Como as substâncias podem potenciar a experiência de meditação

Meditação: o que é, porquê e como praticar?

No essencial, a meditação é uma prática destinada a desenvolver a consciência. Este treino mental implica orientar a mente para um ponto específico de atenção. Ao meditarmos, é comum que a mente se perca em ciclos de pensamentos repetitivos ou fantasiosos, fenómeno conhecido como ruminação. O objetivo da meditação não é, contudo, sentar-se em plena serenidade total; trata-se sim de reconhecer quando a mente divaga, tomar consciência dessa distração e trazê-la de volta ao momento presente.

Esta prática pode ser comparada, em certa medida, ao treino de resistência. Sempre que levanta pesos, o corpo adapta-se aumentando as fibras musculares, tornando-se mais preparado para lidar com este tipo de esforço. Do mesmo modo, cada vez que apanha a mente a divagar e a traz de regresso ao presente, está a treinar e a modificar gradualmente a estrutura do seu cérebro.

Um estudo realizado na Universidade de Harvard revelou aspetos fundamentais sobre como a meditação pode ter impacto físico no nosso cérebro, trazendo benefícios psicológicos. Durante a investigação, foram feitas ressonâncias magnéticas ao cérebro dos participantes antes e depois de um programa de oito semanas com práticas de meditação. Estas imagens mostraram um aumento da densidade da matéria cinzenta no hipocampo, uma área importante para a aprendizagem e a memória. Foi também registado um aumento de densidade noutras áreas associadas à autoconsciência, compaixão e introspeção. Em contrapartida, observou-se uma diminuição da densidade da matéria cinzenta na amígdala, região envolvida no medo, ansiedade e resposta de sobrevivência.

Outros estudos ¹ sugerem ainda que a meditação pode ajudar a melhorar sintomas de depressão, ansiedade e dor. Para além de promover uma sensação de paz interior e paciência, esta prática simples e não invasiva pode ser uma valiosa ferramenta para quem lida com estas condições, valendo a pena experimentar.

Psicadélicos e meditação

À primeira vista, psicadélicos e meditação parecem situar-se em polos opostos. Os psicadélicos podem lançar quem os consome numa experiência sensorial intensa, por vezes caótica, que afasta a mente do momento presente e a transporta para uma viagem alucinogénica. Por outro lado, a meditação procura afastar o excesso de estímulos sensoriais e centrar a mente num ponto de foco simples, como a respiração.

Apesar de estas experiências parecerem contrárias, podem complementar-se mutuamente e até produzir resultados semelhantes.

As substâncias psicadélicas têm uma longa história em várias culturas do mundo e desempenharam um papel fundamental em inúmeras sociedades indígenas. Alguns investigadores, como Terence McKenna, defendem até que estas substâncias foram determinantes para a evolução do cérebro humano. Independentemente da teoria, certos psicadélicos parecem atuar sobre as mesmas áreas cerebrais — e até sobre as mesmas patologias mentais — que a meditação.

Um estudo² publicado na The Lancet Psychiatry envolveu 12 participantes com depressão moderada a severa, que receberam cápsulas contendo psilocibina, o principal composto ativo dos cogumelos psicadélicos. Uma semana após o tratamento, 8 dos 12 participantes apresentaram uma remissão temporária. Três meses depois, 7 continuavam com melhorias nos sintomas.

Este efeito poderá relacionar-se com a forma como a psilocibina atua na chamada "default mode network" (rede de modo padrão), um conjunto de áreas localizadas no centro do cérebro envolvidas no pensamento sobre si próprio e na ruminação. Verificou-se que a psilocibina reduz significativamente a atividade neste circuito, o que poderá ser benéfico para pessoas com ruminações negativas constantes. O Dr. David Nutt, que propôs esta hipótese, afirma também³ que a psilocibina pode atuar na depressão ao estimular os mesmos recetores de serotonina, um neurotransmissor essencial para a regulação do humor, contribuindo potencialmente para um aumento rápido dos seus níveis.

Curiosamente, a redução de atividade na "default mode network" é uma das características também verificadas na meditação. Um artigo⁴ publicado na revista Cognitive, Affective, & Behavioral Neuroscience refere que a prática regular de meditação está associada a uma diminuição do pensamento autorreferente e da tendência para a mente divagar.

Além dos efeitos semelhantes no funcionamento do cérebro, psicadélicos e meditação podem ainda complementar-se a nível da experiência subjetiva. No âmbito do uso de psicadélicos, dois factores essenciais para uma experiência ideal são conhecidos como “set e setting”: “setting” refere-se ao ambiente onde ocorre a experiência, enquanto “set” diz respeito ao estado mental da pessoa.

Uma pessoa com prática de meditação poderá estar mais propensa a ter uma "boa viagem" devido a um maior volume de massa cinzenta no hipocampo, que está relacionado com bem-estar emocional. Por outro lado, uma amígdala menos desenvolvida pode reduzir respostas de medo e pânico durante más experiências. Embora não exista consenso científico absoluto nesta área, uma rotina de meditação regular pode suavizar e enriquecer a jornada psicadélica, seja ela com ayahuasca, cogumelos mágicos, sálvia, mescalina ou LSD.

Cannabis e meditação

A cannabis e a meditação complementam-se de forma notável. Muitos utilizadores desta planta podem confirmar o seu efeito em ajudar a mente a centrar-se no momento presente, favorecendo um foco intenso, pensamentos criativos e a entrada em estados de fluxo.

Praticar meditação pode não ser uma tarefa simples, especialmente após um dia cheio de stress. Nestes casos, a cannabis pode ser uma excelente aliada, facilitando a imersão no agora e afastando preocupações e pensamentos recorrentes que habitualmente dificultam a experiência meditativa.

As duas principais variedades de cannabis, indica e sativa, são reconhecidas pelos seus efeitos distintos. As indicas proporcionam um relaxamento profundo, sobretudo a nível físico, enquanto as sativas oferecem uma estimulação mental revigorante. Ambas podem ser utilizadas como ferramentas para tirar partido da meditação, ajudando a ancorar o corpo ou a impulsionar a mente, conforme necessário.

De seguida, sugerimos três variedades de cannabis ideais para experimentar antes de uma sessão de meditação.

As melhores variedades de canábis para meditação

1. Northern Light Blue Auto

Northern Light Blue Auto é uma variedade híbrida de predominância índica, perfeita para a prática de meditação. Bastam algumas passas para ajudar a mente a libertar-se de padrões de pensamento repetitivos e a alcançar o momento presente. Graças à forte componente índica, o efeito faz-se sentir principalmente no corpo, proporcionando uma sensação intensa de conforto e relaxamento. O efeito surge rapidamente e permanece durante um bom tempo. Com um teor de THC de 18%, os efeitos são bem presentes mas sem chegarem a ser demasiado intensos ou perturbadores. Cada passa de Northern Light Blue Auto é repleta de terpenos que conferem ao fumo deliciosas notas doces de mirtilos, framboesas e morangos.

Northern Light Blue Auto garante um rendimento pessoal generoso, até 500g/m² após apenas 55–65 dias de cultivo. Mantém uma altura fácil de gerir, cerca de 80cm, durante toda a fase de crescimento—ideal para quem procura discrição.

Northern Light Blue Auto (Delicious Seeds) feminizada

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Pais Northern Light Blue Auto x Blueberry Auto

Genética Indica-dominante automática

Tempo de floração 10-11 semanas desde a sementeira até à colheita

THC 18%

CBD Desconhecido

Tipo de floração Autoflorescentes

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Northern Light Blue Auto (Delicious Seeds) feminizada

Pais Northern Light Blue Auto x Blueberry Auto

Genética Indica-dominante automática

Tempo de floração 10-11 semanas desde a sementeira até à colheita

THC 18%

CBD Desconhecido

Tipo de floração Autoflorescentes

2. BLUE DREAM

A Blue Dream proporciona uma experiência um pouco diferente da Northern Light Blue Auto, mas mantém um nível semelhante de potência, com um teor de THC de 18%. É uma variedade de predominância sativa, desenvolvida na Califórnia, resultante do cruzamento das genéticas Blueberry e Haze. O efeito faz-se sentir rapidamente, com uma sensação estimulante e uma clareza mental invulgar. Esta variedade favorece a concentração e o foco, qualidades essenciais para quem procura aprofundar a meditação, uma vez que reduz as distrações e torna mais confortáveis sessões prolongadas. Além disso, o efeito é acompanhado por notas frescas de limão e terra.

A Blue Dream produz flores altas e esguias, repletas de tricomas cobertos de resina. Oferece colheitas generosas após um período de floração de 65 a 70 dias.

Blue Dream (Zamnesia Seeds) feminizada

(146)

Pais Blueberry x Haze

Genética 20% índica / 80% sativa

Tempo de floração 9–10 semanas

THC 19%

CBD 0-1%

Tipo de floração Fotoperíodo

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Blue Dream (Zamnesia Seeds) feminizada

Pais Blueberry x Haze

Genética 20% índica / 80% sativa

Tempo de floração 9–10 semanas

THC 19%

CBD 0-1%

Tipo de floração Fotoperíodo

3. Laughing Buddha

Laughing Buddha tem um nome que reflecte perfeitamente a natureza do seu efeito. Este exemplar maioritariamente sativa transmite boas vibrações e atinge rapidamente a mente, proporcionando sensações de calor, positividade e energia. Cada momento de meditação torna-se mais agradável, com uma leveza e bem-estar físico notórios. As suas flores estão repletas de terpenos aromáticos, exalando sabores e aromas a frutas doces. Pequenas quantidades de CBD trazem clareza e relaxamento ao efeito final. Esta variedade premiada resulta do cruzamento de genéticas provenientes da Tailândia e da Jamaica.

A Laughing Buddha é capaz de oferecer colheitas impressionantes, chegando aos 600g/m² em cultivos interiores, onde atinge alturas entre os 50 e os 100 cm. Após um período de floração de 70–75 dias, estará pronta para colher os seus aromáticos topos.

Laughing Buddha (Barney's Farm) feminizada

(40)

Pais Thai vs. jamaicano

Genética 30% Índica / 70% Sativa

Tempo de floração 11 a 12 semanas

THC 18%

CBD 0-1%

Tipo de floração Fotoperíodo

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Laughing Buddha (Barney's Farm) feminizada

Pais Thai vs. jamaicano

Genética 30% Índica / 70% Sativa

Tempo de floração 11 a 12 semanas

THC 18%

CBD 0-1%

Tipo de floração Fotoperíodo

Ervas que ajudam na meditação

É verdade que a canábis é uma planta realmente especial, mas não é a única que pode fortalecer a prática de meditação. Estas três ervas, ideais para preparar um chá fresco, são ótimas para acalmar a mente antes de iniciar a sua sessão.

• PASSIFLORA

Passiflora é uma planta de beleza excecional. Produz flores impressionantes, com pétalas brancas, púrpura e vermelhas, além de um estigma, ovário e antera que, juntos, formam uma estrutura quase alienígena. Esta trepadeira cresce naturalmente no sudeste dos Estados Unidos, bem como na América Central e do Sul.

A passiflora é conhecida pelos seus suaves efeitos sedativos, que ajudam a acalmar a mente. Estes efeitos devem-se⁵ a compostos químicos que se ligam aos recetores de GABA no cérebro, influenciando a recaptação de GABA. Esta ação relaxante faz desta planta uma excelente escolha para momentos de meditação.

Passiflora (80 gramas)

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Passiflora (80 gramas)

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• Sálvia

A sálvia é uma erva amplamente utilizada em práticas espirituais. Conhecida cientificamente como Salvia Officinalis, trata-se de um arbusto perene da família da hortelã, oriundo da região mediterrânica. A sálvia é muito apreciada na culinária, sendo frequentemente associada a ervas como o alecrim e o tomilho, conferindo um sabor intenso e característico a diversos pratos.

Esta planta é rica em compostos naturais, como ácidos fenólicos, flavonoides, terpenoides e polissacarídeos. Alguns destes componentes podem promover a saúde e o funcionamento do cérebro, tornando a sálvia uma excelente escolha para integrar em rotinas de meditação.

Uma análise publicada na revista Drugs in R&D ⁷ explora de que forma alguns destes constituintes podem ter efeitos protetores e potenciadores das funções cognitivas, em parte devido ao aumento dos neutrófilos, que intervêm na regulação do funcionamento cerebral.

Sálvia (Salvia officinalis) em pó biológica

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Sálvia (Salvia officinalis) em pó biológica

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• CAMOMILA

Quase toda a gente associa a sensação de conforto e bem-estar a uma chávena quente de chá de camomila. A camomila, uma planta da família das margaridas, oferece inúmeros benefícios tanto para a meditação como para o dia-a-dia. O relaxamento proporcionado por esta planta deve-se, em grande parte, ao seu efeito ansiolítico. Embora não estejam totalmente esclarecidos os mecanismos envolvidos, há estudos ⁸ que sugerem que os flavonoides da camomila podem influenciar a transmissão de neurotransmissores como o GABA, noradrenalina, dopamina e serotonina.

Estas plantas merecem ser exploradas, mas é fundamental ter em atenção possíveis interacções medicamentosas e efeitos secundários. Informe-se sempre antes de as consumir e, em caso de dúvida, fale com o seu médico.

Camomila (50 gramas)

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Camomila (50 gramas)

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Como utilizar incenso na meditação

Para intensificar a sensação de relaxamento durante a meditação, o uso de incenso torna-se um aliado perfeito. Queimar incenso consiste na combustão de materiais vegetais aromáticos, cuja fragrância preenche o ambiente e ajuda a trazer tranquilidade e foco ao momento presente. Apesar de algumas pessoas ainda associarem o incenso apenas a práticas alternativas, existem estudos interessantes, sobretudo acerca do uso de olíbano, que comprovam os seus benefícios.

O olíbano, resina extraída da planta Boswellia, quando queimado liberta uma fumaça que, ao ser inalada, provoca alterações na actividade cerebral. Está demonstrado ⁹ que este incenso é considerado psicoativo, podendo activar canais iónicos no cérebro e, dessa forma, contribuir para atenuar sintomas de ansiedade e depressão.

Claro que a exposição excessiva à fumaça não é aconselhável a longo prazo. Em alternativa, é possível recorrer a óleos essenciais ou líquidos para vaporizador, obtendo assim efeitos calmantes sem os riscos associados ao fumo.

Entre as variedades de incenso mais procuradas e apreciadas destaca-se o nag champa, à base de sândalo, ideal para criar uma atmosfera serena e propícia à meditação.

Meditação: com ou sem substâncias

A meditação é aquilo que fazes dela; não é obrigatório incluíres substâncias no teu ritual, mas as ervas e ingredientes naturais mencionados acima podem potenciar a tua experiência meditativa de várias formas. Cabe-te a ti descobrir qual se adapta melhor ao que procuras!

Luke Sumpter

Detentor de uma licenciatura em Ciências da Saúde Clínica, Luke Sumpter dedica-se há mais de sete anos ao jornalismo e à escrita, explorando a ligação entre a ciência e o mundo da canábis, unido pela sua paixão pelo cultivo de plantas.

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