Onde é legal fumar canábis na Europa

Cultura canábica: EUA vs Europa

Se não tem estado completamente desligado do mundo, já percebeu que a canábis está cada vez mais presente no dia-a-dia. Nos Estados Unidos, o Colorado é hoje um dos principais polos do movimento de legalização moderna do consumo de canábis. Curiosamente, apesar de Denver ser palco central desta revolução, a capital continua a ser um dos sítios menos acolhedores para quem quer fumar um charro de forma despreocupada.

Nos EUA, tanto o uso medicinal como recreativo da canábis é permitido em alguns estados, mas a verdade é que há muitos pormenores e restrições que dificultam o consumo. Na prática, não é permitido consumir canábis em espaços públicos nem nas imediações das dispensas legais — a regra é “compra e vai-te embora”. Portanto, será difícil encontrar um espaço social onde possa desfrutar de canábis de qualidade superior.

Isto pode ser um enorme entrave a quem viaja com o objetivo de conhecer o turismo canábico. A maioria dos hotéis no Colorado proíbe o consumo (tanto fumar como vaporizar) dentro das instalações. E, pior ainda, se decidir aventurar-se na natureza com um cigarro na mão, arrisca-se a encontrar vida selvagem indesejada.

Embora nem todos os países europeus tenham legislação progressista ou permitam a comercialização da canábis, a Europa é, sem dúvida, o melhor destino se procura umas férias onde possa socializar e consumir canábis com poucas limitações.

Onde exatamente na Europa?

A erva das autênticas coffeeshops de Amesterdão é apreciada por qualquer amante de cannabis. Já o ambiente festivo das competições de cannabis em Espanha é uma experiência imperdível. Se está a planear umas férias canábicas ou apenas uma escapadinha de fim de semana, o último problema que quer ter é lidar com constrangimentos para fumar. Descubra estes excelentes destinos europeus onde o consumo de cannabis é legal, para aproveitar bons momentos longe de casa.

Países Baixos: Amesterdão, o paraíso da marijuana

Qualquer apreciador de canábis deve, pelo menos uma vez na vida, visitar a cidade de Amesterdão. Desde a década de 1970 que os Coffeeshops funcionam numa zona legal algo "cinzenta". No entanto, a legislação aprovada em 2017 poderá vir a alterar esta situação. Para já, esta zona cinzenta é perfeita para o turista de canábis ocasional e respeitador. As tentativas para limitar o acesso à canábis apenas a cidadãos neerlandeses não resultaram, principalmente devido à enorme importância do turismo na cidade. A única exceção é Maastricht, no sul do país, onde só os residentes podem obter o chamado “Weed Pass”. Uma desilusão para quem vem de fora!

Política do alarmismo em torno da canábis

Apresentar um documento de identificação válido que comprove ter 18 anos ou mais permite-lhe desfrutar das inúmeras experiências proporcionadas pelos Coffeeshops de Amesterdão. Infelizmente, alguns destes espaços tiveram de encerrar permanentemente, incluindo clássicos históricos como o Mellow Yellow. Leis restritivas que obrigam ao encerramento de estabelecimentos num raio de 250 metros das escolas, juntamente com a morosidade burocrática, são suficientes para levar muitos negócios à falência.

Continua a ser a referência do sector

Os principais coffeeshops dos Países Baixos continuam abertos e a receber visitantes por toda a cidade de Amesterdão. Encontram-se também excelentes opções em localidades próximas, como Utrecht, acessíveis através de uma breve viagem de eléctrico. Nos coffeeshops, a quantidade máxima que pode adquirir é de 5g de canábis. Note que não é permitido fumar na via pública — desfrute com responsabilidade! Uma paragem num coffeeshop, acompanhada por um típico waffle ainda quente, é um snack perfeito antes de regressar ao hotel.

Espanha: Barcelona, a nova estrela em ascensão

Espanha está, provavelmente, a liderar o avanço entre os países europeus na normalização do consumo de canábis, tanto para fins terapêuticos como recreativos. Os políticos de várias tendências têm mostrado uma postura cada vez mais aberta e o comércio associado à canábis começa finalmente a desenvolver-se e prosperar.

Atualmente, Barcelona conta com cerca de 400 clubes e associações de canábis em funcionamento. Além disso, a cidade acolhe a maior exposição europeia dedicada à canábis, a inconfundível Spannabis. Todos os anos, no início de março, Barcelona envolve-se numa atmosfera única. À semelhança dos coffeeshops holandeses, os clubes espanhóis movem-se numa "zona cinzenta" da lei, embora tenham algumas diferenças subtis entre si.

Como é obtida a cannabis?

Em primeiro lugar, a produção pessoal de cannabis em casa é legal em Espanha. Em segundo lugar, os clubes e associações de cannabis espanhóis funcionam como espaços privados acessíveis apenas a membros. Na maioria dos casos, a cannabis consumida nestes clubes é cultivada pelos próprios associados. O limite habitual ronda os 60g por membro por mês, ainda que possam existir pequenas variações.

E quanto aos estrangeiros?

Os estrangeiros com 18 anos ou mais podem inscrever-se num clube de canábis pagando uma pequena quota, assim como contribuir com o valor do que consomem. Existem clubes mais exclusivos e outros reservados apenas a consumidores medicinais, mas a maioria é gerida por pessoas comuns que pretendem criar um ambiente acolhedor onde todos os apreciadores possam conviver e desfrutar de canábis juntos.

Dicas para turistas em visita a clubes de canábis

Antes de ires a um clube, é aconselhável contactá-lo previamente pelas redes sociais ou WhatsApp, informando que és novo nestas andanças. No primeiro dia, não te esqueças de levar um documento de identificação com foto. Após te associares, receberás um cartão de membro. Podes consumir dentro do clube ou em espaços privados. Apesar de as sessões na praia parecerem divertidas, a polícia costuma ser mais vigilante, já que o consumo em público é proibido.

Os clubes e associações de canábis têm-se multiplicado um pouco por toda a Espanha, desde Sevilha até pequenas localidades no País Basco. Amnesia Haze é uma das sativas preferidas e Critical uma escolha clássica de indica. A qualidade da canábis pode variar de clube para clube, por isso, se "hablo un poco Espanol", tenta pedir recomendações a quem já é da casa para descobrires os melhores espaços.

ALEMANHA: ERVA COM PRESCRIÇÃO

Em Alemanha, é possível consumir canábis legalmente, mas apenas se tiveres receita médica para canábis medicinal. Se estás a considerar uma escapadinha a Berlim para relaxar, não queremos desmotivar-te.

Pelo contrário, queremos apenas alertar que consegues encontrar produto de qualidade, mas não será num Clube ou Coffeeshop (se percebes a sugestão). O consumo recreativo é visto como auto-lesão, não um crime. Atualmente, a distribuição de canábis medicinal pelas farmácias está a dar os primeiros passos no país.

Descriminalizada, mas ainda não legal

A descriminalização do consumo de canábis representa um avanço importante, ainda que não signifique a sua legalização total. Existem vários países que deram passos significativos ao afastarem-se de políticas punitivas, ainda que de forma desigual. Na República Checa, a posse de até 15g de canábis foi recentemente descriminalizada. Na Suíça, também já não é crime possuir pequenas quantidades para uso pessoal. Itália e Polónia optaram igualmente pela descriminalização do consumo individual e, nestes países, os mercados de canábis medicinal estão ainda numa fase inicial.

Portugal destacou-se em 2001 como o primeiro país a pôr fim à chamada “Guerra Contra as Drogas” ao descriminalizar o consumo de drogas para uso pessoal. No entanto, o consumo de canábis continua a não ser legal, apenas deixou de ser motivo de prisão.

A legislação sobre a canábis na Europa ainda está longe de ser uniforme. Apesar dos progressos já alcançados, espera-se que a verdadeira legalização plena possa chegar num futuro próximo. A tendência para uma legalização mais abrangente é visível e tudo indica que será apenas uma questão de tempo.

Luke Sholl

Luke Sholl dedica-se há mais de dez anos a escrever sobre a cannabis, o potencial dos canabinóides para o bem-estar e os benefícios naturais. Colabora com várias publicações especializadas em canabinóides, produzindo conteúdos digitais diversificados, sempre sustentados por um profundo conhecimento técnico e uma pesquisa rigorosa.

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