Guia de campo para a recolha de cogumelos mágicos

O campo é um verdadeiro paraíso para quem procura cogumelos. Cogumelos mágicos crescem espontaneamente um pouco por todo o lado, só à espera de serem descobertos por um olhar atento. No entanto, identificar estes cogumelos entre tantas outras variedades, algumas potencialmente perigosas, pode ser um grande desafio.

Para a maioria das pessoas, todos os cogumelos parecem iguais e, como se pode imaginar, o risco de confundir uma espécie com outra afasta muitos da ideia de apanharem os seus próprios cogumelos mágicos. Para o fazer em segurança, é necessário conhecimento, preparação e, acima de tudo, paciência. O guia que se segue pretende ajudar a responder a essas necessidades.

Um conselho

Como já mencionámos, a apanha de cogumelos silvestres pode ser perigosa. Certas espécies de cogumelos podem conter substâncias altamente tóxicas para a saúde, capazes de provocar falência orgânica e, em casos extremos, morte. Por isso, este guia deve ser visto apenas como uma introdução teórica para quem queira aprender sobre a apanha de cogumelos mágicos.

Se leva esta atividade a sério, sugerimos vivamente que frequente um curso de identificação de cogumelos ou se junte a um grupo especializado em apanha de cogumelos — sem revelar, claro, que o seu objetivo final é encontrar os mágicos. Esta experiência permitirá que aprofunde conhecimentos e obtenha prática com várias espécies de cogumelos comestíveis seguros, ajudando a desenvolver competências essenciais para uma identificação futura.

Não se esqueça também de que a legislação aplicada à apanha de cogumelos varia de país para país, sobretudo no caso de cogumelos frescos que contenham psilocibina. Informe-se sobre a situação legal da sua região e respeite sempre as leis em vigor.

A Zamnesia declina qualquer responsabilidade por consequências resultantes de uma utilização inadequada deste guia teórico.

Apanha de cogumelos mágicos: o essencial

Agora que já deixámos o devido aviso, está na hora de partilhar alguns conhecimentos. Antes de mais, é importante referir que identificar uma variedade específica de cogumelos pode ser extremamente difícil, mesmo para quem já tem experiência. Por este motivo, a maioria dos iniciantes prefere procurar por um género de cogumelos.

Um género agrupa espécies que partilham certas características comuns. Um exemplo bem conhecido é o género Psilocybe, onde se inserem os chamados cogumelos mágicos. Ao identificar um género, os principiantes têm mais hipóteses de encontrar aquilo que procuram, sem correrem tantos riscos de intoxicação. A partir daí, é possível aprofundar gradualmente o conhecimento.

O processo de identificação do género de um cogumelo envolve duas etapas principais: observar as suas características físicas e analisar a impressão de esporos. Ter um bom guia de campo pode ajudar bastante tanto na identificação durante a colheita como quando se recolhem impressões de esporos.

Quando começar a procurar

A melhor altura para procurar cogumelos mágicos é durante o outono, quando o tempo está húmido e fresco — não na primavera. Isto porque os meses de verão, mais quentes e secos, fazem com que o micélio dos cogumelos mágicos se expanda mais rapidamente sob a terra. Já no outono, com o regresso da humidade, o micélio dos cogumelos mágicos está pronto a produzir cogumelos em abundância, tornando-os muito mais fáceis de encontrar. Ainda é possível encontrar cogumelos sempre que as condições são regularmente húmidas, mas é a humidade após o verão que marca verdadeiramente o início da época dos cogumelos.

Localização, localização, localização

Não vale a pena simplesmente ir até à floresta local com a esperança de encontrar cogumelos mágicos — é muito provável que acabe desiludido e cansado. Para conseguir apanhar cogumelos mágicos, é essencial saber em que tipo de ambiente costumam crescer.

Por exemplo, algumas espécies do género Psilocybe preferem campos húmidos, especialmente aqueles onde há estrume de vaca, enquanto outras desenvolvem-se melhor em troncos em decomposição. Ao escolher à partida algumas espécies específicas para procurar e conhecendo os locais onde tendem a crescer, a procura torna-se muito mais eficaz. Esta abordagem é bastante mais eficiente do que vaguear ao acaso, na esperança de encontrar algo.

Observações ao pormenor

Assim que pensa ter encontrado o cogumelo mágico que procura, é altura de registar as suas características físicas. Os cogumelos crescem agrupados a partir da mesma base, ou de forma isolada? Qual é o seu tamanho? Que textura apresentam? São viscosos ou secos? Frágeis ou resistentes? Consegue ver as lâminas sob o chapéu? Estão apertadas ou mais espaçadas? Como é o caule e o chapéu? De que cor ficam ao serem magoados?

Todas estas perguntas são fundamentais para identificar um cogumelo, sendo áreas onde até especialistas podem hesitar. Por isso mesmo, o passo seguinte – fazer uma impressão de esporos – torna-se essencial. Nunca se deve confiar apenas na aparência exterior para a identificação segura.

Se, no entanto, tiver dúvidas quanto à identificação visual, tirar fotografias pode ser de grande ajuda. Fotografe sempre o cogumelo no local onde cresce e faça também imagens de pormenor das suas partes. Depois, pode partilhar essas fotos em fóruns online sobre cogumelos para pedir conselhos a pessoas experientes.

Mais uma vez, isto não substitui as impressões de esporos, mas pode ajudar a formar uma ideia geral, sobretudo se não tem certezas. Tenha também algum cuidado ao seguir conselhos na internet – os utilizadores destes fóruns não têm qualquer responsabilidade e o seu conhecimento pode variar bastante.

Verificar a impressão de esporos

A próxima etapa consiste em identificar a impressão de esporos dos cogumelos que encontrou. Este é, sem dúvida, um dos passos mais importantes, mas nunca deve ser feito sem analisar primeiro as características físicas do cogumelo.

Para fazer uma impressão de esporos, basta cortar cuidadosamente o chapéu do cogumelo, separando-o do pé com uma faca afiada, e colocá-lo com as lâminas voltadas para baixo sobre uma folha de papel. Caso o cogumelo seja conhecido por ter uma impressão de cor branca ou clara, o ideal é usar papel preto.

Deixe o chapéu sobre o papel durante cerca de 30 a 60 minutos. Passado esse tempo, retire o chapéu. Deverá ficar com uma impressão visível dos esporos. As características dessa impressão permitem normalmente identificar o género do cogumelo à vista desarmada, principalmente quando combinadas com a avaliação dos traços físicos da espécie. Para determinar a espécie ou variedade exata poderá necessitar de um microscópio e conhecimentos mais aprofundados.

É também possível obter impressões de esporos em condições estéreis para armazenar durante longos períodos, o que é útil caso deseje pedir uma segunda opinião. Além disso, estas impressões podem servir para criar culturas do cogumelo para referência futura ou análises mais detalhadas, já que é possível preparar seringas de esporos a partir de impressões estéreis.

Ver acessórios e materiais de cultivo

Cogumelos perigosos

No mundo existem milhares de espécies de cogumelos; apesar disso, apenas algumas centenas são consideradas tóxicas e, destas, apenas algumas dezenas são realmente fatais. Assim, qualquer pessoa que se dedique à recoleção de cogumelos – sejam eles comuns ou alucinogénios – deve ter extremo cuidado. Apesar de serem em menor número, os cogumelos venenosos existem e alguns aparecem com bastante frequência. O envenenamento por cogumelos é sempre algo desagradável e pode rapidamente arruinar um passatempo que, quando praticado com responsabilidade, é divertido e gratificante.

Lembre-se: este guia básico sobre a busca de cogumelos tem um propósito académico e deve servir apenas como introdução teórica. Para partir à descoberta, é fundamental juntar-se a um grupo experiente e profissional, capaz de orientar e aprofundar os seus conhecimentos de forma segura.

O segredo está em estudar a fundo as características dos diferentes géneros de cogumelos; a partir desse ponto, só pode evoluir. Aventurar-se sozinho na recoleção, sem a supervisão de alguém experiente, é arriscado e fica por sua conta e risco. Boas (possíveis) colheitas! Que sejam ricas e, sobretudo, potentes!

Luke Sholl

Luke Sholl dedica-se há mais de dez anos a escrever sobre a cannabis, o potencial dos canabinóides para o bem-estar e os benefícios naturais. Colabora com várias publicações especializadas em canabinóides, produzindo conteúdos digitais diversificados, sempre sustentados por um profundo conhecimento técnico e uma pesquisa rigorosa.

Leia a biografia completa