Os cogumelos mágicos são viciantes?

Quando se fala em cogumelos mágicos, o que é que lhe vem imediatamente à cabeça? Normalmente, pensa-se em experiências visuais invulgares, distorção da perceção do tempo e, para alguns, momentos verdadeiramente marcantes. É bastante raro ouvir alguém falar de dependência associada a estes cogumelos psicadélicos.

Vamos diretos ao assunto: Será que os cogumelos mágicos criam dependência?

Isto não significa que os cogumelos mágicos não possam ter riscos ou causar algum tipo de dependência. Na verdade, qualquer substância pode levar ao vício, independentemente dos seus efeitos (basta pesquisar por "vícios mais estranhos" para descobrir um mundo de conteúdos curiosos online). No entanto, o que sabemos até agora é que os cogumelos mágicos não originam dependência física como acontece com muitas drogas tradicionais. Antes de explicarmos porquê, vamos perceber primeiro o que está na origem do vício.

O que leva uma droga a ser viciante?

A dependência—um desejo intenso de consumir um produto, substância ou praticar uma atividade, independentemente das consequências—pode ser classificada em duas categorias: física ou psicológica. No caso da dependência física, o organismo torna-se tão habituado à substância que já não consegue funcionar sem ela. O uso repetido provoca alterações a nível biológico.

Já a dependência psicológica é diferente: neste caso, não está ligada à substância em si, mas sim à sensação que ela proporciona. Ambas as formas de dependência podem ser igualmente debilitantes, mas é normalmente a dependência física que surge com o consumo repetido de drogas comuns—a ingestão continuada acaba por deixar o corpo incapaz de lidar com a ausência da substância.

Resumindo: não, os cogumelos mágicos não são viciantes

Felizmente, o nosso organismo desenvolveu um mecanismo notável para controlar as alterações químicas provocadas pela ingestão de cogumelos mágicos. Em vez de criar uma dependência dos efeitos causados pela psilocibina—o principal composto ativo dos cogumelos mágicos—, o nosso corpo acaba por começar a bloqueá-los! Se alguma vez tentaste consumir cogumelos mágicos em dias consecutivos, rapidamente percebeste que à segunda ou terceira vez, os efeitos quase desaparecem. Podes continuar a comer cogumelos, mas o teu corpo simplesmente não te permite voltar a ter uma experiência psicadélica.

Apesar de conseguirmos excluir a possibilidade de dependência física, existe uma hipótese de se desenvolver uma dependência psicológica em relação aos cogumelos mágicos. As propriedades enteogénicas destes cogumelos são bastante apelativas e, para algumas pessoas, a experiência pode ser demasiado boa para se abdicar dela.

Efeitos desejados dos cogumelos mágicos

Tendo em conta a possibilidade de dependência psicológica, é fundamental estar ciente dos efeitos que estes cogumelos misteriosos podem provocar. Uma experiência psicadélica positiva e bem informada é das melhores formas de usufruir dos cogumelos mágicos sem correr o risco de criar uma dependência.

Entre os possíveis efeitos dos cogumelos mágicos, destacam-se:

• Intensificação das emoções
• Facilidade de socialização e maior empatia
• Euforia cognitiva (ou seja, sensação de felicidade)
• Maior ligação entre pensamentos
• Estímulo à criatividade

Embora esta lista represente apenas uma parte dos muitos efeitos possíveis, não é de admirar que os cogumelos sejam valorizados pela sua capacidade de trazer clareza espiritual e inspirar uma vida mais leve e sem preocupações. No meio do frenesim da vida contemporânea, provavelmente todos nós beneficiaríamos de um pouco de leveza proporcionada pelos cogumelos mágicos!

Dependência psicológica

Como referimos acima, é possível alguém desenvolver uma dependência a praticamente qualquer coisa. Seja comer papel higiénico ou cheirar a cabeça de uma boneca (sim, são mesmo exemplos reais), é a sensação que essas atividades nos proporcionam que condiciona uma resposta emocional difícil de largar. A dependência psicológica está relacionada com o desejo de experimentar certas emoções e com a procura insistente pelas atividades ou substâncias que as desencadeiam. No entanto, os cientistas ainda não compreendem completamente porque é que algumas pessoas se tornam dependentes de determinados objetos ou hábitos, enquanto outras não.

Sintomas de dependência psicológica

No entanto, algo que parece ser comum entre todas as pessoas são os sintomas associados à dependência psicológica. Se te identificas com algum dos sinais abaixo, talvez seja a altura de reconsiderar a tua ligação a determinada substância ou atividade.

• Perda de apetite
• Desejos intensos (por uma substância ou atividade específica)
• Sensação de inquietação ou dificuldades em dormir (quando não tens acesso à substância ou atividade)
• Alterações de humor
• Sentir-te perturbado só de pensar em ficar sem a substância ou atividade

Como lidar com a dependência psicológica

A boa notícia é que, na maioria dos casos, a dependência psicológica é mais fácil de tratar do que a dependência física. Em vez de tentar ultrapassar o problema apenas com força de vontade, existem diversas ferramentas e iniciativas de apoio disponíveis. A ajuda pode ir desde a terapia comportamental até ao aconselhamento especializado e programas de desintoxicação. Além disso, há também inúmeros grupos de apoio e fóruns online, pelo que não precisa de enfrentar este desafio sozinho.

Sintomas de abstinência dos cogumelos mágicos

Felizmente, existe pouca evidência que indique que os cogumelos mágicos provoquem sintomas de abstinência. Os utilizadores frequentes podem reviver parte de experiências passadas através de flashbacks, mas isso tende a estar mais associado a fatores externos do que ao consumo dos próprios cogumelos. Em resumo — se deixar de consumir cogumelos mágicos, não irá sentir uma necessidade incontrolável ou difícil de gerir de os voltar a tomar.

Deve preocupar-se ao consumir cogumelos mágicos?

Agora, a grande questão: deve realmente preocupar-se com o consumo de cogumelos mágicos? Seria irrealista afirmar que estão completamente isentos de potenciais riscos ou efeitos indesejáveis. No entanto, ao considerar a forma como o organismo lida com estes compostos, adotar uma postura de equilíbrio e moderação é, sem dúvida, a melhor forma de usufruir do seu potencial de descoberta espiritual—sem criar dependências.

Luke Sholl

Luke Sholl dedica-se há mais de dez anos a escrever sobre a cannabis, o potencial dos canabinóides para o bem-estar e os benefícios naturais. Colabora com várias publicações especializadas em canabinóides, produzindo conteúdos digitais diversificados, sempre sustentados por um profundo conhecimento técnico e uma pesquisa rigorosa.

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