Além de evitar a fase frágil das plântulas, ainda tem a certeza de que a planta é feminizada, caso a planta-mãe seja feminina.

Vantagens e desvantagens das variedades autoflorescentes

As variedades autoflorescentes apresentam várias vantagens, nomeadamente um ciclo de crescimento e floração mais curto, a possibilidade de obter múltiplas colheitas num só ano e produção facilitada de sementes.

Existe, no entanto, uma desvantagem importante: estas plantas não costumam apresentar bons resultados quando clonadas. Como os clones têm exatamente a mesma genética e idade que a planta-mãe, as variedades fotoperiódicas acabam por ser melhores candidatas à clonagem. Isto acontece porque, com as fotoperiódicas, as mudanças no ambiente permitem-lhes crescer e desenvolver-se devidamente antes da floração.

No caso da autoflorescente, um clone terá a mesma idade e ciclo genético da mãe e não depende do fotoperíodo para florescer. Na prática, isso significa que terá menos tempo para crescer, resultando numa planta mais pequena e com pouco rendimento.

Deve experimentar?

Como não é possível prever ao certo quando a planta entra na fase de floração, o processo de clonagem torna-se muito mais desafiante. Existem cultivadores que defendem que é mito urbano dizer que as autoflorescentes não podem ser clonadas e até há quem afirme já o ter conseguido com sucesso.

Independentemente da veracidade dessas experiências, é muito improvável que consiga obter uma colheita satisfatória a partir de clones de autoflorescentes, essencialmente porque não é possível forçar a planta a regressar à fase vegetativa. Tentar multiplicar uma planta já avançada no ciclo é, normalmente, uma tarefa condenada ao insucesso.

Resumindo: tecnicamente, é possível clonar plantas autoflorescentes. No entanto, será boa ideia? Provavelmente não. Se conseguir fazer a clonagem antes da planta mostrar o sexo, ainda pode funcionar, mas essa janela de oportunidade é muito curta. Na maioria dos casos, o máximo que pode esperar é uma planta pequena com poucos buds. Se isso for suficiente para si, então experimente clonar uma autoflorescente!

Steven Voser

Steven Voser é um jornalista independente especializado em canábis, com mais de seis anos de experiência a escrever sobre todos os aspetos da planta: desde os métodos de cultivo, às melhores formas de consumo, passando ainda pelo dinâmico setor e pelo complexo enquadramento legal que o envolve.

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