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Black Pepper & Cannabis
6 min

Pode a pimenta-preta ajudar a gerir os efeitos do canábis?

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Tanto a pimenta-preta como a canábis contêm o terpeno e canabinoide alimentar beta-cariofileno. Esta molécula ativa o recetor CB2 do sistema endocanabinoide e proporciona efeitos relaxantes e calmantes. Quando o efeito do consumo é demasiado intenso, uma dose deste terpeno pode ajudar a recuperar o equilíbrio. Descubra abaixo as variedades com maior concentração desta molécula.

A pimenta-preta e a canábis parecem plantas completamente diferentes. No entanto, apesar de uma servir para temperar a comida e a outra ter efeitos psicoativos, têm mais em comum do que imagina. Tal como a canábis, a pimenta-preta contém canabinoides — moléculas que interagem com o sistema endocanabinoide.

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Antes de pensar em adicionar pimenta-preta a um charro, saiba que este tempero não gera qualquer efeito psicoativo. Pelo contrário, um terpeno presente na pimenta-preta pode até ajudar a reduzir os efeitos psicoativos do THC. Isto pode ser útil se consumiu mais canábis do que queria, ou quando precisa de controlar melhor os efeitos do canabinoide durante as suas atividades diárias.

De seguida, vamos aprofundar esta relação e dar-lhe exemplos de variedades de canábis ricas em beta-cariofileno, o terpeno presente na pimenta-preta.

O que é a pimenta-preta?

O que é a pimenta-preta?

A maioria das pessoas reconhece a pimenta-preta como um condimento essencial que, juntamente com o sal, valoriza praticamente qualquer prato salgado. Os grãos de pimenta que encontramos nos moinhos vêm da planta Piper nigrum.

Nativa do sul da Índia, a Piper nigrum pertence à família Piperaceae. Esta trepadeira produz folhas largas e flores compridas e finas, onde crescem os tão apreciados bagos de pimenta. Após a secagem, estas pequenas especiarias viajam para cozinhas por todo o mundo, até serem moídas e polvilhadas diretamente nos nossos pratos.

O ser humano utiliza a pimenta-preta há milhares de anos, tanto para condimentar alimentos como pelas suas propriedades naturais. Por exemplo, na medicina ayurvédica da Índia, a pimenta-preta é conhecida como o "rei das especiarias", sendo considerada uma substância picante que estimula o sistema digestivo.

Por que razão a pimenta-preta faz bem à saúde

Porque a pimenta-preta faz bem à saúde

A pimenta-preta vai muito além de um simples tempero — está repleta de propriedades que trazem benefícios para a saúde. Descubra abaixo alguns dos principais motivos para adicionar pimenta-preta moída à sua alimentação.

Antioxidante

A pimenta-preta é reconhecida pelo seu elevado teor de antioxidantes. Estas moléculas circulam no sangue e neutralizam os radicais livres, partículas instáveis que provocam danos no ADN através da oxidação.

Efeito calmante

A pimenta-preta moída pode contribuir para o bem-estar intestinal ao favorecer o desenvolvimento de bactérias benéficas. Estes microrganismos ajudam-nos a tirar o máximo proveito dos nutrientes da nossa alimentação.

Colesterol

Todos sabemos os efeitos negativos de ter excesso de colesterol. A pimenta-preta pode ajudar a diminuir os níveis de colesterol, incluindo o LDL – conhecido como o colesterol "mau".

Estimula a digestão

Tal como afirmavam os antigos praticantes de Ayurveda, a pimenta-preta parece estimular a digestão e potenciar a absorção de outros compostos benéficos presentes no açafrão-da-índia e no chá verde.

Memória

Adicionar pimenta preta às refeições pode beneficiar os seus neurónios. Um estudo conduzido em ratos com neurotoxicidade induzida revelou que a pimenta preta pode melhorar a memória, tornando-a um tema interessante para investigações futuras.

A ciência dos terpenos

A ciência dos terpenos

Os terpenos são compostos aromáticos presentes em praticamente todas as plantas e são responsáveis pelos aromas característicos, como o cheiro libertado ao descascar uma laranja ou passear por um pinhal. Estima-se que existam cerca de 20 000 terpenos na natureza, sendo que aproximadamente 200 são produzidos nos tricomas das plantas de canábis.

Nas plantas, os terpenos desempenham o papel de metabólitos secundários – não estão directamente ligados ao crescimento ou reprodução da planta, mas têm uma função essencial na defesa contra pragas, na atração de insectos benéficos e na proteção contra condições ambientais adversas, como o calor excessivo.

No universo da canábis, os terpenos contribuem de forma significativa para os efeitos únicos de cada variedade. Estas moléculas interagem de modo sinérgico com os canabinóides, como o THC e o CBD — um mecanismo conhecido como efeito entourage — amplificando o seu potencial. Cada terpeno possui também as suas próprias propriedades: o mirceno, por exemplo, induz relaxamento, enquanto o limoneno proporciona uma sensação de energia e frescura.

O que é o beta-cariofileno?

O que é o beta-cariofileno?

O beta-cariofileno é um composto fascinante: trata-se de um terpeno que também atua como fitocanabinóide. Isto significa que, ao ser consumido por humanos, consegue ligar-se aos recetores do sistema endocanabinoide e desempenhar funções semelhantes às dos canabinóides clássicos como o THC, o CBD, entre outros.

Canabinóides têm estruturas moleculares parecidas com as dos endocanabinóides produzidos pelo próprio organismo, como a anandamida. Esta semelhança permite-lhes ativar, bloquear ou modular a atividade dos recetores canabinoides. Muitos dos efeitos dos canabinóides devem-se exatamente a este mecanismo: o THC, por exemplo, provoca os seus efeitos psicotrópicos ao ligar-se ao recetor CB1 e potenciar a sua atividade, enquanto o CBD tem efeito oposto, bloqueando este mesmo recetor.

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O beta-cariofileno destacou-se como canabinóide por ter a capacidade de se ligar ao recetor CB2 e estimular a sua ação — é precisamente este mecanismo que explica o impacto único desta molécula. De notar também que o beta-cariofileno é o terpeno mais comum nos extratos de canábis. Está igualmente presente noutras fontes alimentares como lúpulo, canela, cravinho-da-índia e alecrim, razão pela qual é muitas vezes chamado de canabinóide alimentar pelos cientistas.

Para além do seu efeito próprio sobre o sistema endocanabinoide, a pimenta-preta demonstra capacidade para influenciar o modo como outros canabinóides atuam nesta rede biológica. Em especial, pode ajudar a modular os efeitos psicotrópicos do THC. Ao ativar o recetor CB2, o beta-cariofileno induz uma sensação de relaxamento. Por isso, durante episódios de ansiedade ou paranoia que podem surgir após consumir demasiada canábis, este terpeno pode ser uma verdadeira ajuda. Neste aspeto, o beta-cariofileno é semelhante ao CBD, pois também reduz o limiar psicotrópico do THC.

A estratégia de mastigar grãos de pimenta-preta em situações de ansiedade provocada pelo consumo de canábis é conhecida de longa data na comunidade canábica. Hoje em dia, já existem evidências científicas a suportar esta prática. Ao modular o sistema endocanabinoide através de um recetor diferente, o beta-cariofileno pode realmente ajudar a equilibrar o estado mental.

Variedades de canábis com beta-cariofileno

Variedades de canábis ricas em beta-cariofileno

O beta-cariofileno encontra-se presente na maioria das variedades de canábis, muitas vezes em quantidades elevadas. Contudo, as variedades que apresentamos abaixo distinguem-se precisamente pela sua forte concentração deste terpeno. Se pretende estimular os seus receptores CB2 e desfrutar de uma sensação de profundo relaxamento, inclua estes buds na próxima sessão.

Jack Herer Automática

Inspirada pelo lendário autor e ativista do mundo da canábis, esta variedade presta homenagem a quem mudou a perceção global sobre a planta. A Jack Herer Automatic destaca-se pelas flores densas e resinosas, cobertas de tricomas que produzem grandes quantidades de beta-cariofileno e um teor de THC de 16%. O teor de CBD de 3% potencia ainda mais o efeito relaxante desta genética. Ideal para consumir ao final do dia, ajudando a afastar o stress, aliviar tensões e promover um estado de calma e contemplação. Depois de colocar estas sementes na terra, bastam 8 a 10 semanas até poder colher a sua própria reserva pessoal.

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Jack Herer Autoflorescente (Zamnesia Seeds) feminizada
Pais Jack Herer x Ruderalis
Genética Auto híbrido
Tempo de floração 10-11 semanas desde a sementeira até à colheita
THC 16%
CBD 3%
Tipo de floração Autoflorescentes

Jack Herer Autoflorescente (Zamnesia Seeds) feminizada

Pais Jack Herer x Ruderalis
Genética Auto híbrido
Tempo de floração 10-11 semanas desde a sementeira até à colheita
THC 16%
CBD 3%
Tipo de floração Autoflorescentes

Black Domina

A Black Domina destaca-se por apresentar dos mais elevados teores de beta-cariofileno entre todas as variedades. Este terpeno confere-lhe aromas intensos de terra e pimenta, tornando-a uma escolha excelente para criar comestíveis salgados na cozinha. Graças à sua predominância índica e níveis elevados de THC, proporciona um efeito forte, mas o seu perfil relaxante de terpenos ajuda a manter tudo sob controlo. Ideal para tardes preguiçosas em que não há planos a não ser relaxar e desligar do mundo.

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Black Domina (Sensi Seeds) Feminizada
Genética Predominância índica
Tempo de floração 7-8 semanas
Tipo de floração Fotoperíodo

Black Domina (Sensi Seeds) Feminizada

Genética Predominância índica
Tempo de floração 7-8 semanas
Tipo de floração Fotoperíodo

Tudo com moderação — incluindo a canábis

Tudo com moderação — Cannabis incluída

Este terpeno proveniente da pimenta pode ser particularmente útil quando se consome mais THC do que o desejado. No entanto, se costuma sentir efeitos secundários desconfortáveis da cannabis, convém refletir sobre a frequência do seu consumo. Embora a planta proporcione experiências únicas, é fundamental adotar o equilíbrio. Se acha que está a exagerar, talvez seja boa ideia fazer uma pausa. Quando voltar a consumir, possivelmente voltará a apreciar os benefícios da cannabis. E, caso o efeito seja mais intenso do que o esperado, experimente pimenta preta ou variedades ricas em beta-cariofileno.

Luke Sumpter
Luke Sumpter
Detentor de uma licenciatura em Ciências da Saúde Clínica, Luke Sumpter dedica-se há mais de sete anos ao jornalismo e à escrita, explorando a ligação entre a ciência e o mundo da canábis, unido pela sua paixão pelo cultivo de plantas.
Referências
  • (n.d.). (PDF) Memory Enhancing Effect of Black Pepper in the AlCl3 Induced Neurotoxicity Mouse Model is Mediated Through Its Active Component Chavicine - https://www.researchgate.net
  • Ethan B Russo. (2011, Agosto). Taming THC: potential cannabis synergy and phytocannabinoid-terpenoid entourage effects - https://www.ncbi.nlm.nih.gov
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