Como fazer enxertia de cacto peiote

Cultivar peyote é simples, mas exige bastante paciência. Uma forma de acelerar o processo é enxertar o peyote, que cresce devagar, em cactos de crescimento mais rápido. Quando o enxerto é realizado com sucesso, aumenta consideravelmente o ritmo de crescimento do cacto peyote. Mas, afinal, como funciona o enxerto e será mesmo possível "ligar" um cacto a outro? Vamos perceber melhor este processo.

O que é o enxerto?

A enxertia consiste em unir duas espécies de cactos, permitindo que variedades que crescem lentamente recebam uma ajuda extra ao tirar partido da transferência de água, energia e nutrientes através do porta-enxerto. Apesar de à primeira vista poder parecer algo saído de uma experiência científica insólita, este método é perfeitamente válido e proporciona uma experiência única para qualquer amante de cactos.

No entanto, antes de avançar com este processo "cirúrgico" nos seus cactos, é importante referir que um crescimento mais rápido pela enxertia não resulta necessariamente num maior teor de alcaloides. O peyote enxertado continua a produzir alcaloides, mas existem poucos indícios de que a taxa dessa produção aumente relativamente a plantas enraizadas. Fatores como stress hídrico e maturidade têm impacto comprovado na produção de alcaloides, mas o impacto da enxertia continua a ser um tema em aberto.

Peyote (Lophophora williamsii)

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Peyote (Lophophora williamsii)

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Termos associados à enxertia

No seu essencial, a enxertia é uma técnica simples, mas para a dominar e começar a fazer enxertos em cactos de grande porte, é fundamental compreender a terminologia e os conceitos principais. Por isso, a seguir apresentamos os princípios mais importantes.

• Porta-enxerto e enxerto: O porta-enxerto é a planta base (normalmente de uma variedade mais antiga), responsável por fornecer ao enxerto os nutrientes necessários ao seu desenvolvimento. O enxerto é a parte superior da planta que é unida ao porta-enxerto.
• Anel vascular: Ao cortar um cacto, é possível observar um anel no centro da planta. Este anel é o responsável pelo transporte de nutrientes e de água essenciais ao crescimento do cacto.
• União: Como o nome indica, a união corresponde ao êxito na ligação entre dois cactos, em que o porta-enxerto fornece ao enxerto todas as condições necessárias ao seu crescimento.
• Enxertia plana/lateral: Este é o método mais usado e de mais fácil execução. Consiste em cortar ambos os cactos de modo a que o porta-enxerto e o enxerto fiquem com larguras idênticas e, simultaneamente, garantir que os anéis vasculares ficam alinhados.

Quais são as vantagens da enxertia?

O principal benefício da enxertia é o estímulo ao crescimento que variedades de raiz rápida proporcionam a espécies mais decorativas. Estas últimas, sendo menos adaptáveis e mais exigentes de cuidar, beneficiam imenso quando combinadas com um porta-enxerto vigoroso, acelerando assim o seu desenvolvimento. No entanto, esta não é a única razão para experimentar a enxertia.

• A enxertia permite recuperar um cato doente ou moribundo, pois é possível enxertar as partes saudáveis remanescentes num porta-enxerto viçoso.
• É uma técnica eficaz para clonar facilmente variedades de crescimento lento.
• Algumas variedades muito especializadas só prosperam porque recebem o impulso necessário para florescerem e frutificarem através de um porta-enxerto forte.

Qual é o melhor enxerto para o peyote?

O peyote é um cato de crescimento naturalmente lento, podendo demorar muitos anos até atingir a maturidade. Dessa forma, para garantir o sucesso da enxertia, é importante escolhê-lo um porta-enxerto adequado. Neste contexto, tanto a Echinopsis pachanoi (San Pedro) como a Echinopsis peruviana (Peruvian torch) são excelentes opções.

San Pedro (Echinopsis pachanoi)

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San Pedro (Echinopsis pachanoi)

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Em contrapartida, um cato San Pedro pode atingir a maturidade em apenas cinco anos, enquanto alguns exemplares de peyote só conseguem florescer após 10 a 30 anos. Caso pretenda colher o seu peyote para fins recreativos, esperar por este longo período frequentemente não é viável, o que torna a enxertia numa alternativa valiosa.

Peruvian Torch (Echinopsis peruviana)

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Peruvian Torch (Echinopsis peruviana)

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Como enxertar um cato peyote: passo a passo

De seguida, apresentamos um guia passo a passo para enxertar um cacto peyote num cacto tocha peruana, também conhecido por Echinopsis peruviana (anteriormente Trichocereus peruvianus). A mesma técnica pode igualmente ser utilizada com o cacto San Pedro, assim como com outros tipos de cactos.

Equipamento

• Cacto Echinopsis (quanto mais antigo, melhor)
• Peyote
• Álcool metilado
• Lâmina de barbear esterilizada ou faca afiada
• Elásticos

Bisturi

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Bisturi

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Instruções

1. Mergulhe a lâmina em álcool etílico para esterilizar (deve fazê-lo antes de cada corte).
   
2. Com um corte limpo, retire alguns centímetros do topo do Echinopsis.
   
3. Afine ligeiramente o topo de cada costela do Echinopsis. Isto evitará que o enxerto se desfaça à medida que a superfície seca.
   
4. De seguida, volte a remover o topo do porta-enxerto, mas desta vez apenas uma fatia muito fina. Esta camada serve para evitar que o topo seque e só deve ser retirada imediatamente antes da enxertia.
   
5. Repita o mesmo processo com o peyote, cortando a parte inferior, mas garantindo que o corte fique ligeiramente acima das raízes.
   
6. Antes de enxertar, localize o anel vascular tanto no porta-enxerto como no peyote. Este anel, que parece um círculo no centro do corte, é responsável pelo transporte dos nutrientes nas duas plantas. Para um enxerto bem sucedido, é essencial que estes anéis fiquem sobrepostos.
   
   
   NOTA: Não é necessário que fiquem perfeitamente alinhados; basta que estejam em contacto e que haja uma sobreposição parcial.
   
   
7. Agora, pode retirar as finas fatias de proteção que cortou tanto do porta-enxerto Echinopsis como do peyote.
   
8. Coloque suavemente o peyote sobre o topo do Echinopsis, pressionando com ligeireza para eliminar o ar. É importante ter em mente a posição dos anéis vasculares durante este passo.
   
9. Certifique-se de que os anéis vasculares ficam alinhados. Caso não estejam, o peyote não conseguirá retirar alimento do Echinopsis e irá morrer.
10. Coloque elásticos verticalmente em torno do vaso do Echinopsis, passando por cima do peyote, para manter a pressão. Pode demorar algumas tentativas até acertar. Em alternativa, use um pedaço de couro com pesos em cima para pressionar o peyote para baixo.
    
11. Coloque o enxerto num local quente e seco, protegido da luz solar direta.
    
12. Deixe descansar durante uma semana. Após este período, pode retirar os elásticos ou os pesos, pois o peyote deverá já estar bem fixo ao Echinopsis.
    

Nutriente para cactos

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Nutriente para cactos

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Dicas para enxertia de peyote

Apesar de o processo de enxertia ser relativamente simples, partilhamos alguns conselhos úteis para quem pretende experimentar diferentes cortes ou variedades menos comuns de cactos.

• Aproveitar os restos: Após a enxertia, fica com a parte superior do porta-enxerto e a base do enxerto. Ambas podem ser plantadas novamente. A primeira deve secar durante duas semanas antes de voltar ao vaso; a segunda pode ser replantada de imediato.
• Varie nos tipos de enxertia: As enxertias laterais ou planas são as mais conhecidas, mas não são as únicas. Cada cacto tem a sua própria morfologia, por isso, teste enxertias laterais, em fenda ou por lamela até encontrar a que melhor se adapta.
• Cuidados após a enxertia: Depois de prender o enxerto, será necessário aguardar para perceber se a ligação teve sucesso. Para aumentar as hipóteses de sucesso, mantenha os cactos enxertados longe da luz solar direta, regue apenas quando necessário, mantenha-os quentes e aplique fertilizante uma ou duas vezes durante o verão.
• Evite usar tesouras: Apesar de poder parecer prático recorrer a tesouras para cortar o cacto, evite esse método! As tesouras comprimem e danificam o câmbio, camada essencial responsável pelo crescimento da planta.

Enxertia: O segredo para um crescimento rápido do peyote

E está feito! Agora já conseguiste enxertar o teu peyote num cato com um ritmo de crescimento muito mais rápido. Vais notar o peyote a expandir-se visivelmente, dependendo da espécie do cato que serve de base. Mas é agora que começa a verdadeira diversão! Dominas a técnica da enxertia, por isso abre-se um mundo de possibilidades para experimentares com várias espécies de catos.

Luke Sholl

Luke Sholl dedica-se há mais de dez anos a escrever sobre a cannabis, o potencial dos canabinóides para o bem-estar e os benefícios naturais. Colabora com várias publicações especializadas em canabinóides, produzindo conteúdos digitais diversificados, sempre sustentados por um profundo conhecimento técnico e uma pesquisa rigorosa.

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