Dependência e abstinência do kratom

Kratom é uma substância utilizada há várias gerações no Sudeste Asiático. Nos últimos anos, tem vindo a ganhar cada vez mais adeptos na Europa e nos Estados Unidos. Conhecido pela sua capacidade singular de proporcionar duas experiências aparentemente opostas — uma estimulante e outra semelhante a um efeito opioide —, o kratom destaca-se como uma substância verdadeiramente peculiar e interessante.

Neste artigo, vamos abordar um tema menos empolgante, mas de grande importância: o potencial viciante do kratom. Continue a ler para ficar a par desta questão relevante.

O kratom é seguro?

A segurança do kratom tem sido alvo de bastante discussão. Não temos competência para afirmar, de forma definitiva, se é seguro ou não, por isso se procura uma resposta absoluta, não a encontrará aqui. Ainda assim, podemos apresentar os principais pontos deste debate e algumas informações relevantes.

De um lado, há quem defenda o kratom, dizendo que tem poucos efeitos negativos para a saúde e que o risco associado ao seu consumo é reduzido. Do outro, estão os que consideram o kratom uma substância perigosa, capaz de provocar dependência grave e que, por isso, deve ser completamente evitada.

No meio destas opiniões extremas, há também quem defenda que, apesar de certos riscos existirem, é possível consumir kratom de forma moderada e responsável, sem colocar a saúde em perigo. Destacam, assim, a importância do equilíbrio e moderação.

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O kratom causa dependência?

O principal perigo associado ao kratom é a possibilidade de desenvolver um distúrbio de uso de substâncias (DUS), ou seja, dependência.

Ainda não existem muitos estudos concretos para afirmar com certeza se o kratom causa dependência. No entanto, sabe-se que alguns dos compostos presentes na planta actuam sobre recetores de opioides e dopamina no cérebro — ambos frequentemente ligados à adição a várias drogas. Por mais que isto não prove que o kratom é de facto viciante, sugere que deve ser consumido com precaução e ponderação.

Um pequeno estudo revelou que pessoas que consumiram kratom de forma regular relataram sintomas de abstinência semelhantes aos dos opiáceos, ainda que mais ligeiros (Broyan, 2022).

Sintomas de abstinência do kratom

Os sintomas de abstinência do kratom podem variar bastante, indo de manifestações leves a mais severas. A lista seguinte apresenta alguns dos sintomas mais comuns, embora não inclua todos os possíveis. Alguns dos sintomas associados são:

• Náuseas: Pode manifestar-se como uma ligeira indisposição ou, em casos mais intensos, uma sensação acentuada de mal-estar.
• Insónia: Muitas pessoas têm dificuldade em adormecer ou manter o sono, e há casos em que só conseguem dormir após consumir kratom.
• Irritabilidade: É frequente surgirem sentimentos persistentes de intolerância ou mau humor durante a abstinência.
• Inquietação: A ansiedade e o nervosismo podem dificultar o relaxamento. Estes sintomas podem ser notados a nível físico ou manifestarem-se apenas internamente.
• Alterações de humor: Quem atravessa a abstinência pode notar mudanças bruscas e rápidas no estado emocional.
• Diarreia: Ao contrário do que acontece durante o consumo de opioides, que tende a provocar obstipação, a fase de abstinência do kratom pode causar diarreia.
• Dores musculares e rigidez nas articulações: Os músculos e as articulações podem ficar doridos, de forma semelhante ao que ocorre durante uma gripe.

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Sinais de dependência do kratom

Os primeiros sinais de dependência ou vício em kratom podem ser bastante subtis, dificultando a sua identificação. No entanto, é fundamental tentar reconhecê-los precocemente para que o problema possa ser abordado antes de se agravar.

Entre os principais sinais de dependência de kratom, destacam-se:

• Vontade de consumir com mais frequência: À medida que o organismo desenvolve tolerância, pode surgir a tendência para aumentar a dose e a frequência de utilização do kratom. Este aumento é uma resposta natural ao uso repetido, mas também é um dos principais factores para o desenvolvimento de um transtorno de uso de substâncias.
• Utilização em momentos indesejados: Caso sinta vontade de usar kratom em alturas em que previamente decidiu não o fazer, isto pode indicar o início de uma dependência. É normal mudar de ideias, mas este comportamento torna-se preocupante quando passa a ser recorrente.
• Dedicar muito tempo a pensar ou falar sobre kratom: À medida que o vício se desenvolve, o kratom tende a ocupar cada vez mais espaço nos pensamentos e conversas. Este padrão pode incluir pensamentos obsessivos e constantes sobre o consumo ou uma tendência para falar sobre o tema em situações pouco apropriadas.
• Esconder o consumo: Esconder o hábito de utilizar kratom é um sinal de alerta comum em quem sofre de dependências. Se reparar que está a esconder a sua utilização, ou nota este comportamento noutra pessoa, este é um sinal preocupante.
• Ajustar a vida em função do kratom: Tomar decisões que colocam o consumo de kratom à frente de outras áreas importantes da vida pode indicar a presença de uma dependência em desenvolvimento.
• Dificuldade em funcionar sem kratom: Se sente que não consegue desempenhar tarefas do dia-a-dia, trabalhar, socializar ou dormir sem recorrer ao kratom, isto pode ser motivo de preocupação. Sentir necessidade da substância para conseguir ter uma vida normal é um sinal de dependência.

Como é tratada a dependência do kratom?

A abordagem ao tratamento da dependência de kratom varia conforme a gravidade da situação.

Em casos menos severos, pode passar apenas pela interrupção do consumo e pela gestão dos sintomas de abstinência, com o apoio tanto de profissionais de saúde como de familiares e amigos próximos. Em situações mais complicadas, podem recorrer-se a medicamentos (Bin Abdullah, 2020). Estas são algumas opções utilizadas no tratamento da dependência de kratom:

• Buprenorfina-naloxona sublingual (Suboxone)
• Clonidina (administração intravenosa)
• Combinado oral de di-hidrocodeína e lofexidina

Kratom Shot Pronto a Beber 80mg (Zamnesia)

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Gerir o consumo de kratom

Não se sabe ao certo qual a segurança do consumo de kratom. No entanto, está claro que a sua utilização pode apresentar riscos, sobretudo se for feita de forma irresponsável. Por isso, se está a pensar experimentar kratom, recomendamos que faça uma pesquisa aprofundada aqui para compreender melhor esta substância e os perigos associados. Tal como acontece com a maioria das drogas, os piores efeitos podem ser evitados com informação sólida e um consumo responsável — e isto implica igualmente conhecer-se a si próprio!

Se decidir consumir kratom, lembre-se de que não se trata de uma substância inofensiva, por isso deve ser encarado com cautela e respeito.

Max Sargent

O Max dedica-se à escrita há mais de dez anos e, nos últimos tempos, concentrou-se no jornalismo sobre canábis e psicadélicos. Ao colaborar com empresas como a Zamnesia, Royal Queen Seeds, Cannaconnection, Gorilla Seeds, MushMagic, entre outras, adquiriu uma vasta experiência em diferentes áreas deste setor.

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