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A Guide To The Different Types Of Hash From Around The World
6 min

Guia dos diferentes tipos de haxixe de todo o mundo

6 min

Desde as zonas rurais da Turquia até às encostas dos Himalaias, o haxixe é amplamente produzido em toda a região do Médio Oriente até à Ásia. Neste artigo, exploramos em detalhe os vários tipos de haxixe existentes pelo mundo fora.

Os concentrados de canábis, como o BHO, estão a ganhar cada vez mais popularidade em todo o mundo. No entanto, com toda a atenção dada a extractos como shatter, crumble e budder, muitos esquecem-se do haxixe—um dos concentrados de canábis mais antigos que existem. Continue a ler para descobrir mais sobre as várias variedades de haxixe produzidas nos quatro cantos do mundo.

As origens do haxixe

As origens do haxixe

O haxixe é um concentrado de canábis com raízes antigas e presença marcante em várias culturas ao longo da História. Dos países do Médio Oriente às aldeias isoladas nos Himalaias e recantos da Índia, a produção de haxixe tem vindo a evoluir há séculos, ganhando as especificidades de cada região e fascinando quem o consome.

Foi apenas no século XVIII que o haxixe chegou à Europa, rapidamente conquistando a preferência das elites artísticas e literárias. Um dos exemplos mais conhecidos foi o "Club des Hashischins", em Paris, frequentado por nomes como Baudelaire e Balzac. Hoje em dia, o haxixe mantém-se como uma das formas favoritas de consumir canábis, graças ao seu sabor característico, textura distinta e efeitos singulares.

Diferentes tipos de haxixe pelo mundo

Apesar de a maioria das variedades de haxixe apresentarem mais semelhanças do que diferenças, cada uma proporciona uma experiência única. Descubra os vários tipos de haxixe que pode encontrar em diferentes países!

HAXIXE AFEGÃO

Haxixe Afegão

A Cannabis indica é originária do Afeganistão, onde cresce de forma selvagem por todo o território. A população afegã tem uma longa tradição no cultivo e utilização da canábis, que remonta a séculos. No entanto, foi nas décadas de 1960 e 70, com a chegada de jovens turistas pela famosa Rota Hippie, que o comércio de haxixe floresceu verdadeiramente na região. Hoje em dia, o Afeganistão destaca-se como o maior produtor mundial de haxixe.

No Afeganistão, o haxixe é conhecido como chars (diferente de charas) e o seu método de fabrico é bastante particular. Primeiro, remove-se os tricomas das flores secas de canábis para obter kief (localmente chamado garda). Este é depois colocado numa travessa metálica sobre lume brando e misturado com pequenas quantidades de água quente ou chá, até adquirir uma textura de massa. De seguida, esta massa é amassada manualmente — por vezes até com os pés — até obter uma cor negra e uma consistência densa, semelhante a fudge.

O haxixe afegão de melhor qualidade apresenta-se selado com a marca do produtor e é reconhecido pela sua potência. O seu aroma tende a ser picante e o consumo é bastante intenso para a garganta. Proporciona um efeito forte, quase narcótico, que facilmente deixa quem o consome colado ao sofá durante horas.

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CHARAS

Charas

Charas é um tipo singular de haxixe originário da Índia. A planta de canábis cresce de forma natural em várias regiões da Índia, do Paquistão e dos Himalaias, estando profundamente enraizada nestas culturas há milhares de anos. A canábis foi usada nestas zonas para fins medicinais, industriais e espirituais.

Diferenciando-se dos restantes haxixes, o charas é produzido a partir de canábis fresca. Os botões ainda vivos são enrolados entre as palmas das mãos para que, gradualmente, a resina das flores forme uma camada espessa e acastanhada nas mãos e dedos, que depois é recolhida e moldada em bolas.

O resultado é um haxixe macio e cremoso, com um exterior muito escuro e um tom castanho ou esverdeado mais claro no interior. O charas destaca-se também pelo seu aroma e sabor, fortemente apimentados. É conhecido pela sua potência e pelo efeito intenso no corpo, promovendo um relaxamento físico profundo.

Haxixe da Caxemira

Kashmiri Hash

Kashmir situa-se na região mais a norte do subcontinente indiano, sendo famosa pelo seu haxixe e ópio. Apesar de existirem poucos dados acerca do haxixe da Caxemira, acredita-se que o seu processo de fabrico seja semelhante ao do charas. Contudo, distingue-se por um aroma mais intenso, sabor mais picante e um efeito ligeiramente mais áspero ao fumar. Apresenta também maior potência e costuma proporcionar um efeito físico bastante forte.

HAXIXE LIBANÊS

Lebanese Hashish

O Líbano possui uma longa tradição associada ao haxixe. Atualmente, é um dos maiores produtores mundiais, com exportações anuais avaliadas em mais de 200 milhões de dólares. Chegou inclusive a receber recomendações da consultora internacional McKinsey & Co. para legislar a favor da cannabis, incentivando a economia local.

A principal zona de cultivo do país é o Vale do Bekaa, onde as plantas são normalmente secas ao ar livre antes de serem cortadas, adquirindo tonalidades amarelas, acastanhadas ou avermelhadas.

Depois de secas, as flores passam por peneiras para obter kief, sendo posteriormente prensadas, num método semelhante ao praticado em Marrocos. O resultado são blocos espessos de haxixe frágil de aspeto amarelo ou vermelho – normalmente vendidos como Libanês Amarelo ou Libanês Vermelho.

O haxixe libanês distingue-se pelo aroma bastante apimentado, elevada potência e fumo intenso. O Libanês Amarelo, produzido a partir de plantas mais jovens, proporciona um efeito mais cerebral, enquanto o Libanês Vermelho, feito com plantas maduras, tende a ser mais relaxante e sedativo.

HAXIXE MANALI

Manali Hash

Manali é uma das aldeias mais antigas da Índia e é especialmente reconhecida pelo seu haxixe. Situada no distrito de Kullu, Manali tem uma língua própria, que se pensa resultar de uma fusão entre tibetano e sânscrito. O cultivo e processamento de canábis é uma das principais fontes de rendimento para os cerca de 1.500 habitantes desta vila.

O haxixe produzido em Manali é conhecido como Manali Cream, considerado uma autêntica iguaria tanto na Índia como fora do país. Em cidades como Amesterdão, por exemplo, a Manali Cream pode atingir valores entre os 20 e os 30 euros.

O Manali Cream é fabricado à semelhança do charas, esfregando entre as mãos flores frescas de canábis para obter uma resina densa. O resultado é um haxixe preto, macio quando acabado de fazer, que endurece com o tempo. Os seus aromas e sabores recordam muito as flores frescas de canábis. Tal como o charas, este é um haxixe suave, oferecendo uma experiência de fumo apurada e delicada, sem as notas especiadas típicas das variedades afegãs ou libanesas.

Haxixe marroquino

Haxixe marroquino

O cultivo de cannabis em Marrocos remonta a séculos e acredita-se que tenha sido introduzido na região entre os anos 640 e 710 d.C. No século XVIII, o norte do Rif destacou-se como uma das principais zonas produtoras de cannabis do país.

Hoje em dia, o Marrocos é mundialmente famoso pelo seu haxixe, produzido através de um processo que envolve bater cuidadosamente ramos secos de cannabis sobre peneiras finas para separar os tricomas e obter kief. Este kief é depois aquecido e pressionado várias vezes até formar blocos compactos.

O haxixe resultante pode apresentar diferentes tonalidades, variando do verde-escuro ao castanho, dependendo da idade das plantas e do tempo de secagem. A sua textura também difere; o clássico haxixe marroquino em blocos tende a ser duro e quebradiço, semelhante ao chocolate. Já o haxixe marroquino de pólen é consideravelmente mais macio, com uma consistência parecida à do maçapão.

Um bom haxixe marroquino distingue-se pelo aroma intenso e agradável, e por uma suavidade sem o sabor nem cheiro picante que são típicos de outras variedades. O efeito proporciona normalmente uma sensação animadora e relaxante, tendo níveis de THC relativamente moderados.

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Haxixe nepalês

Nepalese Hash

O Nepal é uma região fascinante, situada no coração dos Himalaias. Tal como na Índia, no Afeganistão e noutras zonas próximas, a cannabis cresce de forma espontânea, tendo um papel tradicionalmente relevante nas culturas locais.

O haxixe do Nepal é produzido de modo semelhante ao charas, sendo habitualmente enrolado em grandes bolas, conhecidas como “temple balls”. A tradição nepalense, contudo, prefere utilizar flores secas em vez de frescas. Ao longo do tempo, a resina que se acumula nas mãos é recolhida e moldada até formar bolas brilhantes e características.

Este tipo de haxixe destaca-se pela sua textura pegajosa e cremosa, liberando um aroma intenso e picante. O fumo do haxixe nepalense é suave, especialmente quando comparado ao afegão, e o seu sabor é poderoso e marcante. Muito potente, proporciona uma sensação física relaxante e profunda. Tal como a Manali Cream, o temple hash do Nepal é considerado uma iguaria e está presente nas principais coffeeshops de Amesterdão.

Haxixe paquistanês

Haxixe paquistanês

Apesar de o haxixe ser ilegal no Paquistão, a sua produção é comum e encontra-se facilmente disponível por todo o norte do país, sobretudo nas regiões tribais. O haxixe faz parte da tradição paquistanesa há muito tempo e, frequentemente, destaca-se pela sua elevada qualidade.

No norte do Paquistão, os habitantes locais chamam ao haxixe de topo "Awal Namber Garda" ("pó de primeira qualidade"). O método de produção é muito semelhante ao utilizado no Afeganistão: as plantas maduras de canábis são secas, peneiradas para extrair o kief, que depois é pressionado e aquecido até formar blocos densos e pretos de haxixe. Alguns habitantes envelhecem o seu haxixe durante pelo menos três meses em peles de cabra ou ovelha, para intensificar o sabor e a potência.

O haxixe paquistanês é negro, possui um aroma bastante intenso e picante, e é conhecido por ser forte na garganta. Proporciona um efeito muito potente, prolongado e pesado, capaz de deixar qualquer um colado ao sofá durante horas.

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HAXIXE TURCO

Haxixe turco

A Turquia também é conhecida pela produção de haxixe de qualidade. Apesar de a canábis ser ilegal no país, o seu cultivo e produção são permitidos em várias regiões para fins médicos e de investigação.

O haxixe turco é feito de forma semelhante ao afegão, paquistanês ou marroquino: grandes quantidades de kief são prensadas e aquecidas até formarem blocos escuros e compactos. Quando produzido corretamente, o haxixe turco apresenta-se duro e quebradiço. O seu aroma é ligeiramente picante e proporciona uma experiência de fumo suave.

Regra geral, o haxixe produzido na Turquia tem uma potência moderada e destaca-se por provocar um efeito cerebral característico, mais subtil e menos físico do que o dos haxixes mais tradicionais. Isto pode dever-se ao facto de ser produzido a partir de plantas mais jovens.

Steven Voser
Steven Voser
Steven Voser é um jornalista independente especializado em canábis, com mais de seis anos de experiência a escrever sobre todos os aspetos da planta: desde os métodos de cultivo, às melhores formas de consumo, passando ainda pelo dinâmico setor e pelo complexo enquadramento legal que o envolve.
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