Guia completo para iniciantes sobre diferentes técnicas de treino de plantas de canábis
Quando falamos em treinar as suas plantas de canábis, não estamos a sugerir que lhes coloque uma faixa na cabeça e as faça levantar pesos! O treino de canábis engloba um conjunto de técnicas que, ao submeterem as plantas a algum stress, visam aumentar a produção e tornar as plantas mais robustas e resistentes. Descubra tudo sobre estes métodos aqui.
Sejam variedades feminizadas fotoperiódicas que atingem grandes dimensões ou automáticas que praticamente se desenvolvem sozinhas, a oferta de genéticas de cannabis é realmente vasta. Normalmente, os cultivadores só precisam de fazer a manutenção básica para garantir colheitas generosas de flores de qualidade. No entanto, ao adotar certas técnicas específicas, é possível não só maximizar o rendimento, mas também aumentar a resistência das plantas e controlar o seu desenvolvimento. Estas práticas, conhecidas como técnicas de treino, englobam métodos de baixo e alto stress que permitem tirar o máximo partido da sua cultura de cannabis. Neste artigo, explicamos tudo o que precisa de saber.
Por que motivo se treina as plantas de cannabis
Pode parecer estranho impor algum nível de stress às plantas de canábis, mas, tal como acontece com quase tudo na vida, o segredo está no momento certo — e é fundamental aguardar até que as plantas tenham força suficiente para suportar estes métodos. Embora as várias técnicas tenham nuances, geralmente o treino realiza-se na fase vegetativa, quando a planta desenvolve novas folhas. Para garantir o melhor resultado, recomenda-se esperar até que a planta tenha pelo menos três pares de folhas verdadeiras. Se começar demasiado cedo, existe o risco de prejudicar irremediavelmente plantas jovens; se for demasiado tarde, as plantas podem não ter tempo para recuperar antes de iniciarem a floração.
Existem várias razões para treinar as plantas, independentemente de cultivar em interior ou exterior. O motivo mais comum é, sem dúvida, aumentar tanto a qualidade como a quantidade dos buds. Certas técnicas de treino permitem canalizar recursos para o desenvolvimento dos buds, tirando o máximo partido de cada planta. Também é importante reforçar a robustez: técnicas bem aplicadas conferem maior resistência às plantas, o que é fundamental sobretudo em cultivos ao ar livre. Por fim, se o espaço for limitado, o treino pode ser a forma de controlar o porte das plantas, mantendo-as com um tamanho gerível e compacto.
Nota sobre autoflorescentes: Dado que este tipo de canábis entra na fase de floração de acordo com a idade, muitas das técnicas descritas abaixo não são adequadas para estas plantas. No entanto, métodos como LST (Low Stress Training), defoliação ligeira e SOG podem ser utilizados com sucesso em autoflorescentes, desde que aplicados corretamente.
Técnicas para principiantes
Se está a pensar experimentar técnicas de treino em plantas de canábis, saiba que não é algo exclusivo de cultivadores experientes. Na verdade, existem métodos ideais para quem está a começar. Assim, vamos explorar algumas das técnicas de treino recomendadas para iniciantes.
Desfolha
A desfolha é uma técnica que consiste na remoção estratégica de folhas da planta, permitindo um melhor fluxo de ar e uma maior penetração de luz. Embora não cause tanto stress como outros métodos de treino, é uma abordagem simples para quem quer evoluir no cultivo de canábis. Pode parecer arriscado retirar folhas à sua planta tão especial, mas este procedimento só irá contribuir para uma colheita mais abundante e flores de qualidade superior. Apesar de o motivo deste método ser tão eficaz ainda não ser totalmente compreendido, o importante é nunca deixar a planta sem folhas (lembre-se de que são fundamentais para a fotossíntese), tornando esta técnica uma excelente opção para começar a treinar as suas plantas. Ao contrário de outros métodos, a desfolha é normalmente feita numa fase mais avançada da fase vegetativa, podendo mesmo prolongar-se até à floração.
LST
LST, conhecida também como treino de baixo stress, consiste em atar e dobrar os caules e ramos da planta. Não se trata de uma técnica de restrição, mas sim de um método que estimula um crescimento mais eficiente e produtivo. Em vez de remover folhas, o LST promove um desenvolvimento lateral, expondo mais áreas da planta à luz e evitando zonas sombreadas. Isso resulta em diversos locais aptos para a formação de flores, em vez de apenas uma grande cola central, melhorando assim a qualidade e, potencialmente, a quantidade da colheita. É uma prática simples de aprender, adequada tanto para variedades feminizadas de fotoperíodo como para automáticas.
Menção honrosa: ScrOG & SOG
Agora entramos numa parte realmente interessante; qualquer cultivador amador reconhece certamente as técnicas ScrOG e SOG (siglas de "screen of green" e "sea of green", respetivamente). Estes dois métodos são ideais para tirar o máximo partido das suas plantas e do espaço disponível para cultivo.
No caso do ScrOG, como o próprio nome sugere, utiliza-se uma rede para guiar os ramos de canábis de modo uniforme. Com este sistema, mantém-se as plantas próximas do solo e facilita-se todo o processo. Por outro lado, o SOG permite induzir a floração de várias plantas muito mais cedo do que seria habitual. Assim, as plantas ficam mais baixas e criam uma copa uniforme — uma verdadeira mar de verde. Ainda que possa parecer estranho limitar o tamanho das plantas, o objetivo do SOG é maximizar a produção por metro quadrado, em vez de ser por planta individual.
Técnicas intermédias
Se já tens alguma experiência na sala de cultivo, aplicar técnicas de treino intermédias poderá ser exatamente o que procuras. Estes métodos exigem um pouco mais de intervenção e destreza, mas não deixes que isso te desmotive — os resultados podem ser impressionantes. Com um pouco de paciência, serás certamente recompensado.
Desponte
Topping é uma técnica que consiste em cortar a ponta de crescimento da tua planta durante a fase vegetativa. Pode parecer agressivo, mas o topping estimula a planta a redistribuir as hormonas de crescimento e a criar dois novos gomos principais, o que resulta na produção de duas colas dominantes durante a fase de floração. Este processo pode levar a colheitas muito mais volumosas e a plantas mais baixas e compactas.
Além disso, podes repetir este método algumas vezes para promover ainda mais colas. No entanto, as plantas precisam de tempo para recuperar deste método de treino de alto stress (HST)—normalmente cerca de uma semana—e, por isso, a maioria dos cultivadores realiza o topping apenas 1 a 3 vezes. Embora o procedimento em si não seja particularmente complexo, é crucial acertar no timing. Se fizeres demasiado cedo, podes comprometer o desenvolvimento da planta; se for demasiado tarde, a produção na colheita será inferior. Quando aplicado na altura certa, o resultado será uma colheita generosa.
Fimming
FIM (abreviatura de “fuck, I missed”) é uma técnica semelhante ao topping, mas com uma abordagem ligeiramente diferente. Surgiu por acaso, quando um cultivador tentou fazer topping, mas errou o corte. O objetivo neste método é remover cerca de 75% do topo em crescimento da planta, em vez de cortar totalmente, o que pode originar até quatro novos caules principais e potenciar significativamente a formação de flores. Tal como outras técnicas de treino, o fimming deve ser feito durante a fase vegetativa da planta. Enquanto alguns cultivadores optam por aplicar esta técnica ainda na fase de plântula, a maioria prefere esperar até a planta apresentar três pares de folhas verdadeiras e medir cerca de 30 cm de altura. À semelhança do topping, é fundamental permitir que a planta descanse durante uma a duas semanas entre cada sessão de fimming, para garantir uma boa recuperação.
Lollipopping
Até agora, as nossas técnicas de treino têm-se focado em aparar a parte superior da planta, mas a técnica de lollipopping centra-se no fundo. Ao eliminar os rebentos mais baixos, estimulamos a planta a canalizar a energia para a produção de flores de melhor qualidade no topo. Embora este método possa deixar a planta com um aspeto mais despido, garantimos que vale bem a pena. Com uma tesoura de poda ou mesmo com as mãos, é simples remover estes rebentos, mas deve fazê-lo com atenção e cuidado. Se decidir experimentar esta técnica, avance com calma e precisão.
Técnicas avançadas
Dando seguimento às técnicas intermédias, estes métodos avançados de treino exigem, sem dúvida, alguma experiência prévia. Incluindo práticas como main-lining e utilização de treliças, as técnicas de nível avançado podem aumentar significativamente o potencial produtivo das plantas, se aplicadas da forma correcta. Tal como nas técnicas anteriores, a paciência e o cuidado são fundamentais, por isso avance sempre com calma.
Main-lining
Main-lining, também conhecida como criação de "manifold", é uma técnica que tem vindo a conquistar cada vez mais adeptos entre os cultivadores modernos. É ideal para potenciar ao máximo as colheitas e adapta-se perfeitamente a espaços reduzidos. O main-lining consiste numa combinação de desbaste do topo, aplicação da técnica ScrOG e LST, incentivando a planta a crescer lateralmente em vez de verticalmente. Assim, desenvolvem-se vários topos robustos.
Para aplicar o main-lining, remove-se toda a vegetação abaixo do terceiro nó. Desta forma, ficam apenas dois ramos opostos, originando um formato semelhante a um "Y". Amarrando cuidadosamente estes ramos, a planta distribui de forma equilibrada os nutrientes e os restantes recursos, promovendo o aparecimento de múltiplos topos que rapidamente se tornam vigorosos e repletos de flores.
Estruturação com redes (Trellising)
Ideal para plantas que gostam de crescer até alturas impressionantes, a técnica de tutoragem é normalmente utilizada em projetos de exterior. Contudo, também pode ser aplicada em espaços interiores, desde que tenha o espaço necessário! Talvez pense que a tutoragem exige estruturas volumosas de madeira, algo típico nos métodos de jardinagem mais tradicionais e elaborados. No entanto, o cultivo de canábis apresenta uma abordagem diferente. Com o uso de redes leves e armações de plástico ou arame, existe agora uma solução muito mais simples e discreta para quem quer experimentar esta técnica.
O objetivo é apoiar o desenvolvimento das plantas de forma a maximizar a produção de flores, melhorar substancialmente a circulação de ar e, ainda, otimizar o aproveitamento do espaço na área de cultivo. Ao dobrar e entrelaçar os ramos através da treliça, as plantas ganham um crescimento mais denso e estimulam a formação de múltiplas flores. Pode demorar algum tempo até dominar esta técnica, mas é inegável o valor da tutoragem no universo das técnicas de treino de canábis.
Técnicas de especialistas
Por fim, abordamos as técnicas destinadas a cultivadores experientes. Embora exijam alguma ousadia, muitos garantem que as vantagens compensam amplamente os riscos. Se procuras levar a tua perícia no treino de plantas a outro nível, descobre os três métodos que te apresentamos de seguida.
Super cropping
Super cropping pode parecer agressivo, mas é incrivelmente eficaz! Em essência, esta técnica consiste em provocar um elevado nível de stress na planta para estimular uma resposta de defesa. Esta reacção hormonal faz com que as plantas cresçam mais densas e carregadas de flores. O processo envolve dobrar cuidadosamente os ramos para danificar o tecido interno, sem os partir por completo. Requer realmente muita delicadeza — se exagerar na pressão, corre o risco de prejudicar seriamente a planta. Tal como sucede com outros métodos, o ideal é só começar o super cropping quando a planta já tiver pelo menos três conjuntos de folhas/nódulos.
Monster cropping
Já alguma vez quiseste criar os teus próprios clones de canábis em casa? Com a técnica de monster cropping, isso é perfeitamente possível. Este método consiste em retirar um corte de uma planta-mãe durante a fase de floração e depois fazer o "revegetation" desses clones. As estacas acabam por criar raízes e tornam-se plantas independentes. O processo pode exigir alguma prática, mas pode compensar bastante em termos de produção. No entanto, não é adequado para variedades autoflorescentes e pode apresentar algumas dificuldades, mesmo para cultivadores com alguma experiência.
Divisão de caules
Por fim, apresentamos uma técnica de treino bastante polémica. A divisão dos caules é um método criado por cultivadores colombianos durante as décadas de 1960 e 70, que consiste em usar uma faca para separar suavemente os caules da canábis algumas semanas antes da colheita. Mas por que razão haveria alguém de intervir numa planta tão próxima de estar pronta? Acredita-se que dividir o caule principal entre 7 a 10 dias antes da colheita estimula a produção de resina e terpenos, tornando possível obter flores de maior qualidade.
No entanto, se feito demasiado cedo, a planta pode reagir de forma bastante negativa ao stress induzido. Se já se considera um cultivador experiente e pretende intensificar o sabor e potência dos seus botões, esta poderá ser a técnica adequada para si. Caso contrário, talvez seja preferível optar por um dos métodos já abordados acima.
Pronto para experimentar as técnicas de treino?
Agora que já está a par de uma enorme variedade de técnicas de treino, desde as mais simples às mais avançadas, está na altura de experimentar as opções que mais lhe interessam e mergulhar num universo totalmente novo de cultivo de canábis. Para além de colher flores de excelente qualidade, também vai evoluir enquanto cultivador, ganhando mais confiança para projetos futuros. E quanto à escolha da variedade ideal para começar? É muito simples — visite a Zamnesia Seedshop e descubra algumas das melhores sementes disponíveis.