Alimentos que podem causar alucinações

Os alimentos podem, por vezes, ter um impacto profundo não só no nosso corpo, mas também na nossa mente. Conseguem provocar um leque diversificado de sensações, desde alegria a tristeza e tudo o que está pelo meio. Recorda-te daquela exaustão estranhamente satisfatória depois de um grande assado de peru? É verdade que a tia Mildred a ser chata também pode ter contribuído, mas percebes a ideia.

No entanto, alguns alimentos vão muito além disso e podem desencadear efeitos quase psicadélicos. Certos ingredientes podem provocar alucinações, visões e outros sintomas que até fazem muitos entorpecentes parecerem banais. Curiosamente, alguns destes alimentos que provocam alucinações são perfeitamente comuns e fáceis de encontrar. Aqui fica uma lista de alimentos que podem induzir alucinações.

1. Peixe

O termo curioso "Ichthyoallyeinotoxism" refere-se à intoxicação alucinogénica causada pelo consumo de certos peixes — um fenómeno comparável aos efeitos do LSD. No entanto, nem todos os peixes, estejam frescos ou não, provocam este tipo de experiência. Os efeitos psicadélicos, que incluem alucinações visuais e auditivas, estão normalmente associados apenas ao consumo de algumas espécies específicas.

Não se sabe ao certo se as toxinas responsáveis pelas alucinações são criadas pelos próprios peixes ou se resultam das algas de que se alimentam. Existem, contudo, diversos relatos de pessoas que tiveram experiências fascinantes após comerem peixe deste tipo. Um caso célebre ocorreu em Cannes, onde um homem começou por pensar ter apenas uma intoxicação alimentar comum após consumir dourada, mas acabou por ver "animais agressivos e aos gritos" e "artrópodes gigantes". A dourada, em particular a cabeça, é conhecida por, ocasionalmente, provocar este género de efeitos.

Diz-se até que, na Roma Antiga, a dourada era consumida propositadamente para desencadear estas experiências alucinogénicas quando se procurava algo mais fora do comum. Contudo, é importante referir que as alucinações provocadas por esta intoxicação podem durar vários dias e, em certos casos, deixar quem as experimenta sem vontade de comer peixe novamente — por isso, convém ter cuidado.

2. Pão de centeio

Na Idade Média, era bastante comum as pessoas terem experiências psicadélicas, sem ninguém perceber realmente o porquê. A explicação habitual — compreensível para a época — era a possessão por demónios, até porque, além das alucinações, quem passava por isso sofria convulsões graves e outros sintomas assustadores. E, infelizmente, muitos não sobreviviam a esses episódios terríveis.

Hoje, já sabemos a verdade. Não eram entidades malignas, mas sim pão de centeio contaminado. O centeio pode ser afetado por um fungo chamado esporão-do-centeio, que contém ergotamina, uma substância precursora do LSD. Quando este fungo invade o pão de centeio, tudo pode tornar-se bastante psicadélico.

Devido aos efeitos alucinogénios e físicos assustadores provocados pelo centeio contaminado, alguns historiadores acreditam agora que essas experiências terão contribuído para o clima de histeria coletiva que acabou por motivar os julgamentos das Bruxas de Salem. Como a intoxicação pelo esporão-do-centeio pode ser fatal, fica o aviso: esqueça ideias de consumir pão de centeio com bolor se quiser evitar problemas sérios.

3. CAFEÍNA

Não é propriamente a cafeína em si que provoca alucinações, mas um estudo de 2009 revelou uma ligação curiosa entre o consumo de cafeína e a ocorrência de alucinações. Os investigadores procuravam perceber melhor as experiências psicóticas e as percepções invulgares que podem acontecer no dia a dia — como aquelas situações em que até pessoas "normais" juram ver algo estranho ou sentem uma presença inexplicável.

O que concluíram foi que a cafeína faz aumentar os níveis de cortisol, a hormona associada ao stress, o que nos deixa mais ansiosos e até ligeiramente paranoicos. Ou seja, bastam algumas chávenas de café para começarmos a ver ou ouvir coisas com mais frequência — inclusive aquelas experiências perturbadoras que classificamos como alucinações. Por tudo isto, a cafeína merece estar incluída na nossa lista.

4. Pimentos picantes

Os aficionados das malaguetas conhecem bem os intensos efeitos de consumir pimentos extremamente picantes. Para além de proporcionarem verdadeiras "viagens", há indícios de que podem fazer mais do que simplesmente desafiar os nossos limites.

Um exemplo curioso é o do consultor de radiologia britânico sr. Rothwell, que decidiu provar o chamado "caril mais picante do mundo", feito com 20 malaguetas Naga Infinity. O efeito foi tão forte que, segundo relatos, acabou mesmo por experienciar alucinações.

Também Marshall Terry viveu algo semelhante depois de provar uma Carolina Reaper, conhecida como a pimenta mais picante do planeta.

Embora estes relatos de experiências alucinogénicas com malaguetas possam soar improváveis, é relevante saber que estas pertencem à mesma família botânica das batatas, do tabaco e da beladona. O tabaco é conhecido pelos seus efeitos psicológicos, ainda que leves, e a beladona pode ser altamente tóxica. Assim, não admira que malaguetas verdadeiramente intensas – muito acima do simples Jalapeño – possam levar a estes efeitos! Ainda assim, dificilmente serão uma opção prática para quem procura alterar estados de consciência.

5. Noz-moscada

A noz-moscada não é apenas um tempero para dar sabor aos bolos e sobremesas. Esta especiaria pode ser surpreendentemente potente como alucinogéneo, se consumida em quantidades adequadas. Basta ingerir entre 5 a 15 gramas de noz-moscada moída para sentir efeitos intensos (o que pode parecer pouco, mas comer esta dose não é nada fácil). O composto activo presente, a miristicina, é um precursor químico do MMDA, tornando-a eficaz do ponto de vista psicoactivo.

No entanto, consumir noz-moscada com o propósito de sentir estes efeitos tem algumas desvantagens (ou vantagens, dependendo da perspectiva). Por um lado, os efeitos podem demorar bastante tempo a surgir—até 8 horas após o consumo. Por outro, quando começam, podem durar muito tempo, por vezes dias inteiros. Portanto, se estiver curioso por experimentar, tenha isto em consideração. Entre os efeitos indesejados mais comuns estão fadiga e dores de cabeça. É também frequente perder o entusiasmo pela experiência, mas ser obrigado a aguentar os efeitos por mais tempo.

6. Sementes de papoila

Nem todas as variedades de papoila têm este efeito, mas existe uma espécie cujas sementes contêm pequenas quantidades de alcaloides opiáceos. Curiosamente, estas sementes são amplamente utilizadas na indústria alimentar. No entanto, não são conhecidos casos de pessoas que tenham tido alucinações só por comerem uma bagel com algumas sementes por cima. Na verdade, seria necessário consumir uma quantidade significativa destas sementes para sentir algum efeito.

7. Queijo

Um estudo realizado em 2005 por especialistas da The British Cheese Board revelou que a maioria das pessoas teve "sonhos estranhos e intensos" depois de consumir queijo Stilton antes de dormir. Outras variedades, como certos tipos de queijo azul, também parecem potenciar sonhos especialmente vívidos.

Ainda não se sabe ao certo o que torna o queijo responsável por estes sonhos. Uma hipótese aponta para o aminoácido triptofano, uma substância com efeito relaxante, mas outros alimentos ricos em triptofano (como ovos ou tofu) não parecem provocar o mesmo fenómeno.

Outra explicação possível é o facto de o queijo ser de digestão mais lenta, mantendo assim o corpo e o cérebro mais ativos durante a noite, o que pode levar a estes sonhos intensos.

8. AMORAS

Existem relatos que sugerem que consumir grandes quantidades de amoras ainda verdes, os rebentos ou a seiva pode causar efeitos alucinogénios — embora a maioria desses testemunhos sejam meramente anedóticos. No entanto, antes de ponderar experimentar amoras à procura de "investigação psicadélica", convém ter em conta que os frutos ainda não maduros podem provocar um enorme mal-estar. Seria necessário ingerir bastantes destas amoras para sentir algum efeito, o que muito provavelmente resultaria em vómitos intensos. Vomitar incessantemente não será, com certeza, o que deseja numa experiência deste tipo, pelo que talvez queira reconsiderar se realmente vale a pena…

9. Cogumelos mágicos

Os alimentos mencionados acima, capazes de induzir alucinações, são relativamente comuns e podem ser adquiridos legalmente na maioria dos locais. No entanto, muitos deles apresentam efeitos secundários estranhos e, por vezes, desagradáveis, o que pode desmotivar os curiosos a experimentá-los.

Finalizamos assim a nossa lista de alimentos que podem provocar alucinações com os cogumelos mágicos – uma opção que, apesar de ser um alimento, não se encontra disponível no supermercado do bairro.

Os cogumelos mágicos distinguem-se por terem efeitos e dosagens normalmente bem conhecidas entre os utilizadores mais experientes. Além disso, não costumam trazer os problemas associados aos outros alimentos referidos. São, portanto, uma escolha fiável e popular entre os psiconautas que procuram explorar a mente sem surpresas indesejadas.

Luke Sholl

Luke Sholl dedica-se há mais de dez anos a escrever sobre a cannabis, o potencial dos canabinóides para o bem-estar e os benefícios naturais. Colabora com várias publicações especializadas em canabinóides, produzindo conteúdos digitais diversificados, sempre sustentados por um profundo conhecimento técnico e uma pesquisa rigorosa.

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