Steven Voser

Jornalista de cannabis nomeado para os prémios Emmy

Steven Voser

Última actualização: 13 Janeiro 2021

Antes de explorarmos em detalhe as diferenças, importa compreender como é que cada um destes processos ocorre. O fumo resulta da combustão, ou seja, do contacto direto com uma chama. Quando se fuma uma planta como o tabaco ou a canábis, esta é literalmente destruída pelas altas temperaturas provocadas pelo fogo.

Já a vaporização é um processo bem mais suave. Em vez de queimar, o vaporizar aquece a planta sem chama, o que reduz significativamente a temperatura a que está exposta a erva. No caso da canábis, o calor atinge o ponto certo para que os canabinóides passem do estado sólido para o gasoso, libertando compostos ativos sem combustão.

Com os cigarros eletrónicos, apenas o líquido transportador é vaporizado. Este vapor transporta de forma eficiente a nicotina, os aromas e outros ingredientes sem necessidade de combustão.

Em que consistem o fumo e o vapor?

Quando se queima canábis, uma grande parte dos canabinoides presentes na planta é destruída pelo calor. Estudos mostram que o fumo produzido pela combustão da canábis contém 88% de substâncias sem canabinoides. Ou seja, ao fumar canábis está-se, na verdade, a desperdiçar muitos dos compostos activos desta planta. É por isso que os vaporizadores permitem poupar dinheiro; com estes dispositivos, todos os canabinoides ficam disponíveis, em vez de serem simplesmente queimados.

Ao queimar, o fumo enche-se de monóxido de carbono, alcatrão e várias toxinas prejudiciais que surgem neste processo. O monóxido de carbono, por exemplo, não existe na planta, mas é libertado quando a erva é queimada. O mesmo acontece com outros elementos tóxicos presentes no fumo, como PAHs e alcatrão.

Por outro lado, o vapor é consideravelmente mais puro. Como não existe combustão, não se formam estas toxinas. O vapor da canábis apresenta cerca de 95% de canabinoides, sendo que os restantes 5% correspondem a flavonóides e apenas um hidrocarboneto aromático policíclico. Não contém as substâncias tóxicas do fumo, proporcionando uma experiência mais limpa e eficiente.

E quanto ao cheiro?

O alcatrão libertado ao fumar faz com que o cheiro permaneça e se agarre facilmente à roupa, ao cabelo e a objetos pessoais. Quando se fuma, é fácil identificar o aroma de canábis mesmo a uma certa distância – e mesmo depois de teres fumado um charro, muitas vezes ainda cheiras a isso.

Por outro lado, como o vapor da canábis não contém alcatrão, não se entranha da mesma forma. O vapor dissipa-se muito mais depressa e tem um odor muito mais suave. Assim, o cheiro é significativamente reduzido, desaparecendo rapidamente e tornando improvável que alguém fora da sua proximidade note esse aroma.

E quanto ao fumo passivo?

Ao fumar canábis, liberta-se fumo passivo, o que pode ser útil ou incómodo, conforme as pessoas ao seu redor. Já o vapor dissipa-se rapidamente no ar, tornando-se praticamente indetetável e muito mais discreto, sendo ideal para quem quer evitar ser notado.

Em termos de saúde, a vaporização é claramente superior, pois evita a inalação de substâncias nocivas presentes na combustão do fumo. Quem opta por vaporizar, fica menos exposto a doenças respiratórias, sente-se melhor e tosse menos. Além disso, como o vaporizador preserva todos os canabinóides, é possível obter o mesmo efeito com quantidades menores de erva, o que resulta em poupança.

Discrição e mobilidade

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Uma das razões pelas quais fumar canábis continua a ser tão popular é a facilidade com que se pode transportar umas folhas e enrolar um charro. Tradicionalmente, os vaporizadores eram volumosos e pouco práticos para transportar. No entanto, a nova geração de vaporizadores veio mudar este cenário: agora, são aparelhos extremamente eficazes e bem construídos, e a maioria dos modelos de vaporizar em formato caneta não é maior do que um charro — além de ficarem prontos a usar em menos de cinco segundos.

Isto põe claramente os vaporizadores em vantagem. São compactos e fáceis de levar consigo e, sobretudo, muito discretos, já que não libertam cheiros incómodos. Pode mesmo vaporizar num espaço público, como num parque, sem suscitar suspeitas, pois parece que está simplesmente a usar um cigarro eletrónico — desde que ninguém se aproxime demasiado!