O que é Amanita muscaria?

Luke Sumpter

Jornalista especializado em canábis e investigador em ciências da saúde

Luke Sumpter

Última actualização: 19 Março 2025

A Amanita muscaria é uma espécie de cogumelo bastante comum em grande parte do hemisfério norte. Os cogumelos distinguem-se facilmente pelo chapéu vermelho ou amarelo vivo, decorado com manchas brancas (estas manchas tendem a desaparecer com a chuva). O micélio deste cogumelo forma uma relação simbiótica com as árvores.

É possível encontrar Amanita muscaria junto de bétulas, pinheiros ou abetos, tanto na América do Norte e do Sul como em toda a Europa, na Ásia setentrional e no oeste do Alasca. No entanto, já foi igualmente descoberta em simbiose com eucaliptos na Austrália, em florestas de tílias na Noruega e em áreas florestais mistas. A maioria das referências em micologia classifica a Amanita muscaria como tóxica e raramente é usada com fins psicadélicos.

O nível de toxicidade e os efeitos destes cogumelos são bastante imprevisíveis e, tal como nos cogumelos mágicos, pode variar imenso ou até não provocar qualquer efeito. Apesar disso, várias culturas tradicionais fizeram e fazem uso deste cogumelo — altamente subestimado — pelos seus compostos psicoativos, nomeadamente o muscimol e o ácido iboténico. Enquanto algumas sociedades valorizavam as propriedades psicadélicas, outras relegaram-no ao papel de repelente de moscas, daí o nome vulgar "Agarico-das-moscas".

Amanita muscaria: Aspeto

A Amanita Muscaria distingue-se pelo seu chapéu de cor vermelha intensa, que pode variar até tons mais escuros semelhantes ao sangue. O diâmetro do chapéu oscila entre 5 e 30 cm (2 a 10 polegadas). Quando é jovem, o cogumelo encontra-se totalmente coberto por uma película branca, que, à medida que amadurece, se rompe e origina as típicas verrugas brancas (por vezes amareladas). Estas verrugas podem ser removidas por chuvas intensas ou repetidas.

A cor do chapéu pode desvanecer consideravelmente com a exposição solar direta, após chuvas fortes, ou à medida que o cogumelo envelhece. A Amanita Muscaria pode crescer em círculos concêntricos, mas também aparece de forma isolada ou dispersa.

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Amanita Muscaria: Composição química

O Amanita muscaria contém ácido iboténico (ácido alfa-amino-3-hidroxi-5-isoxazoleacético), muscimol (3-hidroxi-5-aminometil isoxazole) e possivelmente muscazona, sendo o muscimol considerado a principal substância activa. Após a ingestão, parte do ácido iboténico transforma-se em muscimol através de um processo de descarboxilação, originando assim o efeito intoxicante característico.

Amanita muscaria: efeitos

Uma experiência com Amanita Muscaria é completamente distinta de uma com mescalina, LSD ou psilocibina. Entre os efeitos mais comuns, destacam-se alterações profundas na audição e no paladar, mudanças na perceção visual e sensorial, sensação de profunda tranquilidade mental e euforia intensa. Entre os efeitos secundários conhecidos estão a salivação excessiva, ataxia e, por vezes, aumento ligeiro da transpiração.

Amanita Muscaria provoca — tal como os chamados cogumelos mágicos — estados de consciência imprevisíveis e, frequentemente, surpreendentes, pelo que deve ser utilizada apenas por pessoas com experiência. O efeito pode durar entre 4 e 10 horas.

Amanita Muscaria: Variedades

No mercado, existem extratos de Amanita Muscaria disponíveis comercialmente – sendo a sua dosagem cerca de dez vezes mais potente do que a dose comum dos cogumelos secos. Graças à textura fina destes extratos, é muito mais fácil medir a quantidade exata, ao invés de ter de calcular experimentalmente quantos chapéus de cogumelo seco seriam necessários consumir.

Amanita Muscaria: Utilização

Normalmente, os cogumelos secos são consumidos ao natural. Outra forma popular de preparação envolve aquecer água até perto do ponto de fervura, cerca de 88 °C (190 °F; sem deixar ferver), e depois adicionar o extrato de cogumelo. Deixa-se esta mistura em lume brando durante 30 a 60 minutos, mexendo bem, e consome-se o preparado no final. Embora o sabor dos cogumelos seja considerado aceitável por alguns, há quem não o tolere e prefira ingerir a sua dose em cápsulas gelatinosas.

A secagem dos cogumelos é fundamental para garantir que o efeito pretendido seja alcançado – este processo não só potencializa a eficácia, multiplicando o efeito entre 5 e 6 vezes ao transformar o ácido iboténico em muscimol, como também reduz a ocorrência de efeitos secundários.

Amanita muscaria: dosagem

Para uma primeira experiência, recomenda-se uma dose de até 5 gramas, ajustando gradualmente até atingir o efeito pretendido. Entre 5 e 10 gramas (equivalente a 1 a 3 cogumelos de tamanho médio) proporcionam uma experiência de intensidade média, enquanto doses entre 10 e 30 gramas (2 a 6 cogumelos médios) já são consideradas elevadas.

Os efeitos podem começar a sentir-se cerca de 30 minutos após a ingestão, embora o tempo varie muito de pessoa para pessoa. O ácido iboténico produz efeitos em doses orais de 50 a 100 mg e o muscimol entre 10 e 15 mg.

Amanita muscaria: advertências

Não se recomenda o consumo de Amanita Muscaria a quem não tem qualquer experiência com cogumelos psicoactivos – os seus efeitos são completamente imprevisíveis e os extratos caseiros podem variar muito em potência.

Os efeitos da Amanita Muscaria diferem bastante de pessoa para pessoa e dependem do metabolismo individual, bem como da rapidez e quantidade com que o ácido iboténico se transforma em muscimol. Há muitos relatos de pessoas a descreverem as experiências com Amanita Muscaria (ou Amanita Pantherina) como pouco agradáveis.

O uso de Amanita Muscaria exige um conhecimento aprofundado – apesar de algumas espécies serem muito parecidas com as "boas", nem todas são psicoactivas, algumas são comestíveis e outras, dentro do género Amanita, podem ser mortais. Certifique-se sempre, sem margem para dúvida, de que está a consumir a espécie correcta!

Amanita Muscaria: cultivo e armazenamento

A ligação simbiótica entre o cogumelo e as árvores hospedeiras torna impossível cultivar Amanita Muscaria em laboratório. Contudo, se tiver no jardim ou na zona envolvente as árvores adequadas, pode recolher alguns chapéus (frescos ou secos) em plena libertação de esporos, cortá-los em pequenos pedaços e misturá-los no solo próximo destas árvores. O principal período de crescimento do micélio decorre na Primavera e Verão, sendo que a frutificação se inicia no Outono, dependendo da humidade do solo.

Os cogumelos secos podem ser conservados durante bastante tempo, embora a sua potência comece a diminuir passados alguns meses. Guarde-os sempre num local seco.