
O segredo dos preguiças tranquilos: um fungo com efeito semelhante ao Valium
Se pensa que os bichos-preguiça não podiam ser mais lentos, desengane-se. Existe uma espécie inteira viciada em sedativos. A natureza tem, de facto, um sentido de humor peculiar.
Com apenas 50 cm de comprimento, o bicho-preguiça-anão-de-três-dedos é a menor espécie conhecida desta família. Além do seu aspeto irresistível (e do facto de estar em perigo crítico de extinção), estas pequenas criaturas destacam-se por mais um motivo curioso: passam grande parte da vida sob o efeito de uma substância semelhante ao Valium. Isto explica muita coisa, não é?
As preguiças já são naturalmente conhecidas por serem animais muito lentos, mas esta espécie distingue-se por ser ainda mais vagarosa do que as restantes. Foi o investigador Bryon Voirin quem descobriu o fenómeno e, durante o seu trabalho de campo, reparou que era extremamente fácil apanhar estas preguiças devido ao seu comportamento extraordinariamente tranquilo.
Como e por que razão estão sempre tão relaxadas?
Esta espécie específica de preguiça existe apenas em Escudo, uma pequena ilha ao largo da costa do Panamá. Pensa-se que, ao longo de 9.000 anos, estes animais se adaptaram ao ambiente da ilha, desenvolvendo um gosto particular pelas folhas do mangue vermelho, sendo estas a única coisa que consomem. Quando colocadas noutras árvores, os investigadores notaram que as preguiças faziam questão de se deslocar, à sua maneira, para o mangue vermelho mais próximo. Curiosamente, foi descoberto que as folhas do mangue da ilha estavam infestadas com um fungo suspeito de ser responsável por um estado de constante letargia semelhante ao provocado pelo Valium.
As preguiças encontram-se tão entorpecidas que, em certas ocasiões, foram encontradas algas verdes e até traças a viver no seu pelo.
Esta descoberta surgiu quando Bryson e a sua equipa realizaram electroencefalogramas (EEG) aos cérebros das preguiças, comparando os resultados com os das suas congéneres do continente. Verificou-se que a atividade cerebral apresentada durante o sono era extremamente semelhante à de pessoas viciadas em Valium. Embora a hipótese de dependência de substâncias tivesse sido inicialmente rejeitada, esta tornou-se a teoria principal, estando agora a equipa a investigar o fungo com propriedades semelhantes ao Valium de forma mais aprofundada.
Se há um ser neste planeta que não precisa de abrandar e apreciar a paisagem, certamente não é a preguiça!
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