LSD vs. LSA – qual é a diferença

LSD vs LSA

Miguel Antonio Ordoñez
Miguel Antonio Ordoñez
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O LSD e o LSA não partilham apenas nomes parecidos; são, de facto, substâncias químicas "irmãs". O LSA é a versão natural do LSD sintético – uma semelhança tão notável que Albert Hofmann, o criador do LSD, ficou surpreendido ao perceber o quão próximos eram na sua estrutura.

Apesar de os nomes serem parecidos, o LSD e o LSA são mais do que aparentados – são verdadeiros irmãos na química. O LSA, também conhecido como Ergina, é a versão natural do LSD, substância sintética, e a semelhança entre ambos surpreendeu até Albert Hofmann, o criador do LSD.

O LSA é aquilo a que se chama um precursor do LSD. Em termos químicos, significa que o LSA é uma substância envolvida numa reação que dá origem ao LSD. Ou seja, antes do LSD chegar à sua forma final, tem de “passar” pelo LSA. Por isso, o LSD pode ser visto como uma versão mais refinada do LSA.

A maior semelhança entre ambos está mesmo na sua estrutura molecular. O LSA (d-amida do ácido lisérgico) contém ácido lisérgico, a mesma base do LSD. A partir daqui, porém, os caminhos divergem e assumem características bem distintas.

Natural vs sintético

O LSA encontra-se naturalmente nas florestas de todo o mundo, ao passo que o LSD resulta de processos laboratoriais avançados. O LSA está mais frequentemente presente nas sementes da Hawaiian Baby Woodrose, bem como nas sementes de Morning Glory e diversas outras plantas. Normalmente, mastigam-se as sementes para extrair o LSA presente.

As sementes de Morning Glory têm uma longa tradição de utilização cerimonial entre tribos mexicanas. Usadas em rituais, estas sementes serviam como meio de estabelecer contacto espiritual com os deuses há centenas de anos.

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Semelhanças estruturais, efeitos diferentes

LSD vs LSA: Estruturalmente semelhantes, mas com efeitos diferentes

Foi o conceituado cientista Albert Hofmann, responsável pela descoberta do LSD, que isolou e identificou pela primeira vez o LSA a partir de sementes recebidas da América do Sul. Embora os efeitos psicoactivos destas sementes já fossem conhecidos localmente, só com a investigação de Hofmann se percebeu que o composto responsável era realmente o LSA. Até então, pensava-se que apenas o fungo Claviceps purpurea continha LSA.

No fundo, é apenas uma ligeira diferença na estrutura molecular que separa profundamente estas substâncias. Assim como a serotonina e a psilocibina são quimicamente aproximadas, mas têm efeitos diferentes no organismo, tanto o LSA como o LSD são psicadélicos, embora proporcionem experiências bastante distintas. O LSD de elevada pureza é frequentemente associado a uma sensação mental clara e intensa, com energia cristalina.

O LSA, por seu lado, costuma ser ingerido juntamente com todos os alcalóides presentes nas sementes, que podem ser numerosos. Por isso, é comum ocorrerem náuseas, vómitos, dores de cabeça e desconforto abdominal. Apesar de estes efeitos não serem atribuídos unicamente ao LSA, é evidente que o impacto físico do LSA é significativamente mais forte do que o do LSD. São frequentes sensações de sonolência e estados próximos do sonho. Nos primeiros testes pessoais com LSA, Hofmann relatou sentir-se letárgico e como se estivesse num estado onírico.

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Sem alternativa ao LSD

Apesar das sementes que contêm LSA terem sido utilizadas historicamente em cerimónias e práticas enteogénicas, não devem ser vistas como uma alternativa ao LSD. Embora ambas as substâncias partilhem uma composição química semelhante e o LSA possa proporcionar experiências profundas de alteração da mente, as sensações transparentes, enérgicas e estimulantes do LSD são incomparáveis. O LSA tende, por sua vez, a induzir um estado mais sedado, quase como num transe onírico.

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Miguel Antonio Ordoñez
Miguel Antonio Ordoñez
Licenciado em Comunicação Social e Media, Miguel Ordoñez é um escritor experiente, com mais de 13 anos de carreira, dedicando-se à área do cânabis desde 2017. Uma investigação contínua e rigorosa, aliada à sua própria experiência, permitiu-lhe desenvolver um profundo conhecimento sobre o tema.
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