Porque é que a sálvia provoca experiências tão intensas?
A sálvia é um alucinogéneo atípico de enorme potência. Ganhou reputação pelas suas experiências intensas e muitas vezes desconcertantes, sendo mais utilizada como ferramenta espiritual do que para fins recreativos. Vamos analisar algumas das razões que justificam esta fama.
Salvia (Salvia divinorum) é uma planta pertencente à família da hortelã. Esta planta é conhecida por vários nomes, entre eles Folhas de Maria, a Pastora, e Maria Pastora. Também é frequentemente referida como Hortelã Divina, Sally-D ou Hortelã Mágica.
A Salvia é considerada um alucinogénio potente. Aliás, tem fama de ser um dos alucinogénios naturais mais fortes que se conhecem. O efeito é bastante intenso e não é recomendado para iniciantes no mundo dos psicadélicos.
Esta planta é especialmente comum no México, América Central e América do Sul. Povos indígenas, como os Mazatecas, utilizam tradicionalmente a Salvia em rituais religiosos e sessões de adivinhação xamânica. Nestes contextos, é obrigatório seguir regras muito rigorosas, como permanecer numa sala com pouca ou nenhuma luz enquanto se consome a substância.
Que tipo de droga é a salvia?
A salvia é uma substância conhecida por ser um alucinogénio dissociativo. Os seus principais efeitos incluem alucinações intensas, alterações de perceção e mudanças de humor. A salvia é também um potente psicotrópico, podendo causar episódios de riso incontrolável, confusão e perda da noção de identidade.
O motivo? O seu principal composto ativo é a salvinorina A, que atua sobre os recetores opioides kappa, essenciais na regulação da perceção humana.
Ao contrário da maioria dos alucinogénios de origem natural, compostos por alcaloides orgânicos com azoto, a salvia destaca-se por ser diferente e, se consumida de forma imprudente, os seus efeitos secundários podem ser perigosos.
A salvia também é classificada como um psicadélico atípico, pois não existe nenhuma outra substância igual. Entre as experiências mais comuns encontradas noutras substâncias estão fenómenos de sinestesia – mistura dos sentidos, como "ver" sons ou "sentir" cores. Alguns consumidores relatam sensações como ver através da pele em vez dos olhos – o que, curiosamente, não costuma ocorrer com a salvia.
Como a salvia afeta o cérebro
Ao contrário da maioria das substâncias alucinogénias, que actuam sobre neurotransmissores como a serotonina, o GABA e o glutamato, a salvia influencia principalmente os receptores opioides do tipo kappa no cérebro, levando à diminuição dos níveis de dopamina. Estes receptores desempenham um papel significativo na dependência de opióides; contudo, ao contrário dos opiáceos tradicionais que actuam nos receptores mu, a salvia activa os receptores kappa, produzindo efeitos distintos.
Tradicionalmente, a salvia tem sido utilizada pelos Mazatecas em viagens visionárias, jornadas interiores e práticas espirituais. Não é uma substância recreativa, e quem a consome fora do ambiente e estado mental apropriados costuma ser surpreendido de forma intensa.
Não é uma substância festiva: os efeitos secundários da salvia
Quando consumida sob a forma de planta, a salvia apresenta efeitos secundários leves. Nesta forma natural, não é considerada perigosa e casos de sobredosagem são praticamente inexistentes. No entanto, isto não se aplica ao salvinorina A pura. O principal risco relacionado com o uso das folhas de salvia é a perda de consciência do ambiente, levando a potenciais acidentes ou ferimentos. Por isso, é recomendável contar sempre com um cuidador de viagem ao consumir salvia.
Muitas pessoas relatam que a experiência com salvia pode ser intensa e até desconfortável — não se compara com outros alucinogénios. O ideal é começar com uma dose baixa. Não há indícios de que a salvia cause dependência física ou psicológica. Apesar disso, o seu uso pode tornar-se um hábito. A salvia é legal na maior parte da Europa, mas raramente é descrita por quem a utiliza como uma droga de festa.
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