
Como preparar-se para uma experiência psicadélica em segurança
As experiências psicadélicas tornam-se mais enriquecedoras com planeamento atento e informado. Não é preciso exagerar, mas alguma preparação pode transformar a viagem numa experiência verdadeiramente incrível. Descubra aqui como se pode preparar para uma experiência psicadélica segura.
As substâncias psicadélicas são incrivelmente diversas e surpreendentes. Independentemente das opções que escolhas ou da tua experiência, uma viagem com psicadélicos pode ser marcante e transformar-te de múltiplas formas.
Apesar de nunca conseguirmos controlar por completo uma viagem, podemos tomar algumas precauções para aumentar as probabilidades de ter uma experiência positiva. A preparação é fundamental, pois permite-te criar o estado mental e físico indicado, garantindo assim uma viagem mais tranquila e gratificante. Continua a ler para descobrires conselhos práticos sobre como te preparares devidamente para a tua próxima (ou primeira) experiência com psicadélicos.
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Compreender a importância do ambiente e do estado emocional
Set e setting são conceitos essenciais para quem está a pensar iniciar uma experiência psicadélica. Na verdade, apesar de estarem normalmente associados aos psicadélicos, estes princípios aplicam-se a todas as substâncias, e inclusivamente a actividades em que estamos sóbrios.
Set diz respeito ao estado mental, ou ao que sentimos antes de começar a experiência. De forma simples, pode ser o nosso estado de espírito. Vale a pena reflectir sobre questões como:
- Sentimo-nos alegres ou tristes? Andamos stressados ou tranquilos?
- Como têm corrido os últimos tempos? Temos tido muita coisa em mãos, ou andamos mais leves?
- Enfrentámos alguma situação difícil recentemente?
Estas reflexões resumem o conceito de "set".
Setting refere-se ao ambiente onde a viagem acontece. É muito diferente ter uma experiência em casa, com um amigo, do que numa zona comercial cheia de gente. Claramente, um destes ambientes é muito mais propício a uma experiência positiva.
Para compreender melhor o impacto do ambiente, questione-se:
- Há probabilidade de ser interrompido?
- Existe um local seguro e tranquilo onde possa estar, caso precise?
- Tem fácil acesso a comida e água?
De forma geral, dedicar tempo a organizar o set e o setting é fundamental para garantir uma experiência psicadélica agradável e segura. Ao interiorizar estes conceitos, começará a perceber instintivamente o que o faz sentir-se confortável. Com a prática, preparar o melhor set e setting torna-se algo natural.
Como escolher o psicadélico e a dose certa
Psilocibina, LSD, mescalina e DMT são consideradas as “quatro grandes” do universo dos psicadélicos. Saber como dosear estas substâncias é crucial para uma experiência segura.
A psilocibina, presente nos cogumelos mágicos e nas trufas, é geralmente vista como a mais suave destas substâncias e uma escolha indicada para quem está a começar a explorar os psicadélicos — embora, em doses elevadas, possa proporcionar experiências muito intensas. Algumas doses comuns de psilocibina incluem:
- 1 grama: Para efeitos ligeiros e viagens suaves
- 2 gramas: Para experiências moderadas com efeitos psicadélicos
- 3+ gramas: Para viagens intensas e efeitos profundos
A mescalina tem semelhanças com a psilocibina, mas muitos utilizadores consideram-na um pouco mais intensa e adequada para experiências imersivas na natureza — especialmente em ambientes amplos e abertos. As dosagens de mescalina variam tipicamente entre 200 e 500 mg, o que corresponde a cerca de 12–30 "botões" de peyote ou 250–700 gramas de San Pedro fresco.
O LSD representa um nível acima em relação à mescalina e à psilocibina — não só pela sua potência, mas também pela duração dos seus efeitos, que podem ultrapassar as 12 horas. Uma viagem típica de LSD é intensa e, apesar de geralmente ser bem recebida, tem maior probabilidade de provocar ansiedade ou confusão do que a mescalina ou os cogumelos mágicos. Os especialistas referem que uma dose média ronda os 100 microgramas (0,1 mg), mas doses de apenas 25 microgramas já produzem efeitos psicoativos.
A N,N-dimetiltriptamina (DMT), principal composto ativo da ayahuasca, está numa liga completamente distinta das restantes drogas. Não é geralmente vista como recreativa, pois tende a deixar os utilizadores praticamente imóveis durante toda a experiência. Recomenda-se tomar DMT apenas em ambientes controlados e sob a supervisão de alguém experiente e responsável. A ayahuasca é uma bebida tradicional usada por várias tribos e as doses situam-se habitualmente entre 20 e 200 ml, dependendo da tradição específica seguida.
A preparar a mente e o corpo
A preparação é fundamental para garantir uma experiência de viagem de maior qualidade. Não é preciso exageros ou rituais rigorosos—basta, por exemplo, criar uma iluminação mais acolhedora ou preparar um snack saboroso para apreciar quando começares a voltar ao normal. O importante é dar valor ao momento, dedicando-lhe alguma preparação. Se fores apanhado de surpresa, é provável que seja mais difícil sentires-te confortável durante a experiência.
Existem vários passos simples que podes seguir para te preparares devidamente. Embora não sejam obrigatórios, podem fazer toda a diferença:
- Faz algum exercício físico: Uma caminhada ou exercício ligeiro antes da viagem pode ajudar a alinhar corpo e mente, potenciando a experiência. Dá-te tempo para relaxar após o exercício, antes de consumires o que pretendes.
- Dorme bem na noite anterior: Apesar de raramente ser mencionado, este é um dos passos mais importantes na preparação para uma experiência psicadélica. Uma mente cansada raramente está pronta para o desafio. Já uma mente descansada e com energia sente-se mais preparada.
- Pratica yoga ou faz meditação: Alguns minutos de respiração e alongamentos antes da viagem podem ajudar-te a relaxar, estar presente e a sintonizar contigo próprio. Estas práticas são igualmente úteis durante a experiência.
- Alimenta-te bem: Opta por refeições saudáveis nos dias que antecedem a experiência. Vais notar exatamente como te sentes durante o efeito, e um corpo bem nutrido contribui para um estado de espírito mais positivo.
- Evita o consumo de álcool ou outras substâncias na noite (ou semana) anterior: Tenta entrar na experiência com a mente limpa e sem ressaca.
- Liberta a agenda: Resolve qualquer tarefa pendente antes da viagem, para que nada fique a pesar na tua mente. O que não for urgente, deixa para depois. O momento da viagem é para viveres o presente.
Criar um ambiente confortável
Quando se embarca numa experiência psicadélica, é fundamental garantir que o ambiente em que se encontra seja confortável e seguro. O espaço ideal será diferente para cada pessoa: muitos preferem o aconchego de uma casa com luz baixa, outros sentem-se mais à vontade ao ar livre, como numa floresta, e há quem se entusiasme com a energia de uma multidão num festival ou rave.
O mais importante é que seja você a decidir o que o faz sentir-se bem. Prepare com antecedência um local seguro e confortável, onde possa recolher-se caso o ambiente exterior se torne demasiado intenso ou se apenas quiser ficar mais reservado. Se houver dúvidas, crie um refúgio só seu.
Dê prioridade a experiências sensoriais que lhe tragam prazer e tranquilidade: música, atividades físicas ou qualquer outra proposta que sinta adequada. Evite ecrãs e, sempre que possível, a companhia de pessoas que não estejam também a partilhar a viagem consigo. A exceção a esta regra é, naturalmente, a presença de um trip sitter, responsável por acompanhar e proporcionar segurança ao longo de toda a experiência.
O papel de um trip sitter
Um trip sitter é alguém que permanece sóbrio enquanto o acompanha durante a sua viagem. O papel desta pessoa é, essencialmente, prestar-lhe apoio e garantir o seu bem-estar, permitindo que se entregue à experiência com maior tranquilidade. A sua presença tranquilizadora deve proporcionar segurança, oferecendo-lhe assim a confiança necessária para aproveitar a viagem ao máximo. Claro que o grau de segurança proporcionado depende sempre de quem escolhe para trip sitter.
Para que se sinta realmente confortável e seguro, o trip sitter deve ser absolutamente imparcial e altruísta. Se esta pessoa demonstrar aborrecimento ou esperar ser entretida, pode acabar por estragar toda a experiência. Por isso, é importante que o trip sitter compreenda e aceite totalmente o seu papel, sendo preferencialmente alguém que já tenha alguma experiência com psicadélicos.
Decidir ter ou não um trip sitter é algo muito pessoal. Algumas pessoas apreciam esta presença protetora, enquanto outras acham que pode ser distração. Não existe uma única resposta certa – faça o que considerar mais adequado para si.
Lidar com experiências difíceis e bad trips
É verdade que bad trips autênticas são bastante raras. No entanto, sentires-te desconfortável durante uma viagem psicadélica pode acontecer e faz parte da experiência. O mais importante é a forma como lidas com esses momentos. Escapar a todo o desconforto não é possível — tal como não o é na vida quotidiana. Uma má viagem acontece quase sempre quando tentas resistir à ansiedade natural, em vez de a aceitares.
A chave para enfrentar experiências difíceis é, justamente, permiti-las. Naturalmente, pode parecer assustador ou complicado, mas deixar que esses sentimentos venham e passem por ti é fundamental para superá-los. Eis algumas estratégias úteis para lidar com experiências negativas durante uma viagem psicadélica:
- Respira: Parece demasiado simples, mas faz toda a diferença. Não precisas de técnicas especiais — tenta apenas aprofundar um pouco a respiração e concentra-te no seu ritmo. Prolonga a expiração e dá-lhe atenção; vais sentir-te mais calmo.
- Dá uma volta ou alonga: O movimento ajuda, especialmente se te sentes ansioso. Sai para caminhar um pouco ou faz alguns alongamentos suaves. Isso faz com que saias da tua cabeça e te ligues ao corpo — rapidamente vais notar que o teu sistema nervoso começa a abrandar. Entretanto, o ritmo da respiração e do coração ajusta-se ao movimento e isso contribui para reduzir a ansiedade.
- Bebe água: Mantém-te hidratado, mas evita cafeína ou outras substâncias estimulantes. A água é a melhor escolha, mas também podes optar por um chá de ervas.
- Partilha com alguém: Admitir que não te sentes bem pode aliviar imediatamente a pressão. Ao partilhares o que sentes, o problema torna-se mais leve. Diz a alguém de confiança, como um trip sitter, que estás desconfortável, e provavelmente vais sentir-te menos isolado e ansioso.
- Come alguma coisa: Apesar de ainda não existirem muitos estudos sobre isto, vários relatos da comunidade psicadélica indicam que comer algo pode ajudar a atenuar os efeitos dos psicadélicos, especialmente em substâncias ingeridas, como os cogumelos mágicos.
Reflexão após a experiência
Mesmo experiências psicadélicas aparentemente superficiais podem ter impacto significativo. Independentemente de uma viagem parecer ou não transformadora, vale sempre a pena parar para refletir sobre o que foi vivido. Este momento de reflexão é especialmente importante, pois as sensações e certezas sentidas durante a experiência podem parecer óbvias enquanto estamos sob o efeito, mas podem esvair-se com o regresso à normalidade. Por isso, dedicar algum tempo a sentar, refletir e tentar exprimir em palavras aquilo que sentiu (em voz alta ou por escrito) pode ajudar a dar sentido à experiência e a integrá-la no seu dia-a-dia.
Pode optar por escrever num diário, conversar com amigos próximos ou gravar as suas próprias reflexões. Se as palavras não forem o seu forte, pode igualmente desenhar, pintar, cantar, dançar ou expressar-se de qualquer outra forma criativa que lhe pareça natural.
Juntar tudo: utilização segura de psicadélicos
As experiências psicadélicas podem ir do puro entretenimento até momentos verdadeiramente espirituais, muitas vezes combinando ambos os aspetos. Para potenciar ao máximo estas vivências, independentemente das tuas motivações, a preparação é fundamental. Não é necessário um planeamento exaustivo; basta estabelecer um pequeno ritual que marque a diferença entre o dia-a-dia e a experiência psicadélica. Da mesma forma, refletir sobre a viagem depois de terminar ajuda a criar um limite entre o "normal" e o extraordinário, facilitando a integração do que viveste no teu quotidiano.
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