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The Top 10 Medical Cannabis Strains
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Como escolher a variedade medicinal adequada para si

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Escolher a variedade de canábis medicinal mais adequada às suas necessidades pode ser mais complicado do que imagina. Com a constante chegada de novas genéticas ao mercado, a oferta disponível para quem cultiva canábis medicinal é cada vez maior. Neste blogue, vamos ajudá-lo a tomar a melhor decisão.

Os tempos estão a mudar

Durante o sombrio período dos anos 1930, destacou-se Earle Albert Rowell, um fervoroso opositor da canábis. Rowell era tão intransigente que chegou a criticar as autoridades por, na sua opinião, não fazerem o suficiente para erradicar a planta e prender os seus consumidores. No seu manifesto de 8 pontos contra a canábis, Rowell descreveu os supostos malefícios do consumo de canábis.

No ponto 7, afirma que a canábis “provoca loucura, sendo esse o seu efeito principal”. Porém, o nosso favorito é logo o ponto 1, onde afirma que a erva "destrói a força de vontade, transformando o utilizador numa autêntica medusa".

O cannabis está a entrar no campo da medicina

O cannabis está a entrar no campo da medicina

O uso do cannabis como planta medicinal remonta a milhares de anos. Há registos do seu emprego terapêutico desde 2737 a.C. Durante séculos, esta planta desempenhou um papel importante como substância medicinal, até começar a ser proibida em larga escala no início do século XX.

A legalização do cannabis em determinados países trouxe de volta o interesse no seu uso medicinal. As primeiras investigações revelam que os canabinóides — compostos presentes na planta — têm um potencial bastante diversificado.

O CBD, pertencente a esta classe química, tem vindo a demonstrar efeitos promissores em ensaios com animais e em alguns estudos em humanos. Até agora, identificaram-se possíveis propriedades ansiolíticas, anti-inflamatórias, neuroprotetoras e anticonvulsivantes. Estudos realizados in vitro (investigação em modelos celulares) apontaram ainda que o CBD pode destruir células cancerígenas da mama. Por não ter efeitos psicotrópicos, o CBD tornou-se acessível e legal em várias nações.

Já o THC, outro canabinóide muito presente no cannabis, é conhecido pelos seus efeitos psicoativos. Apesar da controvérsia, o THC também revelou benefícios terapêuticos em investigações científicas. Em estudos celulares, com animais e em humanos, mostrou potencial no tratamento da dor, da doença de Alzheimer e de Parkinson.[8]

CBD e THC são apenas dois dos mais de cem canabinóides identificados na planta de cannabis. O que dizem as investigações sobre os restantes compostos?

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Os canabinóides não se encontram apenas na canábis. Aqueles presentes nas plantas são conhecidos na ciência como fitocanabinóides, e já foram identificados pelo menos 113.

Também o organismo humano produz os seus próprios canabinóides, chamados endocanabinóides. Estas substâncias químicas – como a anandamida, conhecida como a "molécula da felicidade" – atuam como sinalizadores nos recetores CB1 e CB2 do sistema endocanabinóide. Esta rede corporal está envolvida em processos tão variados como a dor, o humor, a memória ou o apetite.

Existem ainda canabinóides criados em laboratório: são os chamados canabinóides sintéticos.

O CBD e o THC são os fitocanabinóides mais estudados. Interagem em parte com os mesmos recetores que os endocanabinóides. O THC imita eficazmente a anandamida no recetor CB1. O CBD, por outro lado, não atua de forma direta; em vez disso, interfere de modo indireto, conseguindo reduzir parcialmente a ligação do THC ao recetor CB1.

A ciência tem vindo também a explorar alguns canabinóides menos conhecidos. Embora a investigação nesta área ainda esteja numa fase precoce, alguns resultados são já promissores:

  • CBG (canabigerol) é o composto precursor de muitos outros canabinóides. As enzimas da planta catalisam as reações que o convertem em THCA, CBDA e outros canabinóides. O “A” nestas siglas refere-se à forma ácida que existe na planta antes de ser sujeita ao calor. O CBG surge em pequenas concentrações na maioria das variedades de canábis. Este canabinóide atua como bloqueador parcial dos recetores CB1 e também liga-se aos recetores vaniloides e de serotonina. Os estudos até ao momento indicam potenciais efeitos antibacterianos, antidepressivos e relaxantes musculares.
  • CBC (canabicromeno) é outro canabinóide importante que foi isolado da canábis. A presença média em amostras apreendidas é apenas de cerca de 0,3%, mas algumas variedades comerciais ou medicinais apresentam níveis substancialmente superiores. Este composto atua principalmente nos recetores CB2 e tem pouca interação com os CB1. Sendo um canabinóide não psicotrópico, o CBC revelou efeitos anti-inflamatórios e analgésicos em investigações iniciais.
  • THCV (tetrahidrocanabivarina) é um análogo do THC que aparece em quantidades reduzidas na maioria das variedades, embora possam existir plantas com até 16% de THCV. Esta molécula age ao ligar-se e bloquear os recetores CB1. Diversos estudos demonstraram potencial para a perda de peso e efeitos anti-inflamatórios.

Estes são apenas alguns dos canabinóides mais bem compreendidos, mas existe uma vasta gama por estudar em detalhe.

À medida que os canabinóides ocupam um lugar de destaque na medicina, é previsível que surjam novas variedades de canábis ricas em compostos como CBG, THCV, CBC, entre outros – tal como já acontece com o CBD.

Descubra o seu sistema endocanabinóide

DESCUBRA O SEU SISTEMA ENDOCANABINÓIDE

Todos os seres humanos possuem um sistema endocanabinóide, preparado para ser ativado. Somos todos diferentes, por isso, cada pessoa reage de forma única. Não existe uma resposta uniforme ao uso de canábis medicinal, já que cada utilizador sente efeitos ligeiramente distintos.

Cabe a quem cultiva canábis em casa para fins medicinais explorar diferentes variedades e perfis genéticos. Para utilizadores de canábis medicinal, experimentar várias estirpes e ajustar as doses é fundamental para perceber o que resulta melhor.

Infelizmente, encontrar informação científica atual, rigorosa e imparcial pode ser um desafio nos dias de hoje. A experiência pessoal e a partilha de vivências com outros utilizadores de canábis para fins terapêuticos acabam, muitas vezes, por ser mais esclarecedoras do que qualquer estudo académico.

Conheça as classificações: Sativa, Indica, híbridas, autoflorescentes e ricas em CBD

O nome botânico e legal mais reconhecido da canábis é Cannabis sativa L. No entanto, na prática, é comum dividir a marijuana em cinco grandes categorias, apresentadas abaixo. Optámos por excluir o cânhamo, uma vez que se destina sobretudo a usos industriais.

SATIVASativa

Hoje em dia é praticamente impossível encontrar canábis sativa pura, embora existam muitas variedades híbridas com predominância sativa. As plantas de sativa são conhecidas pelos seus efeitos estimulantes, energéticos e pelas sensações cerebrais que proporcionam. Normalmente apresentam teores elevados de THC e baixos ou inexistentes níveis de CBD. No âmbito medicinal, a sativa é mais indicada para tratar condições como depressão e ansiedade. Sendo variedades que atingem grande altura e têm um ciclo de floração longo, uma variedade quase pura de sativa pode precisar de três meses ou mais para florescer, sendo frequentemente necessário recorrer à poda e treino para controlar a altura das plantas.

INDICAIndica

Variedades clássicas de índica, como Kush e Northern Lights, são conhecidas na utilização medicinal da canábis. Com níveis elevados de THC e normalmente mais de 1% de CBD, as plantas de índica destacam-se perante as sativa para pacientes com problemas de saúde física. Os seus efeitos mais relaxantes e sedativos, típicos das melhores genéticas de índica, têm sido valorizados desde sempre pelo seu contributo para o alívio da dor e para ajudar a dormir. Com um período de floração entre 7 a 9 semanas, as variedades índica são ideais para cultivadores medicinais que disponham de pouco espaço ou tempo para o cultivo.

HÍBRIDOSHíbridos

Nesta secção, referimo-nos a variedades de canábis fotoperiódicas que são cruzamentos entre indica e sativa. Como seria de esperar, os híbridos apresentam potências muito variadas, que podem ir de níveis baixos a extremamente elevados. Actualmente, é comum encontrarmos híbridos modernos com teores cada vez mais altos de THC e algum CBD (normalmente não ultrapassa 1%). Estes híbridos conseguem proporcionar um efeito que combina sensação de euforia mental com relaxamento corporal, em diferentes intensidades conforme a genética.

Hoje em dia, a grande maioria dos cultivadores prefere híbridos, pois as variedades autóctones são cada vez mais raras. O ciclo de floração destes híbridos de qualidade ronda habitualmente as 8 a 10 semanas, sendo marcados por um crescimento vigoroso. O Remo Chemo é um novo híbrido de predominância indica, capaz de atingir teores de THC até 24%.

AUTOFLOWERINGAutoflorescentes

As modernas variedades autoflorescentes de cannabis deixaram de ser plantas pequenas de ruderalis. Atualmente, estas genéticas são uma fusão de indica, sativa e ruderalis, apresentando níveis de potência semelhantes aos das variedades fotoperiódicas. O maior trunfo das autoflorescentes é o ciclo de crescimento extremamente rápido: em apenas 8 a 12 semanas é possível colher desde a semente. Mais recentemente, surgiram no mercado opções ricas em CBD.

As autoflorescentes ricas em CBD são ideais para quem cultiva ao ar livre e tem pouco espaço ou verões curtos. Para quem procura uma solução medicinal rápida e eficiente, são sem dúvida a melhor escolha.

CBD-RICHRica em CBD

A cannabis rica em CBD veio revolucionar o universo da canábis medicinal. Ao invés de se concentrarem apenas em variedades com elevados teores de THC, os cultivadores apostam agora em genéticas medicinais com alto teor de CBD. Atualmente, existe uma grande oferta de híbridos fotoperiódicos e automáticos ricos em CBD, que rapidamente se estão a tornar das escolhas preferidas entre quem cultiva canábis para fins medicinais.

Acredita-se que os extratos de planta inteira com uma proporção 1:1 de THC:CBD tenham o maior potencial terapêutico. CBD Critical Mass e Dance World são duas variedades produtivas ricas em CBD com níveis de THC e CBD relativamente equilibrados. Em apenas 8-9 semanas de floração a 12/12, é possível obter cerca de 500g/m² de canábis medicinal com estas genéticas de fácil cultivo e elevado rendimento.

CBD Critical Mass

CBD Critical Mass (CBD Crew)

A CBD Critical Mass apresenta características de crescimento predominantemente indica, semelhantes à versão original Critical Mass, muito apreciada por produtores comerciais. A grande diferença está no seu teor de CBD, que varia entre 5% e 10%, sendo praticamente equivalente ao de THC. Esta variedade medicinal é uma excelente opção para iniciantes e adapta-se facilmente a diferentes tipos de substrato. A CBD Critical Mass é especialmente indicada para cultivos utilizando o método SOG.

Dance World

DANCE WORLD (ROYAL QUEEN SEEDS)

Dance World é uma híbrida de predominância sativa, nascida do cruzamento das consagradas variedades Dancehall e Juanita la Lagrimosa. Esta genética medicinal distingue-se por emitir pouco aroma durante o cultivo, apresentando um sabor marcadamente terroso, picante e com notas frutadas. Os teores de THC e CBD costumam ser equilibrados, com cerca de 10% e 12%, respetivamente. O efeito é suave, mas proporciona uma sensação energética e estimulante, tornando esta variedade indicada para uso medicinal durante o dia. Além disso, Dance World possui uma estrutura mais compacta, típica de índica, sendo ideal para espaços de cultivo reduzidos e especialmente adequada para a técnica SOG.

Escolha a sua variedade com base nos canabinóides e na genética

Os nomes de marcas apelativos, parcerias com celebridades, opiniões infundadas e publicidade enganosa tentarão influenciar a sua decisão. Não se deixe levar. A melhor forma de encontrar a variedade de canábis medicinal adequada é pesquisar por si próprio. Uma boa orientação é ter em conta os canabinóides e a genética ao fazer a escolha. Converse diretamente com outros cultivadores de canábis medicinal sempre que possível. Além disso, blogs criados por e para produtores, como este, também são excelentes fontes de informação.

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Faça o download de um Budtender digital

Se ainda tiver dúvidas sobre que variedade de canábis medicinal escolher, não se preocupe – existe uma aplicação para isso. O Potbot funciona como um Budtender digital para a canábis medicinal. Basta indicar o Colorado como o seu estado aquando do registo para ter acesso a todas as funcionalidades. Esta aplicação útil disponibiliza informações sobre os efeitos de canabinóides específicos em várias condições médicas. Agora já pode encontrar a variedade ideal de canábis medicinal e começar a cultivar.

Luke Sumpter
Luke Sumpter
Detentor de uma licenciatura em Ciências da Saúde Clínica, Luke Sumpter dedica-se há mais de sete anos ao jornalismo e à escrita, explorando a ligação entre a ciência e o mundo da canábis, unido pela sua paixão pelo cultivo de plantas.
Referências
  • (2015/04/01). Cannabidiol (CBD) and its analogs: a review of their effects on inflammation - ScienceDirect - https://www.sciencedirect.com
  • (n.d.). Cannabidiol and (−)Δ9-tetrahydrocannabinol are neuroprotective antioxidants | PNAS - https://www.pnas.org
  • (n.d.). - https://www.nejm.org
  • (n.d.). - https://mct.aacrjournals.org
  • (2007/12/15). Sativex successfully treats neuropathic pain characterised by allodynia: A randomised, double-blind, placebo-controlled clinical trial - ScienceDirect - https://www.sciencedirect.com
  • (n.d.). Error - Cookies Turned Off - https://onlinelibrary.wiley.com
  • (2017/01/01). Cannabis Pharmacology: The Usual Suspects and a Few Promising Leads - ScienceDirect - https://www.sciencedirect.com
  • (n.d.). - https://cannabiscoalition.ca
  • Bergamaschi, Mateus M, Queiroz, Regina Helena Costa, Chagas, Marcos Hortes Nisihara, de Oliveira, Danielle Chaves Gomes, De Martinis, Bruno Spinosa, Kapczinski, Flávio, Quevedo, João, Roesler, Rafael, Schröder, Nadja, Nardi, Antonio E, Martín-Santos, & Rocio. (2011, Maio). Cannabidiol Reduces the Anxiety Induced by Simulated Public Speaking in Treatment-Naïve Social Phobia Patients | Neuropsychopharmacology - https://www.nature.com
  • Cao, Chuanhai, Li, Yaqiong, Liu, Hui, Bai, Ge, Mayl, Jonathan, Lin, Xiaoyang, Sutherland, Kyle, Nabar, Neel, Cai, & Jianfeng. (2014/01/01). The Potential Therapeutic Effects of THC on Alzheimer's Disease - IOS Press - https://content.iospress.com
  • Ethan B Russo. (2011, Agosto). Taming THC: potential cannabis synergy and phytocannabinoid-terpenoid entourage effects - https://www.ncbi.nlm.nih.gov
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