Como se diferenciam os alucinogénios, dissociativos e drogas que provocam delírios

Os alucinogénios, vulgarmente conhecidos como psicadélicos, são definidos como um grupo de substâncias capazes de provocar alucinações visuais, auditivas e sensoriais. Estes compostos podem ser encontrados na natureza, como é o caso de certos cogumelos e do peiote. Os ingredientes activos podem ser extraídos de plantas, fungos e raízes, ou produzidos sinteticamente. Os alucinogénios dissociativos, nos quais se incluem o PCP e a cetamina, actuam sobre os receptores NMDA (N-metil-D-aspartato) do cérebro.

A principal diferença entre as drogas dissociativas e os alucinogénios clássicos reside numa acentuada sensação de despersonalização, ou seja, a impressão de estar fora do próprio corpo. Por último, temos os delirantes, como o Benedryl e as benzodiazepinas, uma classe de substâncias pouco procurada para fins recreativos. Em doses elevadas, estas drogas são conhecidas por induzir alucinações intensas e, muitas vezes, desagradáveis, o que justifica a sua impopularidade em comparação com os cogumelos, o LSD ou mesmo a cetamina.

Alucinogénios mais comuns

Os psicadélicos, que se tornaram populares entre as décadas de 1960 e 70, continuam a ser os alucinogénios mais consumidos – e não é por acaso. Além de proporcionarem uma experiência mais intensa e positiva do que outros tipos de drogas presentes nesta lista, são ainda considerados os mais seguros. Estas substâncias apresentam taxas muito baixas de dependência e praticamente não têm efeitos adversos a longo prazo. Há mesmo quem relate sentir-se uma pessoa renovada após uma experiência positiva com LSD ou cogumelos mágicos.

LSD

O LSD, também conhecido como ácido, blotter ou doses, é considerado um dos alucinogénios mais potentes. Trata-se de um composto cristalino, transparente, sem cheiro e solúvel em água, extraído de um fungo do centeio.

Cogumelos

Os cogumelos mágicos, também conhecidos como shrooms ou psilocibina, referem-se a determinadas espécies de cogumelos que crescem principalmente no México, América do Sul e Estados Unidos. A utilização destes cogumelos remonta a milhares de anos. Antigamente, faziam parte de rituais espirituais e religiões de povos indígenas; hoje em dia, o seu consumo é sobretudo recreativo ou utilizado em microdosagem para obter benefícios para a saúde.

Os cogumelos mágicos podem ser consumidos crus, misturados em alimentos ou preparados sob a forma de chá. Se procura uma maneira simples de fazer um chá saboroso de cogumelos, basta colocar os cogumelos (de preferência esmagados) num recipiente com água quente (sem ultrapassar os 50°C, para não destruir os compostos ativos) e deixar em infusão durante 15 a 20 minutos. Depois, basta coar, juntar um saquinho de chá do sabor à sua escolha e deixar apurar mais um pouco no lume.

Peyote

Peyote é também um dos psicadélicos mais conhecidos. Lembra-te de Jim Morrison em êxtase no deserto de Sonora.

Conhecido também por "botões" e mescalina, o peyote é um pequeno cacto que cresce no sul do Arizona, sul do Novo México e em toda a região de Sonora, no norte do México. A parte superior do cacto possui pequenos botões arredondados, que são removidos, secos e depois mastigados, postos de molho em água ou preparados em chá.

Drogas dissociativas e delirantes comuns

O PCP (Fenciclidina) foi desenvolvido nos anos 1950 com o intuito de servir como anestésico geral em cirurgias, mas acabou por ser proibido. Atualmente, é utilizado apenas em contexto recreativo. Pode apresentar-se em várias formas, como comprimidos, cápsulas, líquido ou pó, o que possibilita diferentes formas de consumo: inalado, injetado, fumado ou ingerido.

Outra substância que tem vindo a ganhar notoriedade é a ketamina, frequentemente apelidada de "Special K". Originalmente usada como anestésico em humanos e animais, é agora frequentemente furtada de consultórios veterinários e vendida ilegalmente.

Nenhuma lista de drogas psicotrópicas estaria completa sem mencionar o xarope para a tosse, conhecido como DXM ou robo. É uma das substâncias alucinogénias mais consumidas por adolescentes e jovens adultos.

Existem ainda drogas que provocam delírios, mas que não são tão populares devido aos efeitos desagradáveis e alucinações intensas que provocam. Entre elas encontram-se a atropina, escopolamina (hioscina), difenidramina (Benadryl) e os benzodiazepinas.

Quais são os efeitos de cada uma?

Os efeitos a curto prazo dos alucinogénios incluem, como seria de esperar, alucinações que podem durar até 12 horas. Contudo, a experiência pode seguir dois caminhos distintos: pode tratar-se de uma viagem agradável, normalmente estimulante, divertida e inspiradora, ou, por outro lado, pode transformar-se numa experiência negativa, conhecida como "bad trip".

Uma bad trip pode ser um autêntico pesadelo, provocando sensações de medo, ansiedade e desespero. Naturalmente, a forma como o efeito se manifesta depende de vários fatores, como a quantidade consumida, a personalidade e estado de espírito do utilizador, o metabolismo e o ambiente envolvente. De seguida, indicam-se outros efeitos de curta duração, próprios de cada substância.

LSD

• Aumento da pressão arterial, frequência cardíaca e temperatura corporal
• Tonturas e dificuldade em dormir
• Perda de apetite, boca seca e transpiração excessiva
• Formigueiro, sensação de fraqueza e tremores
• Comportamentos impulsivos
• Mudanças rápidas de humor

Psilocibina

• Sensação de relaxamento (efeitos comparáveis aos do consumo de canábis)
• Nervosismo, paranoia e episódios de pânico
• Experiências introspectivas ou de carácter espiritual
• Risco de intoxicação caso o cogumelo seja identificado erradamente e o exemplar consumido não seja o correto

Peyote

• Aumento da temperatura corporal e da frequência cardíaca
• Movimentos descoordenados (ataxia)
• Sudação excessiva
• Sensação de calor intenso

As drogas dissociativas (como a Cetamina, PCP ou xaropes para a tosse) provocam alucinações visuais e auditivas, sendo muitas vezes acompanhadas por um sentimento de afastamento total da realidade. Outros efeitos imediatos incluem ansiedade, perda de memória, dificuldades na coordenação motora, convulsões ou contracções musculares intensas e, ocasionalmente, comportamentos agressivos ou violentos.

Já as drogas delirantes apresentam sintomas bastante desagradáveis. Para além da sensação desconfortável provocada, estão associadas a taquicardia, hipertermia e até mesmo risco de insuficiência cardíaca. Existem muito poucos estudos sobre os efeitos prolongados deste tipo de substâncias.

Qual destas é a mais segura?

De acordo com as mais recentes investigações, os cogumelos mágicos são considerados a substância recreativa mais segura. O Global Drug Survey, um estudo que envolveu mais de 120.000 participantes, analisou o número de idas às urgências associadas ao consumo de diferentes drogas. Os resultados mostram que o número de casos envolvendo cogumelos mágicos foi mais de cinco vezes inferior ao de outras substâncias.

Além disso, uma equipa de investigação denominada Independent Scientific Committee on Drugs (ICSD), liderada por David Nutt, médico do Imperial College de Londres, avaliou 20 drogas diferentes numa escala que considera vários riscos para a sociedade. Também neste estudo, os cogumelos mágicos destacaram-se como os mais seguros. Estes dados tornam difícil negar que a psilocibina é actualmente considerada a droga mais segura tanto para os utilizadores como para a sociedade em geral.

Luke Sumpter

Detentor de uma licenciatura em Ciências da Saúde Clínica, Luke Sumpter dedica-se há mais de sete anos ao jornalismo e à escrita, explorando a ligação entre a ciência e o mundo da canábis, unido pela sua paixão pelo cultivo de plantas.

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