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Anandamide: How Cannabis Makes You Happy
10 min

Anandamida: Como o canábis o faz sentir-se feliz

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A anandamida, ou AEA, é um endocanabinoide conhecido como a "molécula da felicidade". Mas o que significa realmente este termo, e qual a relação da anandamida com canabinoides como o THC e o CBD? Continue a ler para descobrir o que está por detrás do efeito de bem-estar associado ao consumo de cannabis.

A planta de canábis tem fascinado cientistas durante décadas, graças ao sem-fim de descobertas incríveis que ele esconde — cada uma mais surpreendente do que a anterior. Mas talvez o mais fascinante seja o que a canábis nos ensinou sobre o funcionamento do nosso próprio corpo. Para além dos canabinóides originários da planta, existe também um grupo de canabinóides produzidos pelo organismo humano. Então, qual é o verdadeiro mistério por detrás da anandamida, um dos dois principais endocanabinóides a assumir o protagonismo?

A seguir, exploramos a fundo esta chamada “molécula da felicidade”, incluindo o seu papel no organismo, a ligação com THC e CBD, e como a canábis pode contribuir para a nossa sensação de bem-estar.

O que é a anandamida?

O que é anandamida?

Apesar de o THC, o CBD e outros canabinóides de origem vegetal — os chamados "fitocanabinóides" — serem os mais falados, o corpo humano é também uma importante fonte destas moléculas. Os canabinóides endógenos, conhecidos como endocanabinóides, como a anandamida, apresentam propriedades únicas e estabelecem interações relevantes com os canabinóides das plantas.

Como surgiu o nome anandamida?

Antes de iniciar qualquer conversa sobre a anandamida—também conhecida como AEA—é importante compreender a origem do seu nome. "Ananda", palavra sânscrita que significa "alegria, felicidade e prazer", já sugere algumas das principais funções deste canabinoide produzido pelo próprio organismo. Já "amida" refere-se unicamente à estrutura química desta molécula.

Como foi descoberta a anandamida?

Curiosamente, a anandamida e o outro principal endocanabinóide, o 2-araquidonoilglicerol (2-AG), só foram identificados muito depois dos fitocanabinóides como o THC e o CBD. No início dos anos 90, ao constatarem que os fitocanabinóides se conseguiam ligar a recetores presentes no organismo humano, uma equipa de investigação liderada pelo Dr. Raphael Mechoulam conseguiu isolar, em 1992, o primeiro endocanabinóide no cérebro humano — a anandamida.

Como é que o corpo produz anandamida?

A biossíntese da anandamida inicia-se a partir da formação do seu precursor de membrana, a N-aracidonil fosfatidiletanolamina (NAPE). Este processo envolve várias enzimas e mecanismos moleculares, sendo que os neurónios produzem esta substância conforme as necessidades do organismo. Os níveis naturais de anandamida no corpo são geralmente baixos e a sua meia-vida é curta, o que significa que é rapidamente eliminada do organismo.

Porque é que a anandamida é importante?

Porque é que a anandamida é importante?

Se a anandamida existe naturalmente em concentrações reduzidas no organismo, porque é que desperta tanto interesse nos cientistas? É aqui que começamos a olhar para o papel fundamental do sistema endocanabinoide.

Constituído principalmente por dois tipos de recetores canabinoides — CB1 e CB2 — o sistema endocanabinoide tem uma função reguladora, assegurando o equilíbrio de inúmeros processos biológicos. Quando a equipa de Mechoulam (formada por Lumír Hanuš e William Devane) verificou que os fitocanabinoides conseguiam ligar-se a estes recetores, decidiu investigar a fundo esta ligação. Assim, descobriram que a anandamida possui uma afinidade de ligação bastante semelhante à de um dos canabinoides mais comuns na canábis — o THC.

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O que é o sistema endocanabinóide?

Atuando como agonistas parciais dos recetores CB1 e CB2, tanto a AEA como o THC conseguem influenciar o sistema nervoso central e o sistema imunitário, entre outros. No entanto, apesar da relação natural entre a anandamida e o recetor CB1, a ligação do THC é ainda mais forte, desencadeando alterações químicas mais significativas e duradouras. A anandamida é uma substância mais delicada e, por isso, não é capaz de provocar um “efeito de euforia” como o THC.

Para que serve a anandamida?

Como referido anteriormente, o próprio termo “anandamida” já sugere uma das suas principais funções no organismo. Este composto está presente em zonas do cérebro associadas ao prazer, à recompensa e à motivação. No entanto, também se encontra em áreas influentes na aprendizagem e memória, na alimentação e na locomoção. Alguns estudos preliminares apontam até para a capacidade da anandamida de fomentar ou desfazer ligações neurais de curto prazo, o que pode trazer benefícios à aprendizagem e ao armazenamento de memórias.

No geral, a anandamida cumpre uma função homeostática. O cérebro liberta-a conforme necessário, para garantir o bom funcionamento do sistema endocanabinoide.

Para que serve a enzima FAAH?

Compreender a relação entre a canábis, a anandamida e o sistema endocanabinoide torna-se mais evidente ao percebermos como a anandamida é metabolizada. Como já referimos, a anandamida tem uma duração curta no organismo, sendo rapidamente degradada em ácido araquidónico e etanolamina por uma enzima chamada hidrolase dos ácidos gordos amida (FAAH).

Assim, os inibidores da FAAH conseguem aumentar os níveis de anandamida no corpo, o que desperta bastante interesse científico por apresentar potenciais benefícios terapêuticos. Há até pessoas que nascem com uma mutação genética que reduz significativamente a presença natural da FAAH, resultando em concentrações muito mais elevadas de AEA. Quais as consequências? Possíveis melhorias no bem-estar, na perceção da dor, na resposta a situações de stress, entre outros.

Se os níveis naturais de AEA na maioria das pessoas são, em regra, baixos, o que aconteceria se aumentássemos a sua concentração? E de que forma poderíamos fazê-lo?

Como é que a canábis influencia a anandamida?

Como é que a canábis afecta a anandamida?

A relação entre a canábis e a anandamida é bastante complex, já que os diferentes canabinóides presentes na planta têm efeitos variados sobre esta molécula. Vamos analisar de que forma os dois principais canabinóides—THC e CBD—interagem com a AEA.

Como é que o THC afecta a anandamida?

O THC e a anandamida possuem estruturas químicas semelhantes e ambos actuam como agonistas parciais do recetor CB1; porém, quando o THC é consumido, "assume o controlo" desses recetores. Além disso, o THC consegue desencadear uma resposta do CB1 muito mais intensa, o que se traduz no típico "efeito psicoativo" sentido pelos consumidores de canábis.

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De forma mais específica, o THC interfere no funcionamento do hipocampo, córtex orbitofrontal, cerebelo e gânglios da base, levando a alterações na memória de curto prazo e na coordenação motora, entre outros efeitos. Também estimula a libertação de dopamina — em níveis bastante superiores aos que ocorrem naturalmente —, um neurotransmissor associado ao prazer, recompensa, alimentação, sexo, entre outras funções.

O impacto da canábis nos níveis de dopamina

A dopamina, um neurotransmissor produzido no cérebro, é libertada pelos neurónios para transmitir sinais elétricos de uns para os outros. Este processo está na base das decisões que tomamos diariamente. De forma simplificada, a dopamina assume um papel fundamental na motivação, no humor, na capacidade de concentração e na aprendizagem — fatores presentes no nosso dia a dia, conscientes ou não.

Mas, afinal, de que forma a canábis influencia os níveis de dopamina? É sabido que o THC, por si só, provoca alterações ao nível da motivação, do estado de espírito e da atenção. Estudos recentes indicam que o THC pode interagir tanto a curto como a longo prazo com áreas do cérebro responsáveis pela produção de dopamina, originando diferentes efeitos.

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No imediato, o THC leva a um aumento significativo da dopamina, atuando diretamente no sistema de recompensa do cérebro. É esta zona que regula sensações de relaxamento, criatividade, motivação e euforia. Sob influência do THC, observa-se uma atividade cerebral intensa, com maior libertação de dopamina. Contudo, estes efeitos são de curta duração, pois o cérebro tende a "desligar" temporariamente certos recetores de dopamina, exigindo assim doses superiores de THC para manter os mesmos efeitos ao longo do tempo.

Apesar de o consumo esporádico potenciar a libertação de dopamina, a utilização regular e prolongada pode levar a alterações negativas no sistema dopaminérgico, reduzindo a resposta ao estímulo de recompensa. Pesquisas sugerem que ingestão contínua de grandes quantidades de THC pode inclusive diminuir a produção de dopamina, dando origem a estados de humor negativos e a uma quebra de motivação.

Como o CBD influencia a anandamida?

O CBD, outro dos principais canabinóides presentes na canábis, exerce um efeito mais direto sobre a anandamida do que o THC, ainda que, de uma forma geral, se relacione de modo indireto com os recetores canabinóides. Tudo se resume à FAAH, uma enzima responsável por degradar a AEA, o que explica porque a anandamida permanece pouco tempo no organismo.

Curiosamente, o CBD inibe a ação da FAAH, permitindo que a anandamida persista durante mais tempo na fenda sináptica. Este efeito não provoca euforia como acontece com o THC, uma vez que a afinidade de ligação da anandamida ao recetor CB1 mantém-se inalterada, mas possibilita que os seus efeitos se prolonguem e tornem potencialmente mais evidentes.

A canábis pode torná-lo feliz a longo prazo?

Pode a marijuana tornar-nos felizes a longo prazo?

A questão de saber se a marijuana pode realmente contribuir para a felicidade a longo prazo é complexa e envolve vários factores. Tendo em conta as semelhanças entre o THC e a anandamida, bem como os potenciais efeitos calmantes de outros canabinóides como o CBD, é plausível que o consumo de cannabis ajude a promover uma visão mais positiva e aberta da vida. Embora se pense que a libertação de dopamina provocada pelo THC desempenhe um papel nesta sensação, as semelhanças com a AEA parecem ser ainda mais importantes no que diz respeito a melhorias de humor de longa duração.

Um estudo qualitativo realizado entre 2009 e 2010 numa prisão suíça masculina, publicado em 2013, ilustra esta ideia com as suas conclusões. Tanto os reclusos como o pessoal apontaram efeitos positivos da cannabis, como o alívio das dificuldades da vida prisional, a redução da tensão, a prevenção da violência e o seu papel como “pacificador social”. O acesso à marijuana era ainda apontado como um factor que reduz o consumo de substâncias mais perigosas entre os inquiridos. Entre os efeitos negativos mencionavam-se sonolência, isolamento social e, quando restringido, um aumento no consumo e tráfico de drogas mais duras.

Outros estudos, tanto anedóticos como em fase pré-clínica, também sugerem que a cannabis pode ajudar a elevar o ânimo de certos utilizadores, regulando o estado emocional. No entanto, o uso excessivo de THC pode levar a uma diminuição da activação dos endocanabinóides — em especial dos receptores CB1 no sistema nervoso central — dificultando a obtenção do mesmo nível de prazer com a mesma dose ao longo do tempo.

Por isso, recomenda-se muitas vezes a escolha de variedades com menos de 20% de THC e, de preferência, com uma presença significativa de CBD. Desta forma, obtêm-se não só os benefícios do THC, mas também um aumento natural dos níveis de anandamida, já que o CBD inibe a FAAH. A felicidade vai muito além da simples relação entre anandamida e cannabis, mas está demonstrado que um consumo responsável pode ajudar a encarar a vida de forma mais positiva.

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Outras formas de aumentar a AEA no organismo

Outras formas de aumentar a AEA no organismo

Para além de fumar ou vaporizar cannabis rica em THC, existem outras formas de aumentar os níveis de anandamida no organismo, recorrendo a determinados alimentos, atividades ou mesmo outros canabinoides. Alguns destes elementos possuem anandamida na sua composição ou inibem a FAAH, promovendo assim uma elevação natural dos níveis de AEA no corpo.

1. Extrato de CBD

Sim, o extrato de CBD, tal como o que se encontra em óleos de CBD, cápsulas de CBD e suplementos, é uma das formas mais eficazes de aumentar os níveis de AEA no organismo. Como referido, isto acontece porque o CBD inibe a FAAH, atrasando a decomposição da anandamida. Para além deste mecanismo, o CBD interage ainda com o sistema endocanabinoide de outras formas, ajudando a promover o equilíbrio geral do organismo.

É aconselhável optar pelo CBD em formato de extrato, em vez de fumar ou vaporizar, pois assim é mais fácil controlar a dose e ingerir quantidades mais elevadas, potenciando os efeitos desejados.

2. Consuma certos alimentos

Outras formas de aumentar a AEA no organismo: consumir certos alimentos

Muitos alimentos ricos em compostos exclusivos conseguem também influenciar os níveis de AEA no corpo.

  • Trufas pretas

As trufas pretas são organismos fascinantes por si só, mas no que toca à AEA revelam ainda mais interesse. Embora não possuam recetores de canabinoides, as trufas pretas de inverno contêm AEA, bem como várias enzimas metabólicas envolvidas no sistema endocanabinoide. Muitos especialistas sugerem que isso pode ter evoluído para atrair animais e dispersar os esporos das trufas.

  • Chocolate

Para além de conter cafeína, açúcar e teobromina, o chocolate inclui pequenas quantidades de anandamida, junto com dois compostos que dificultam a sua degradação. Esta combinação estará na origem dos tão conhecidos desejos associados ao consumo de chocolate.

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  • Raiz de maca & galanga

A raiz de maca, também chamada de ginseng peruano, contém macamidas — inibidores da FAAH com estrutura semelhante à da anandamida. É frequentemente utilizada como suplemento e possui várias utilizações na medicina tradicional e moderna.

Já a galanga, da família do gengibre e da curcuma, é típica da cozinha asiática e apresenta também usos tradicionais. Tal como a maca, actua como inibidor da FAAH, ajudando a elevar os níveis de AEA.

  • Kaempferol

Kaempferol é um dos flavonoides mais eficazes a inibir a FAAH. Está presente em frutas e vegetais comuns como maçãs, amoras, uvas, pêssegos, framboesas, brócolos, couves-de-bruxelas, pepinos, endívias, feijão-verde, alface, batatas, espinafres, abóbora, tomates e também no chá verde. Assim, uma alimentação variada e equilibrada pode aumentar os níveis de anandamida de forma natural.

  • Pimenta-preta e pimenta longa

A pimenta-preta e a pimenta longa possuem a alcaloide guineensina, que impede a reabsorção celular da AEA e do 2-AG. Além disso, acredita-se que possuam propriedades relaxantes mediadas pelos recetores canabinoides. Curiosamente, a pimenta-preta também contém o canabinoide/terpeno dietético cariofileno, que ativa o recetor CB2 e oferece benefícios próprios ao organismo.

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3. Exercício físico

Exercício

A prática de exercício físico — especialmente o de resistência — tem demonstrado aumentar de forma notável os níveis de anandamida no plasma sanguíneo. Este mecanismo está associado, em parte, à sensação conhecida como “euforia do corredor”, que durante muito tempo foi atribuída apenas à dopamina como responsável pelo bem-estar e alívio da dor frequentemente sentidos após a atividade física. Se deseja potenciar a produção de anandamida, além de outras endorfinas, apostar em práticas como corrida de longa distância, ciclismo ou outros desportos de resistência é uma excelente escolha.

4. Aumentar os níveis de oxitocina

A oxitocina, conhecida como a “hormona do amor”, pode estimular a libertação de anandamida no núcleo accumbens, como evidenciado por um estudo realizado em animais pela Universidade da Califórnia, Irvine, em 2015. A oxitocina é libertada naturalmente pela glândula pituitária durante o parto, momentos de intimidade (como abraços ou orgasmo), laços sociais e noutras situações semelhantes. Assim, atividades como o carinho físico ou até mesmo a prática de ioga podem aumentar de forma natural os níveis desta hormona associada ao prazer.

Anandamida — em resumo

O nosso conhecimento sobre a anandamida evoluiu bastante desde que este endocanabinóide foi identificado, mas ainda há muito por descobrir acerca de como podemos utilizar o cannabis para promover uma sensação de bem-estar duradouro. No entanto, ao consumir cannabis rica em THC de forma moderada, utilizar óleo de CBD, praticar exercício físico e manter uma alimentação equilibrada, é possível potenciar naturalmente os níveis de AEA!

Miguel Antonio Ordoñez
Miguel Antonio Ordoñez
Licenciado em Comunicação Social e Media, Miguel Ordoñez é um escritor experiente, com mais de 13 anos de carreira, dedicando-se à área do cânabis desde 2017. Uma investigação contínua e rigorosa, aliada à sua própria experiência, permitiu-lhe desenvolver um profundo conhecimento sobre o tema.
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