Animais que nos podem provocar estados de euforia

Não fomos nós, humanos, os pioneiros a descobrir o prazer de alterar a consciência com substâncias estimulantes. Diversas espécies animais já se divertiam com cogumelos mágicos, frutas fermentadas ou folhas de coca muito antes do aparecimento da nossa espécie. Conhecem-se casos de aves embriagadas a cair do céu, wallabies na Tasmânia completamente «pedradas» a andar em círculos, e até macacos nas Caraíbas—embora a maioria beba com moderação, cerca de 12% são considerados «grandes apreciadores» de álcool.

Era inevitável que, mais cedo ou mais tarde, o ser humano também se juntasse à festa, experimentando várias substâncias em busca de sensações novas. No entanto, as plantas não são o único reino a oferecer experiências surpreendentes. Surpreendentemente, há animais capazes de nos induzir estados alterados só por si. Vamos descobrir que espécies vão para além do aspeto exótico e podem mesmo provocar efeitos intoxicantes no ser humano.

Escorpião

O uso do veneno de escorpião como substância narcótica é relativamente comum em algumas regiões do Paquistão, Índia e Sudeste Asiático. Nessas zonas, o processo consiste em apanhar escorpiões, secá-los e triturá-los até obter um pó. Depois, este pó pode ser fumado diretamente ou misturado com tabaco ou haxixe.

Pessoas que experimentaram fumar o veneno relatam efeitos alucinogénicos bastante intensos, que podem durar horas. No entanto, antes de sequer pensar em experimentar, é importante saber que o veneno de escorpião está longe de ser inofensivo. Algumas espécies provocam apenas efeitos muito desagradáveis, como insónia e perturbações do sono, enquanto outras podem ser absolutamente letais.

Em vez de ir atrás de escorpiões para os triturar (um processo bastante repulsivo, diga-se), talvez valha a pena explorar alternativas muito mais seguras e saudáveis, como o Stargate2.0 – um extracto de plantas que induz sensações de euforia e prazer, sem os efeitos secundários perigosos, nomeadamente a possibilidade de morte.

COBRA

Em algumas zonas da Índia, existe uma nova tendência entre consumidores de drogas pesadas: ingerir veneno de cobra como alternativa a substâncias como a heroína e a cocaína.

“Queres comprar veneno de cobra?”

Antigamente, os encantadores de serpentes limitavam-se a mostrar o seu talento; hoje, alguns aproveitam para aumentar os seus rendimentos, traficando veneno no mercado negro. Criou-se assim toda uma cadeia ilegal: pessoas especializadas a capturar cobras, outras encarregues de extrair o veneno e intermediários que o distribuem. Tudo isto decorre clandestinamente, já que é totalmente ilegal.

“Jovens adoram o veneno de cobra para se sentirem alterados”

O antigo encantador de serpentes tornou-se agora também traficante de veneno, adquirindo novas competências. O método para extrair o veneno consiste em "ordenhar" a cobra; depois, o veneno é misturado num copo de água. Para obter todos os efeitos desejados, deve ser bebido em menos de cinco segundos. Há consumidores que chegam a tomar o veneno até com pão ao pequeno-almoço, tal é o fascínio pela substância.

Sabe-se pouco sobre o efeito do veneno de cobra para além dos perigos óbvios, que têm deixado médicos indianos alarmados. Ser mordido por uma cobra venenosa não é, de todo, uma tentação para a maioria das pessoas.

Os efeitos desta toxina podem ser gravemente nocivos e, quando dizemos nocivos, falamos de consequências potencialmente fatais. Por isso, se prezar a sua saúde – e a vida – o melhor é manter-se afastado do veneno de cobra e da sua "moca" perigosa.

Sapos

O mito de que se pode ficar sob o efeito de substâncias psicotrópicas ao lamber sapos já é antigo, mas está longe de ser verdade. Contudo, existem algumas espécies de sapos, como a Bufo alvarius, encontrada no deserto de Sonora, no México, e em partes do sul do Texas, que produzem na realidade um veneno alucinogénio bastante potente.

O sapo não produz este veneno para ser lambido, mas sim através de glândulas presentes em "cornos" localizados na cabeça, que libertam bufotoxinas – e sim, estas podem levar a uma experiência psicadélica intensa! O veneno libertado pelo Bufo contém uma quantidade significativa de 5-MEO-DMT, considerado um dos alucinogénios mais poderosos do mundo. Para consumo, o veneno é extraído das glândulas do sapo, seco e depois fumado.

Acredita-se que as populações nativas destas regiões já conheciam os efeitos psicadélicos destes sapos desde tempos ancestrais. Hoje em dia, ainda há quem percorra o deserto à procura do Bufo alvarius em busca de experiências intensas. Embora não seja ilegal possuir um sapo Bufo, a extração e comercialização da bufotoxina é proibida, devido à sua elevada potência, equiparando-se a outras drogas consideradas duras.

Para saber mais sobre experiências psicadélicas com o sapo Bufo alvarius, poderá explorar o artigo 5-MEO-DMT E O Profeta do Sapo.

ABELHAS

Pode parecer estranho ver as abelhas incluídas na nossa lista de animais com efeitos psicoactivos, mas há uma boa razão para isso – deixe-nos explicar.

O mel tem sido considerado um tesouro repleto de benefícios para a saúde desde tempos muito anteriores à civilização moderna. Sabe-se que culturas pré-históricas já valorizavam profundamente o mel, tratando-o como um verdadeiro presente dos deuses, muito antes de civilizações como a do Egipto Antigo. Existem até tumbas antigas na China onde foram encontrados frascos de mel, ainda em bom estado para consumo(!), um testemunho do seu valor tanto nutritivo como espiritual.

Hoje em dia, reconhece-se que o mel apresenta várias propriedades medicinais: acredita-se que fortalece o sistema imunitário, alivia sintomas de constipação ou gripe e claro, tem um sabor irresistível!

Mas e quanto ao “efeito alucinogéneo”? Já deve saber que as abelhas produzem mel a partir do pólen das flores que recolhem. Curiosamente, há abelhas que se deixam seduzir pela planta Atropa belladonna, mais conhecida como beladona ou erva-moura-mortal, uma das espécies mais alucinogénias existentes. Assim, quando as abelhas recolhem pólen desta planta altamente potente, o mel produzido pode resultar numa experiência verdadeiramente única – o chamado mel alucinogéneo de beladona!

Dizem que este raro mel, nas regiões onde ocorre, possui efeitos psicadélicos que podem alterar a perceção, induzindo sensações de euforia e até alucinações. Embora seja pouco comum, há locais pelo mundo onde, ocasionalmente, é comercializado sob a forma de licor. Agora já percebe por que razão as abelhas integram o nosso top especial!

ESPANHOLA

A conhecida "mosca espanhola" é uma das adições menos óbvias desta lista. Antigamente, era bastante utilizada em farmácias tradicionais por toda a Europa como afrodisíaco. Em França, o seu uso tornou-se especialmente conhecido devido ao controverso Marquês de Sade, que terá dado a substância a prostitutas durante uma orgia. Contudo, o resultado foi tudo menos positivo: em vez de despertar o desejo sexual das senhoras, provocou a sua morte.

Na verdade, a "Spanish Fly" é um escaravelho verde que possui cantharidina, a sua substância activa, na carapaça. Este composto é extremamente potente e pode causar queimaduras e bolhas na pele, razão pela qual estes insetos de aparência inofensiva são também designados por "besouros-da-bolha". Hoje em dia, a cantharidina é usada, em concentrações muito diluídas, em tratamentos para remoção de verrugas e tatuagens.

No que respeita às suas alegadas propriedades afrodisíacas, é provável que as vítimas do Marquês de Sade não tenham sido as únicas a descobrir, da pior maneira, que este "remédio" não funciona propriamente bem. É verdade que pequenas doses podem provocar um fluxo de sangue para o pénis, originando uma ereção. No entanto, será difícil justificar os perigos — que incluem queimaduras, vómitos e até a possibilidade de morte — apenas pelo benefício de uma ereção. Resumindo: está longe de ser uma boa ideia! De qualquer forma, se a sua avó alguma vez lhe trouxe uma "Spanish Fly autêntica" das férias no México, pode descansar: é quase certo que era apenas uma imitação inofensiva.

VENENO DE VESPA

Existem indícios de que o veneno de vespa possui propriedades psicoativas invulgares. Um utilizador do Erowid relatou ter sido picado por várias destas criaturas amarelas, o que lhe provocou uma estranha sensação de euforia e foco mental, acompanhada por um inesperado aumento do desejo sexual.

A investigação científica sobre o veneno de vespa revela que, ao picarem, as vespas injetam neurotransmissores, como a noradrenalina, diretamente na corrente sanguínea, causando a constrição de pequenas artérias nos seres humanos. Consequentemente, o fluxo sanguíneo diminui e o veneno permanece confinado a uma área restrita, provocando apenas efeitos locais.

A noradrenalina é conhecida por melhorar a concentração, a clareza mental e por potenciar o desejo sexual. Ou seja, a experiência invulgar descrita por este utilizador tem algum apoio científico! Ainda assim, deixar-se picar por um grupo de vespas à procura de sensações fortes é uma ideia pouco sensata e perigosa, mesmo que o veneno produza estes efeitos. Talvez seja melhor explorar alternativas que proporcionem momentos agradáveis, sem colocar a saúde em risco.

Adam Parsons

Adam Parsons é jornalista profissional especializado em canábis, copywriter e autor, integrando há vários anos a equipa da Zamnesia. Responsável por abordar uma vasta gama de temas, desde o CBD aos psicadélicos, entre outros, Adam dedica-se à criação de artigos de blog, guias e à exploração contínua de uma oferta de produtos cada vez mais diversificada.

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