Miguel Antonio Ordoñez

Jornalista freelancer especializado em canábis

Miguel Antonio Ordoñez

Última actualização: 15 Março 2022

Há muito utilizada em práticas tradicionais asiáticas e africanas, a velvet bean (Mucuna pruriens) é conhecida pelos seus efeitos notáveis no organismo humano. Esta planta contém um precursor natural da dopamina, o "hormona da felicidade", fundamental para funções cognitivas, emoções e regulação do humor.

O que é a Mucuna pruriens?

Mucuna pruriens é uma planta tropical originária de África e da Ásia, também conhecida por feijão-capucho de Bengala, feijão-capucho da Florida, feijão-capucho das Maurícias, feijão de Lyon, cowage ou cowitch.

O feijão-capucho faz parte do grupo das plantas adaptogénicas, conhecidas por ajudar o organismo a lidar com o stress e promover o equilíbrio físico e mental. Na medicina ayurvédica tradicional, é frequentemente utilizado de forma holística para apoiar corpo e mente. Quando tomado como suplemento, pode contribuir para uma maior concentração, relaxamento e bem-estar emocional.

Feijão-capucho: informações botânicas

A fava-de-mucuna é uma leguminosa tropical, sendo o fruto ou semente de uma planta pertencente à mesma família das ervilhas e dos feijões. Originária do sul da China e do leste da Índia, é amplamente cultivada em várias regiões de África e da Ásia, onde prefere solos arenosos e requer uma estação de crescimento prolongada.

A planta produz flores brancas, lilases ou roxas, formando vagens que podem atingir até 15 cm de comprimento, cada uma contendo entre 3 a 6 sementes. Estas vagens estão cobertas por pelos alaranjados, semelhantes a cerdas, que podem provocar comichão intensa ao contacto com a pele; daí também ser conhecida como "cowitch".

Ingredientes activos e efeitos

O composto mais relevante da Mucuna pruriens é a ʟ-DOPA, um aminoácido essencial para o cérebro produzir dopamina, uma hormona e neurotransmissor fundamental na regulação da motivação, prazer e emoções. Quando o organismo não consegue sintetizar dopamina em quantidade suficiente, podem surgir sintomas como fadiga, dificuldades de aprendizagem e falta de concentração. Estudos indicam que a suplementação com feijão-de-veludo pode aumentar os níveis de dopamina em humanos.

Feijão-de-veludo | Mucuna pruriens

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Feijão-de-veludo | Mucuna pruriens

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A Mucuna pruriens pode ser benéfica para diversas pessoas: acredita-se que a ʟ-DOPA atue como um nootrópico natural, promovendo uma melhoria da função cognitiva, da memória, da criatividade e da motivação. Com propriedades energizantes e de elevação do humor, o feijão-de-veludo é também reconhecido como um afrodisíaco natural eficaz.

Benefícios do feijão-de-veludo

A dopamina é um neurotransmissor essencial no nosso cérebro. Juntamente com outras substâncias como a serotonina e o estrogénio, é por vezes apelidada de “hormona da felicidade”.

Quando o feijão-de-veludo é utilizado como suplemento, foi demonstrado que eleva os níveis de dopamina no sistema nervoso e no cérebro, proporcionando vários efeitos positivos.

Relaxamento e humor

Numa investigação publicada em 2014, foi analisado se a Mucuna pruriens poderia promover relaxamento em ratos submetidos a testes que induziam tensão. Recorrendo a diferentes métodos experimentais e formas de administração, os cientistas concluíram que o extrato de Mucuna pruriens produziu um efeito positivo significativo.

Existem também indícios de que a velvet bean pode beneficiar o bem-estar emocional. Em testes realizados com ratos a quem foi administrada Mucuna pruriens, os investigadores observaram um aumento da atividade e uma diminuição dos períodos de imobilidade, de modo semelhante a abordagens já estabelecidas e reconhecidas.

Função cognitiva e aprendizagem

Ao longo de mais de 2.000 anos, diferentes culturas recorreram à Mucuna pruriens como um potenciador natural do desempenho mental, ajudando a aumentar a clareza, o foco e a capacidade de responder rapidamente. A ciência moderna vem agora confirmar aquilo que tantas pessoas já intuíram ao longo dos séculos.

Numa investigação relevante, um grupo de oito adultos jovens recebeu doses únicas de 200 mg de ʟ-DOPA, antes de serem avaliados num teste de tempo de reação. Os investigadores verificaram que tanto o tempo de reação como o tempo de resposta motora daqueles que tomaram ʟ-DOPA foi mais curto comparativamente ao grupo placebo.

Outros estudos procuraram perceber se o ʟ-DOPA poderia ter impacto positivo na aprendizagem. Num ensaio duplamente cego, controlado por placebo e publicado em 2015, um grupo recebeu 100 mg de ʟ-DOPA e outro um placebo.

Os resultados mostraram que, ao longo de cinco sessões, quem tomou ʟ-DOPA revelou uma recordação superior de novas palavras em relação ao grupo placebo. Estes dados sugerem que a dopamina facilita a aquisição inicial de vocabulário e reforça a consolidação de conteúdos associados a informações semânticas, o que está em linha com o benefício dopaminérgico sobre a qualidade da aprendizagem.

Estes resultados constituem uma forte evidência do poder nootrópico e estimulante cerebral associado à Mucuna pruriens.

Como afrodisíaco

No que diz respeito aos alegados benefícios do consumo de velvet bean para estimular a libido, muitos utilizadores relatam que a Mucuna pruriens os coloca no ‘clima para o romance’. Também se sugere que, quando combinada com Passiflora incarnata (flor da paixão), potencia ainda mais as propriedades afrodisíacas do velvet bean.

Passiflora (80 gramas)

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Utilização tradicional

Nas culturas asiáticas e africanas, a mucuna é reconhecida como um superalimento tradicional e uma planta com propriedades holísticas. Nos Himalaias e nas Maurícias, as vagens e os grãos da planta são cozidos e servidos como refeição. Já na Guatemala e no México, os grãos de mucuna são torrados e moídos, preparando-se uma bebida semelhante ao café.

Na Ayurveda, medicina tradicional indiana, a mucuna possui grande relevância, ajudando a equilibrar os três doshas ayurvédicos: vata, pitta e kapha, responsáveis por dar energia e nutrir corpo e mente. A mucuna é frequentemente utilizada para melhorar o bem-estar emocional, aumentar a massa muscular, favorecer um sono reparador, apoiar a digestão, entre outros benefícios.

Cultivo de mucuna pruriens

A mucuna pruriens é uma planta de fácil manutenção, tornando-se simples de cultivar em casa. O ideal é semeá-la na primavera ou no verão, quando já não há risco de geada e a temperatura do solo atinge pelo menos 18°C. Enterre as sementes em solo bem drenado, a uma profundidade entre 1 e 5 cm.

Esta planta necessita de poucos nutrientes adicionais para além dos que o solo já fornece. No entanto, pode beneficiar da adição de fósforo. Em condições favoráveis, as trepadeiras da mucuna podem crescer bastante, atingindo facilmente 4 a 5 metros de altura, sobrepondo-se a outras plantas nas proximidades. As raízes desenvolvem-se ainda mais.

Se pretende colher as vagens frescas, estas estão prontas quando os feijões no seu interior estiverem completamente desenvolvidos, mas antes de as vagens secarem totalmente. Caso deseje obter apenas as sementes, por exemplo, para produzir pós ou bebidas, basta deixar as vagens secarem ainda agarradas à planta e colhê-las quando estiverem duras.

Atenção ao colher! Apesar de algumas variedades de mucuna já não terem os pelos urticantes, muitas continuam a apresentá-los — e é fundamental evitar o contacto destes com a pele exposta. Se estiver a cultivar estas variedades, utilize sempre luvas e assegure-se de que crianças e animais não se aproximam da planta.

Como utilizar a mucuna pruriens

Como utilizar o feijão-de-veludo

As sementes e folhas do feijão-de-veludo possuem propriedades nootrópicas e podem ser transformadas em pós e extratos. Existem várias formas de aproveitar o feijão-de-veludo.

Coloque as vagens verdes frescas numa panela com água e sal. Deixe ferver até amolecerem e começarem a abrir. Evite consumir as cascas, pois contêm uma toxina que pode causar mal-estar! Já as sementes são macias, com um sabor suave a frutos secos.

Se preferir secar o feijão-de-veludo, deixe as vagens na planta até endurecerem. Depois, pode torrar e moer as sementes como se fossem grãos de café, preparando assim uma bebida de sabor semelhante ao café.

O pó obtido a partir das sementes torradas é uma forma prática de consumir o feijão-de-veludo como suplemento. Basta misturar um pouco do pó em água, sumo ou iogurte, tendo o cuidado de não ultrapassar a dose diária máxima recomendada de 5g (1 colher de chá).