O que é o shatter e porque deve experimentá-lo?

A canábis actual é, sem dúvida, a mais potente de sempre, com muitas variedades a ultrapassar facilmente os 20% de THC e algumas até a superar a fasquia dos 30%. No entanto, para quem já tem alguma experiência e uma elevada tolerância, fumar apenas flores pode já não ter o mesmo impacto de antes. Há também quem prefira alcançar outro patamar sem recorrer ao fumo típico da canábis, ou quem goste de fumar, mas queira experimentar algo que eleve ainda mais o efeito. Se te identificas com alguma destas situações, o shatter é, provavelmente, o que procuras.

O que é o shatter?

Apesar dos concentrados quase puros, como o destilado de THC, poderem ultrapassar os 95% de THC, o shatter sacrifica apenas uma pequena parte da potência para preservar os terpenos essenciais. Por isso, o shatter destaca-se como um extrato de canábis aromático—e ainda assim extremamente potente—com teores de THC superiores a 70%. O seu aspeto visual é bastante apelativo, e consumir este concentrado através de dabbing proporciona uma experiência intensa e inesquecível, capaz de surpreender até os mais experientes.

Características principais do shatter

O shatter, uma das formas de extrato de canábis, tem vindo a tornar-se cada vez mais popular para quem procura níveis elevados de canabinóides. Os extratos podem apresentar-se sob vários tipos e texturas, principalmente devido ao processo a que são submetidos após a extração. Ao contrário do budder ou wax, que são agitados ou batidos e sujeitos a uma purga mais demorada, o shatter é purgado durante menos tempo e depois deixado a solidificar até formar folhas translúcidas, de tom dourado semelhante ao mel.

Os próprios canabinóides variam em viscosidade, pelo que, dependendo do perfil da amostra, o shatter pode apresentar ligeiras diferenças nas suas caraterísticas. Por exemplo, o óleo de THC descarboxilado e o óleo de CBD tendem a ser viscosos como melaço à temperatura ambiente, enquanto o THCA se mantém sólido nessas condições. O mesmo se aplica a outros canabinóides e vários terpenos, que influenciam a textura, cor, aroma e os efeitos finais do produto.

Numa das extremidades do espectro, o shatter parte-se facilmente, quase como se fosse vidro, quando cai ou é tocado com demasiada força com uma ferramenta de dabbing. Pela aparência, poderia ser confundido com um pedaço de caramelo duro. Tal como existem caramelos mais moles, o shatter também pode apresentar uma textura mais flexível, chegando a esticar e quebrar, semelhante à consistência do taffy.

Como se produz o shatter?

O shatter é um tipo de BHO (óleo de haxixe com butano) que, após a extração, recebe uma preparação ligeira para adquirir a textura característica que o distingue. Em laboratório, este processo é executado com equipamentos sofisticados e caros, garantindo máxima segurança. Por outro lado, em ambiente doméstico, além de ser perigoso, a pureza do produto nunca se equipara à qualidade laboratorial.

O processo de fabrico do shatter é comum a muitos outros extratos de canábis. Recorre-se a calor e pressão para extrair os óleos da matéria vegetal – sejam flores, aparas ou mesmo kief. Depois, impurezas são eliminadas através de uma purga a vácuo induzida por solventes. Ao contrário de outros concentrados de canábis, a purga do shatter usa temperaturas (29,44–37,77°C) e pressões (-29 inHg) mais baixas para garantir a sua textura translúcida e quebradiça.

As principais etapas da produção de shatter são as seguintes:

1. A matéria-prima selecionada é colocada numa coluna de extração.
2. O solvente arrefecido passa pela matéria-prima, resultando numa solução concentrada.
3. O solvente é evaporado da solução e condensado para reutilização.
4. O óleo obtido é cuidadosamente recolhido e deixa-se solidificar até formar o típico shatter.

Existem vários fatores capazes de alterar a textura pretendida do shatter. Humidade em excesso na matéria-prima, agitação durante o processo, ou temperaturas incorretas, tanto na produção como no armazenamento, podem transformar o shatter em texturas como budder ou cera, mantendo, porém, a potência da substância.

Como consumir shatter

O shatter é consumido num dab rig de forma semelhante a outros concentrados. Derrete rapidamente e liberta os seus compostos canabinoides numa nuvem intensa de vapor. Comparado com opções mais pegajosas, o shatter é mais fácil de manusear, pois não adere tanto aos utensílios ou aos dedos. Basta partir o shatter em pedaços pequenos e práticos para usar nos dabs, sem que fiquem colados a tudo. Um bom par de pinças compridas será muito útil.

Triturar ou esmagar o shatter facilita a sua adição a um charro ou ao topo de uma cone, para um toque extra de intensidade.

Pode ainda misturar cerca de um quarto de colher de chá numa bebida quente, para um efeito gradual ao longo do tempo. Consoante a sua tolerância, pode ajustar a quantidade — aumentando, caso se sinta confortável, ou reduzindo, se sentir que o efeito é demasiado intenso.

A maioria dos aparelhos de vaping, desde canetas a equipamentos domésticos, permite vaporizar shatter. Parta-o em pequenas porções e encha a câmara até metade para melhores resultados.

Fique completamente shattered

O shatter é uma excelente forma de desfrutar toda a intensidade dos canabinóides e terpenos. Permite explorar uma vasta gama de perfis de canabinóides na sua forma mais pura, aumentando também a concentração de canabinóides nas suas variedades preferidas. Para quem utiliza canábis de forma medicinal e procura perfis de canabinóides à medida, o shatter é uma opção vantajosa. Dependendo das suas preferências, pode ser uma experiência única para recordar ou tornar-se o seu novo aliado de eleição.

Steven Voser

Steven Voser é um jornalista independente especializado em canábis, com mais de seis anos de experiência a escrever sobre todos os aspetos da planta: desde os métodos de cultivo, às melhores formas de consumo, passando ainda pelo dinâmico setor e pelo complexo enquadramento legal que o envolve.

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