
O que é o peyote e porque é utilizado?
Tem curiosidade acerca do peiote? Descobre aqui a história, as origens e a utilização deste cato rico em mescalina. Desde as tribos ancestrais das Américas até aos rituais contemporâneos, o peiote continua a desempenhar um papel relevante na espiritualidade humana.
O peiote é muito mais do que um simples cato: representa uma porta de entrada para o universo dos psicadélicos e da espiritualidade. Com origens ancestrais, o peiote tem proporcionado ao ser humano, durante séculos, experiências de expansão da consciência e profundos momentos de introspeção espiritual, graças aos seus intensos efeitos psicadélicos.
Elemento fundamental em rituais antigos, o cato peiote (Lophophora williamsii) mantém-se relevante até aos dias de hoje. Contudo, o seu uso continua a ser alvo de muitos equívocos, motivo pelo qual elaborámos este guia: para esclarecer tudo sobre a planta de peiote, a sua história, efeitos, cultivo e estatuto legal.
Importa referir que este artigo não aborda detalhes específicos sobre o cultivo do peiote, a sua ingestão ou os rituais associados. Para saber mais sobre estes temas, não deixe de consultar os nossos blogs dedicados.
O que é o peiote?
Então, afinal, o que é o peyote? O peyote é o nome dado à Lophophora williamsii, um pequeno cato redondo, sem espinhos, e originário do México (especialmente do deserto de Chihuahua) e do sudoeste dos Estados Unidos. Os seus efeitos «semelhantes a uma droga» devem-se à elevada concentração de mescalina presente na planta — um composto alucinogénio natural responsável pelos efeitos únicos do peyote. Importa sublinhar que há uma diferença entre mescalina e peyote: a primeira é uma substância química, enquanto o segundo é propriamente a planta.
Embora cada pessoa tenha uma experiência diferente com a mescalina, esta é conhecida por proporcionar vivências psicadélicas profundas e introspectivas, acompanhadas por intensas alucinações visuais. A mescalina não é considerada viciante, em parte porque o organismo desenvolve rapidamente tolerância mesmo após poucos dias de uso contínuo.
Se está curioso sobre onde comprar peyote, explicamos isso em mais detalhe mais abaixo. Contudo, também é possível cultivar peyote em casa, em locais onde a sua prática é legal. Aliás, o cultivo de peyote é bastante popular, e pode saber mais consultando o nosso guia dedicado ao tema.
Como é o peyote?
Como é a planta peyote? Conhecida por vezes como "botões de peyote" devido à sua forma baixa e arredondada, o cacto Williamsii destaca-se pelo seu tamanho pequeno, forma em cúpula, tonalidade azul-esverdeada ou acinzentada e pequenas tufas de penugem branca que surgem nas aréolas. O peyote raramente ultrapassa os 7 cm de altura e pode atingir entre 4 e 12 cm de diâmetro.
Ao contrário do cacto San Pedro, conhecido pelos seus espinhos densos, o peyote não apresenta qualquer espinho. Esta planta pode florir ocasionalmente, produzindo flores rosadas ou brancas no topo, que dão origem a frutos cor-de-rosa com sementes pretas e achatadas.
As principais características do peyote incluem:
- Aparência baixa, redonda e semelhante a um botão
- Cor azul-esverdeada ou acinzentada, com superfície suave e ligeiramente cerosa
- Ausência total de espinhos
- Pequenos tufos de "lã" branca nas aréolas
Os efeitos do peyote
Como referido anteriormente, a mescalina (3,4,5-trimetoxifeniletilamina) é a substância química principalmente responsável pelo efeito psicadélico do peiote.
Com uma estrutura química semelhante à de neurotransmissores como a dopamina e a serotonina, a mescalina actua sobretudo como agonista dos recetores de serotonina 5-HT2A (os mesmos que são afetados pelo LSD e pela psilocina). Por esse motivo, quem consome peiote pode vivenciar alucinações visuais ou auditivas, bem como emoções intensas.
A experiência com peiote (como com qualquer outro psicadélico) é muito variável. Algumas pessoas podem ter revelações espirituais profundas; outras sentem uma euforia prolongada, mas também há quem passe por viagens desagradáveis marcadas por ansiedade intensa e medo. Entre os principais fatores para determinar a experiência estão a dose, o estado emocional e o ambiente.
No final da experiência, é frequente surgir fadiga, sensibilidade emocional e até alguns insights espirituais. Para tirar partido destes momentos de reflexão, muitos utilizadores experientes recomendam escrever um diário após a viagem psicadélica.
É importante referir que, embora os psiconautas comparem muitas vezes peiote e ayahuasca, tratam-se de substâncias bastante diferentes. Se quiser saber mais sobre a ayahuasca e os seus efeitos, consulte o nosso artigo.
Efeitos de curto prazo (durante a experiência):
Os efeitos do peyote costumam manifestar-se entre 30 a 120 minutos após o consumo. O auge da experiência ocorre entre 2 a 4 horas e pode prolongar-se até 12 horas. No seu ponto máximo, a vivência com peyote caracteriza-se por:
- Visões intensas, tanto de olhos abertos como fechados
- Alterações no sentido do tempo e do espaço
- Momentos de introspeção ou euforia, consoante a pessoa
- Sensibilidade sensorial aumentada, com reacção mais intensa a sons, cores e contacto físico
- Revelações pessoais ou espirituais profundas
Efeitos a longo prazo (integração após a experiência)
Como referido anteriormente, embora os efeitos psicadélicos do consumo de peyote possam desaparecer ao fim de algumas horas, as consequências podem prolongar-se durante vários dias ou até semanas após a experiência. Estes efeitos variam de pessoa para pessoa, mas há algumas reações comuns de longo prazo que os utilizadores frequentemente relatam:
- Melhoria do humor ou maior controlo emocional
- Aumento da introspeção
- Diminuição da ansiedade
- Maior sensação de positividade
Efeitos físicos secundários
Embora os utilizadores de psicadélicos apontem frequentemente os benefícios do peiote, consumir este cato pode também provocar alguns efeitos secundários desagradáveis (que, na maioria das pessoas, não são considerados perigosos). Conforme a dose e o organismo de cada um, os efeitos mais comuns incluem:
- Náuseas e vómitos (frequentes e muitas vezes vistos como uma forma de limpeza ou preparação antes da "viagem")
- Aumento do ritmo cardíaco e da pressão arterial, especialmente nas fases iniciais
- Tonturas, suores ou arrepios
- Tremores ou tensão muscular
- Perda de apetite
- Boca seca
Os riscos do peiote
Embora não seja propriamente viciante, é fundamental perceber que o consumo de peiote envolve riscos psicológicos e emocionais, tal como sucede com outras substâncias psicadélicas.
Os riscos mais significativos do peiote afetam sobretudo pessoas com historial de problemas de saúde mental. Existem estudos que sugerem que drogas psicadélicas como a mescalina podem despoletar distúrbios psiquiátricos em indivíduos com predisposição para essas condições (Simonsson et al., 2023). De modo geral, quem já teve episódios de psicose, esquizofrenia ou perturbação bipolar deve evitar completamente o uso de psicadélicos, incluindo peiote.
Por outro lado, quem toma medicamentos que interferem com a serotonina ou os seus recetores (como inibidores seletivos da recaptação de serotonina ou inibidores da monoamina oxidase) deve igualmente evitar o uso de peiote e de outras substâncias psicadélicas.
É importante lembrar que as experiências com mescalina podem incluir momentos de ansiedade, confusão, desorientação ou mesmo ataques de pânico intensos. Para algumas pessoas, o uso de psicadélicos pode trazer à superfície traumas do passado, enquanto outras podem tornar-se mais sensíveis e conscientes dos seus próprios pensamentos e memórias.
Para reduzir possíveis riscos durante o consumo de peiote, siga estas dicas essenciais de minimização de danos:
- Dê atenção especial ao seu “set” (o estado de espírito nas semanas, dias e horas que antecedem a experiência).
- Pense cuidadosamente no “setting” (o ambiente onde vai consumir peiote) e prepare-o de acordo.
- Considere ter um trip sitter, ou seja, alguém de confiança, preferencialmente com experiência em psicadélicos, a acompanhá-lo durante a experiência.
- Altere a sua alimentação nos dias que antecedem a viagem — muitos entusiastas optam por refeições leves, cruas, reduzindo o consumo de carne, lacticínios, comida processada e álcool.
- Descanse bem. Ter uma boa rotina de sono é fundamental tanto para a saúde geral como para preparar uma viagem psicadélica.
A história e relevância cultural do peiote
O peiote tem desempenhado um papel fundamental em algumas culturas há milhares de anos, sobretudo entre povos indígenas das atuais regiões do México e do sul dos Estados Unidos. Já na década de 1930, arqueólogos encontraram exemplares desta planta em grutas na fronteira entre os EUA e o México, com mais de 5.000 anos de antiguidade (Terry et al., 2006). Investigações realizadas em Coahuila, no México, também descobriram vestígios de peiote datados de 1070 d.C.
No entanto, não se deve pensar que as cerimónias com peiote pertencem apenas ao passado. A Igreja Nativa Americana continua a organizar rituais com esta planta, com o objetivo de preservar o seu uso ancestral. Embora cada cerimónia se possa distinguir, elas costumam incluir as seguintes práticas essenciais:
- Os rituais decorrem frequentemente durante a noite, em tipis ou outras estruturas tradicionais semelhantes.
- Incluem rezas, tambores e cânticos.
- Estes momentos são conduzidos por um xamã ou "roadman", que orienta os participantes na experiência psicadélica.
- As cerimónias de peiote têm como foco a cura, a espiritualidade e o fortalecimento dos laços comunitários.
Em certas regiões, o uso religioso ou cerimonial do peiote goza até de proteção legal. Os aditamentos de 1994 à American Indian Religious Freedom Act, por exemplo, legalizam explicitamente a utilização, posse e transporte de peiote por parte de membros de tribos indígenas reconhecidas (Vile, 2009). Também a DEA dos EUA isenta o uso de peiote em cerimónias da Igreja Nativa Americana das penalizações previstas no US Controlled Substances Act (The Peyote Way Church, n.d.).
A legalidade do peiote
Onde é que o peiote é legal? Tal como acontece com outros psicadélicos, a resposta não é simples e depende bastante do país ou região. Nos Estados Unidos, por exemplo, o peiote está proibido pela Lei das Substâncias Controladas, embora existam exceções para membros de tribos nativas americanas reconhecidas a nível federal.
No México, o peiote é protegido como património cultural, e algumas comunidades indígenas têm direitos legais para o cultivar e usar em cerimónias tradicionais. No restante do mundo, tanto o peiote como a mescalina são, em geral, ilegais. Caso pretenda cultivar peiote, confirme sempre se a legislação local o permite.
O que é o cato peiote: Uma planta sagrada com relevância contemporânea
Agora, quando alguém lhe perguntar "O que é o peiote?", já será capaz de responder com confiança. Saber como é a aparência desta planta vai ajudá-lo a identificá-la e a distingui-la de outras espécies, e compreender os seus efeitos permitirá que decida se faz sentido para si. Por fim, perceber as diferenças entre ayahuasca, peiote e outros psicadélicos ajudará a colocar em perspectiva o efeito de cada planta.
Se decidir explorar o fascinante mundo do peiote e da mescalina, a seleção da Zamnesia oferece-lhe uma gama criteriosa de cactos de peiote e outros produtos, garantindo confiança, ética e conformidade legal. Não deixe de consultar a gama de produtos de peiote da Zamnesia aqui, ou descubra o nosso guia de consumo de peiote para saber mais sobre a utilização deste potente cato psicadélico.
- Simonsson, Otto, Goldberg, Simon B., Chambers, Richard, Osika, Walter, Simonsson, Charlotta, Hendricks, & Peter S. (2025, Julho). Psychedelic use and psychiatric risks - https://link.springer.com
- Terry, M., Steelman, K. L., Guilderson, T., Dering, P., & Rowe, M. W. (2006/07/01). Lower Pecos and Coahuila peyote: new radiocarbon dates - https://www.sciencedirect.com
- The Peyote Way Church of God. ((n.d.)). Legality of Peyote « The Peyote Way Church of God - https://peyoteway.org
- Vile, & J. R. (2009, Janeiro 1). Free Speech Center at MTSU - https://firstamendment.mtsu.edu
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