Guia de San Pedro

Adam Parsons

Jornalista de canábis & redactor na Zamnesia

Adam Parsons

Última actualização: 7 Abril 2025

Com uma história profunda e rica na tradição xamânica, o San Pedro é uma excelente escolha para quem deseja enriquecer o seu jardim psicadélico.

No universo dos psicadélicos, existe um vasto leque de experiências para descobrir. Um dos exemplos mais fascinantes é o cacto San Pedro, um alucinogéneo tradicional da América do Sul utilizado em rituais xamânicos há milhares de anos. Este cacto, rico em mescalina, conquistou um lugar especial entre os entusiastas mais experientes do mundo psicadélico. Por isso, preparámos um breve guia com tudo o que precisa de saber sobre o San Pedro.

O que é o cacto San Pedro?

O cacto San Pedro, conhecido cientificamente como Trichocereus pachanoi, é uma das várias espécies de cactos que contêm mescalina e que têm sido utilizadas por diferentes culturas ao longo de milénios. O San Pedro seco poderá conter até 2,375% de mescalina, tendo ainda outros alcaloides como a tiramina, hordernina, 3-metoxitiramina, anhalaninina e anhalonidina.

San Pedro (Echinopsis pachanoi)

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San Pedro (Echinopsis pachanoi)

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Efeitos do cacto San Pedro

A mescalina é uma substância alucinogénia cujos efeitos variam entre uma sensação intensa de euforia e alucinações vívidas e imersivas. Atualmente, o San Pedro é apreciado em todo o mundo como um psicadélico natural, mas durante séculos fez parte dos rituais xamânicos das culturas andinas, que recorriam ao cacto principalmente com fins de adivinhação. Por isso, ele continua a ser utilizado tanto em ambientes recreativos como em contextos espirituais.

Ainda que os efeitos dos psicadélicos sejam, muitas vezes, difíceis de descrever com precisão, entre os fenómenos mais frequentes do San Pedro incluem-se: recuperação de memórias antigas, sensibilidade extrema à luz e às cores, sinestesia, perceção alterada do tempo e visões com os olhos abertos ou fechados. Este último aspeto é particularmente valorizado por quem toma mescalina, já que a substância tende a desencadear padrões visuais bastante distintos.

No geral, a experiência assemelha-se à de outros alucinogénios, pela sensação de introspeção espiritual e de ligação profunda que proporciona. Os efeitos surgem normalmente entre 1 a 2 horas após a ingestão, atingindo o pico passadas 2 a 4 horas e demorando cerca de mais 8 horas a esmorecer gradualmente.

Comparando com o peyote, diz-se que os efeitos do San Pedro são bastante mais suaves e agradáveis – o pico é menos intenso e há menos impacto físico. Além disso, o sabor do San Pedro é apenas ligeiramente amargo e a náusea comum com o peyote é consideravelmente menos frequente.

No entanto, também o San Pedro pode provocar náuseas e, por vezes, vómitos antes do início da experiência. Tradicionalmente, este efeito é visto como uma "purificação" que prepara o corpo e o espírito para a viagem que se segue.

Super Pedro (Echinopsis scopulicola)

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Super Pedro (Echinopsis scopulicola)

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Cultivar San Pedro em casa

Esta planta precisa apenas de água e alguns nutrientes. O San Pedro prefere ambientes quentes e muita luminosidade. Como cresce naturalmente em encostas com solo rico, é aconselhável adicionar nutrientes de vez em quando, mas sem exageros, pois continua a ser um cato. Se o cultivar dentro de casa, escolha um local onde apanhe sol direto — o parapeito de uma janela virada a sul é o ideal. Nos dias de maior calor, agradece uma rega extra.

Se começar a partir de um segmento, deve deixá-lo secar até que a área do corte "cicatrize" completamente, antes de o plantar — só assim poderá lançar raízes e crescer, o que pode demorar até um ano. Cultivar a partir de sementes é trabalhoso e exige paciência, mas é muito recompensador!

San Pedro (Echinopsis pachanoi) – 20 sementes

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San Pedro (Echinopsis pachanoi) – 20 sementes

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A origem dos nossos cactos de mescalina

História do San Pedro

O cato San Pedro faz parte da história da humanidade há milénios. Originário da cordilheira dos Andes, estima-se que seja usado em práticas xamânicas no Peru há mais de 3 000 anos. Os registos mais antigos deste cato encontram-se num antigo templo Chavín, no norte do Peru, onde uma figura mítica é representada a segurar um San Pedro — os arqueólogos dataram este desenho em cerca de 1 300 a.C. A descoberta de um local de resíduos associado à cultura Chavín veio confirmar esta ligação, ao serem encontrados restos arqueológicos de charutos elaborados a partir do San Pedro.

Ao contrário de outros alucinogénios, o uso do San Pedro pelos seus efeitos psicoactivos mantém-se vivo até aos dias de hoje. Curiosamente, esta tradição escapou, em grande parte, à repressão dos colonizadores católicos, que quase eliminaram outras práticas semelhantes na região.